O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu afastar o major da Reserva Remunerada do Exército Ângelo Martins Denicoli do cargo de assessor especial da Prodesp, empresa pública de Tecnologia da Informação do Estado do Estado. O major, que reside em Colatina, Região Noroeste do Espírito Santo, é um dos alvos da operação da Polícia Federal, no âmbito do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito na gestão do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Segundo a PF, Denicoli faria parte de um núcleo de “desinformação” do esquema.
“A Prodesp confirma o afastamento do funcionário de suas funções”, informou a empresa pública à imprensa na manhã do último sábado (10/02).
Major da reserva do Exército e diretor do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, Denicoli atuou na produção, divulgação e amplificação de notícias falsas sobre o processo eleitoral de 2022. A Polícia Federal aponta sua interlocução com o argentino Fernando Cerimedo, responsável por uma ‘live’ com ataques às urnas eletrônicas. Denicoli foi alvo de mandado de busca e apreensão e teve o passaporte retido, assim como o ex-presidente Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a íntegra da gravação de uma reunião realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual o ex-presidente Bolsonaro e ministros discutem o que a Polícia Federal chama de uma “dinâmica golpista”. Apreendido no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a reunião ministerial é considerada peça central para montar a operação deflagrada pela Polícia Federal, e foi marcada por reações de nervosismo, ofensas, palavrões e destempero do então presidente. No encontro com ministros e aliados, o ex-chefe do Executivo, segundo a PF, “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.
A reunião ocorreu dias antes do encontro que Jair Bolsonaro teve com embaixadores, marcada por ataques ao sistema eleitoral, que gerou a condenação do ex-presidente pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Entre os investigados na Operação Tempus Veritatis estão o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o ex-ministro da Casa Civil general Walter Souza Braga Netto e o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.