Um provável ato falho na metade do texto da reportagem intitulada ‘FOLHAES acertou: Candidatura de Marcelino Fraga é impugnada’ está provocando um certo desconforto entre magistrados do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE/ES) e pode confirmar o que o mercado político e o meio jurídico já vêm comentando há algum tempo: a suposta parceria editorial e empresarial do advogado Gabriel Quintão Coimbra e do grupo político que ele defende com o jornalista Jackson Rangel, dono do Folha ES.
No ‘ato falho’, o autor do texto da reportagem ‘FOLHAES acertou: Candidatura de Marcelino Fraga é impugnada’, o próprio Jackson Rangel, não teve o zelo final de uma edição jornalística, deixando a impressão que o texto foi escrito por Gabriel Coimbra (pelo WhatsApp). Gabriel é adversário do ex-deputado federal Marcelino Fraga, que, em alguns momentos, assumiu o comando do antigo PMDB e também do agora MDB, no lugar do também ex-deputado federal e ex-vice-governador Lelo Coimbra, pai de Gabriel. Frisa-se que, quando Lelo foi o mandachuva do PMDB/MDB, o advogado Gabriel Coimbra era o tesoureiro do partido.
A reportagem usa diversos adjetivos pejorativos para atacar Marcelino Fraga e informar que a Procuradoria Regional Eleitoral no Estado, órgão do Ministério Público Federal, “pediu a impugnação da candidatura de Marcelino Fraga ao cargo de deputado estadual por ser ficha suja e, portanto, inelegível”.
O pedido de impugnação foi feito pelo procurador da República Júlio César Castilhos, salientando que “Marcelino foi condenado pelo Colegiado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) no esquema de corrupção conhecido como ‘máfia dos sanguessugas’.
O pedido do Ministério Público Federal Eleitoral está sendo analisado pelo juiz Eleitoral Lauro Coimbra Martins, que é primo do advogado Gabriel Coimbra. Lauro Coimbra tomou posse como juiz titular do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, pela classe dos juristas, em sessão híbrida no dia 29 de novembro de 2021. Nomeado pela Presidência da República, ele ocupa o cargo de juiz titular pela Classe dos Juristas pelo biênio 2022/2023. Ele substitui o procurador do Estado Rodrigo Marques de Abreu Júdice, que encerrou seu segundo biênio no TRE-ES em 16 de junho de 2021.
O ‘ato falho’, certamente provocado quando o autor da reportagem copiou mensagem de Gabriel Coimbra no WhatsApp, está no segundo parágrafo do texto: “…hoje sócio laranja em suas empresas em nome dos filhos e da esposa de Marcelino Fraga, como a Construtora Arpa e Atlas Serviços Médicos: [18:45, 17/08/2022] Gabriel Coimbra…”. Observa-se que o autor da reportagem manteve no texto até o horário que Gabriel o enviou a mensagem pelo aplicativo no celular. O texto original foi ao ar no início da noite da última quarta-feira (17/08). Todavia, alertado sobre o ‘ato falho’, o site fez a alteração, retirando essa menção [18:45, 17/08/2022] Gabriel Coimbra.
Dono do Portal de Notícias Folha ES, Jackson Rangel responde na Justiça Estadual a mais de 60 Ações Criminais e Cíveis pela acusação de denunciação caluniosa, injúria, calúnia e difamação. As maiores vítimas dele são magistrados – juízes e desembargadores –; a atual procuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade, e seu antecessor, o agora desembargador Eder Pontes; promotores de Justiça; delegados de Polícia – como o chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda –, jornalistas; o governador Renato Casagrande e secretários do Governo; e o ex-governador Paulo Hartung. E, em vários processos movidos na Justiça por essas vítimas, Jackson Rangel é defendido pela advogada Vanessa Moreira Vargas, que é lotada no escritório Gabriel Quintão Coimbra & Advogados.
A Polícia Civil instaurou, em 2020, Inquérito Policial em desfavor de Jackson Rangel, pela suspeita de lavagem de dinheiro, ameaças, chantagem, extorsão. A investigação, no âmbito da chamada Operação Yellow Press, é exatamente por conta do uso de reportagens ‘infamantes em troca de vantagens indevidas, para beneficiar a terceiros’. A investigação, porém, está paralisada por um Habeas-Corpus onde o investigado alega cerceamento da liberdade expressão.
(Esta reportagem foi postada pela primeira vez em 20/08/2022. Portanto, antes da prisão de Jackson Rangel e de outras pessoas pela acusação de integrar uma milícia digital, com objetivo de cometer crimes, e de promover atos antidemocráticos. Na mesma operação, o advogado Gabriel Coimbra foi alvo de mandado de busca e apreensão por ordem do Supremo Tribunal Federal, na última quinta-feira-15/12)