Faltando pouco menos de duas semanas para a advocacia capixaba ir às urnas, a mais recente pesquisa de intenção de votos registrada e as análises do mercado jurídico-político confirmam um único cenário possível de desfecho para as eleições gerais da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Espírito Santo: apenas o atual presidente José Carlos Rizk Filho e a advogada Érica Neves têm chances de vitória. Érica é, portanto, o único nome da oposição capaz de deter o terceiro mandato consecutivo que o advogado Trabalhista busca. Quando eleito pela primeira vez, Rizk jurou que não disputaria uma segunda reeleição. Descumpre, assim, um compromisso assumido com antigos aliados e com a categoria.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Orizzonte Pesquisas. Foi feita entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro de 2024 e entrevistou 500 advogados registrados na OAB/ES por meio de ligação telefônica. No dia 7 deste mês, a OAB/ES realizou uma apresentação pública sobre as Eleições Online da OAB 2024 para advocacia capixaba. O evento foi conduzido pela Comissão Eleitoral, através do presidente Walterleno Maifrede Noronha, com a presença on-line da Webvoto – empresa responsável pelo processo eleitoral – e da empresa de auditoria The Perfect Link. Pela primeira vez na história, a Ordem capixaba realizará o pleito de forma totalmente online.
Ouvidos pelo ‘site’ Blog do Elimar Côrtes, observadores políticos elencam a seguir quatro contextos que mostram o desenho final das eleições gerais para a OAB/ES, marcadas para o dia 22 de novembro de 2024:
1) A própria pesquisa, a última registrada dentro do prazo legal, já diz isso: no cenário estimulado, em que é apresentada uma lista de candidatos aos eleitores, Rizk Filho aparece com 27% das intenções de votos, contra 26,6% de Érica. A diferença mínima entre os dois candidatos evidencia uma disputa apertada. Eles estão empatados. “Ben-Hur Farina, com 14,6% das intenções de votos e José Antônio Neffa Junior, 11,4%, têm muitas dificuldades de crescimento e de vitória. É matematicamente muito difícil que eles consigam uma virada faltando tão pouco tempo, partindo do princípio que mais da metade da advocacia já decidiu por Érica e Rizk”, analisa um observador do mercado político.
2) A apuração de votos que virá do interior deixará, desta vez, a oposição mais forte, analisa um ex-presidente de Subseção influente no interior, mas que preferiu não participar de nenhuma chapa. “Érica conseguiu algo surpreendente para quem não é situação: montar 17 chapas de Subseção, em todas as regiões do Estado. As fotos e vídeos que chegam dos seus lançamentos de chapa pelo interior são impactantes: de fato, ela reúne muita gente. Rizk também reúne? Reúne, mas com uma força que nem de longe parece aquela que ele tinha há três anos. E aí também que Neffa enfraquece mais: a força dele no interior é mínima”, analisa.
3) Um observador com ótimo trânsito no edifício Ricamar, também ouvido pelo ‘site’ Blog do Elimar Côrtes, revelou como está a impressão do resultado da Grande Vitória: “Em Cariacica, Kelly Andrade e Monique Neves devem surfar com alta votação, implicando votos em Érica. Ben-Hur montou uma chapa, que tem boa presença em porta de Fórum, mas não tão competitiva. Na Serra, por mais que tenha uma divisão acirrada de três chapas e que estão deixando o clima tenso, Ítalo Scaramussa deve levar, também pedindo voto na dobradinha com Érica. Vitória e Vila Velha, de fato, são um mistério para todos, e um campo difícil para qualquer candidato. Vila Velha é a Minas Gerais da eleição. Será ruim para Neffa, que apesar de presidir a Subseção da cidade, teve seu grupo rachado. Para Rizk também: os votos que ele teve há três anos, fazendo dobradinha com Neffa, não vem para mais para ele. E Érica precisa suar muito a camisa para pedir voto – e logo”, projeta.
4) Um analista de pesquisas que presta serviços para chapas que disputam a OAB/ES há mais de 10 anos vai além: “É uma eleição, de fato, com boas notícias para Érica. Não tem como negar. Rizk, como boa candidatura de situação, tem musculatura e gingado de campanha, mas a história do terceiro mandato e a rejeição vão impactar na urna. A eleição do Quinto Constitucional, com tantas mulheres na lista duodécima, é um presságio da eleição da Ordem. E o alto número de votos na semana passada, para a escolha do desembargador, também deve se refletir em alta presença nas urnas no dia 22. A advocacia pode esperar uma saraivada de ataques nessa reta final, como o que aconteceu contra a doutora Kelly Andrade. No caso dela, tiro pela culatra: afirmo sem medo de errar que muitos votos femininos foram parar na conta da presidente de Cariacica. Acredito que Lígia Mafra [candidata a vice-presidente] é um bom ativo na campanha de Ben-Hur, mas não é suficiente para uma virada. Neffa, apesar de estar fazendo o dever de casa, se preparou tarde: falta capilaridade de interior e estrutura”.