Uma operação do Ministério Público do Estado do Espírito Santo está em curso para investigar dois juízes estaduais, um advogado, um deputado estadual e dois empresários. O grupo é suspeito de participar de um esquema de venda de sentenças para favorecer os donos de uma empresa. Na sexta-feira (18/06) surgiu informação de que o MPES teria cumprido mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados, o que foi negado pelo Parquet. De todo modo, na quinta-feira (17/06) a desembargadora Elizabeth Lordes acolheu pedidos do MPES e deferiu medidas cautelares em desfavor dos investigados.
A investigação tramita em segredo de Justiça por terem sido quebrados sigilos telefônicos e bancários dos investigados. Às 12 horas de sexta-feira (18/06) o Blog do Elimar Côrtes encaminhou demanda para as Assessorias de Imprensa do Tribunal de Justiça e do Ministério Público. Duas horas depois, a Assessoria do TJES respondeu a demanda, dizendo apenas que não poderia dar informações sobre processos que tramitam em segredo de Justiça. Às 22 horas do mesmo dia, o MPES informou o Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) não realizou “nenhum cumprimento de mandados de prisão e nem de busca e apreensão”.
O Blog do Elimar Côrtes está deixando de informar os nomes dos suspeitos justamente por que o procedimento investigatório tramita em segredo de Justiça. O Ministério Público suspeita que ações de possível operação foram vazadas criminosamente, depois que um site de notícias informou, na quarta-feira (16/06), que uma ação policial estaria sendo preparada para prender no Espírito Santo magistrados, políticos e outras autoridades.
O suposto esquema criminoso está sendo investigado também pela Polícia Federal. É que outros alvos do grupo, que seriam pelo menos dois desembargadores, têm prerrogativa de foro junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O provável esquema de venda de sentenças e outras irregularidades foram descobertos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público durante as investigações do assassinato da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, ocorrido há quase quatro anos.
Milena foi baleada no noite de 14 de setembro de 2017, no estacionamento do Hospital das Clínicas, em Vitória. Morreu no dia seguinte. Na mesma noite, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apreendeu a arma do marido dela, o então investigador de Polícia Hilário Antônio Fiorot Frasson.
No dia 16, a DHPP recolheu o telefone celular de Hilário, que, uma semana depois, foi preso pela acusação de ser um dos mandantes do assassinato da médica, que era sua esposa e de quem ele não aceitava a separação.
Foi por meio do celular que a DHPP e o Ministério Público descobriram que Hilário estaria envolvido em uma série de outros crimes, com envolvimento de políticos, magistrados e advogados. O celular de Hilário Frasson é considerado nos meios policiais como uma verdadeira “bomba”.
Quando observaram que no celular de Hilário Frasson havia conversas que comprometeriam magistrados, os promotores de Justiça que até então atuavam, junto à DHPP, no Inquérito do assassinato da médica Milena, encaminharam o teor dos diálogos para o âmbito do segundo grau do Ministério Público Estadual. As investigações prosseguiram e foram divididas entre o Tribunal de Justiça e o STJ. As investigações do homicídio continuaram no primeiro grau do MPES, até este momento, em que o caso está prestes para ir a Júri Popular.
Até um ano antes de ser nomeado investigador, Hilário Frasson atuou por mais de 10 anos como assessor de desembargadores do Tribunal de Justiça. Hilário, que era da turma do concurso de investigador de 1993, é Bacharel em Direito.
Segundo fontes do Tribunal de Justiça e do Ministério, as investigações apontam que não há ninguém do primeiro escalão do Governo Estadual da atual gestão e nem da época em que a médica Milena foi assassinada envolvido nos esquemas criminosos de Hilário Frasson.
(Texto atualizado às 10h15 de 19/06/2021)