Em seu depoimento à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e aos policiais militares que efetuaram a ocorrência, a adolescente de 17 anos que denunciou ter sido estuprada pelo deputado estadual Luiz Cândido Durão (PDT), 71 anos, relata desde os primeiros momentos em que pegou carona com o parlamentar até o desfecho da ação, quando foi resgatada por amigos (R e L) e pelo policial civil Edivandro Brito da Silveira na porta de um motel, na Serra, na sexta-feira (04/01).
Já o deputado nega o estupro e qualquer outra tentativa de abuso sexual contra a jovem. Luiz Durão garante que alugou uma suíte no Motel Status, onde foi preso, apenas para ir ao banheiro porque estava com “um desconforto intestinal”.
Eram 11h22 de sexta-feira, quando a RP 3984, composta pelos soldados Gamelich e Augusto, foi acionado para averiguar um fato de que a adolescente estaria no Status Motel, para onde teria sido levada sem o seu consentimento, acompanhado de um deputado estadual.
Ao chegar no local, juntamente com CPU do dia do 6º Batalhão da PM (Serra), sargento Erivaldo, a suposta vitima de 17 anos relatou que estava em Linhares, aguardando uma carona do deputado Luiz Durão, amigo da família dela. A moça disse que, na capital, iria se encontrar com um casal de amigos, no Shopping Vitória.
Por volta de 8h40, com a chegada de Luiz Durão, a adolescente, acompanhada de sua mãe, perguntou se estaria sozinho para levá-la até Vitória. Em resposta, o deputado disse que seu motorista estaria aguardando no centro de Linhares e que iria buscá-lo no caminho.
Então, a jovem entrou no carro com destino a Vitória. Ela diz no depoimento que durante todo o trajeto, “o sr Luiz Durão passava a mão em sua perna, ato que a constrangia e a deixava sem reação”.
Ao entrar no trevo para o município de Aracruz, começou a duvidar da intenção de seu companheiro de viagem, pois ele havia passado de Linhares sem ter buscado seu motorista.
Logo, a moça informa ter começado a mandar mensagem para sua amiga L,, que a aguardava no Shopping Vitória, informando que estava a caminho, “porém em uma situação desconfortável e não sabia qual atitude tomar”.
Segundo ela, durante a conversa via SMS, foi interrompida por falta de sinal de rede de celular. Ao entrar no orla de Jacaraípe, na Serra, com a volta do sinal do celular, mandou a sua localização em tempo real para o amigo R.. Posteriormente, prossegue a adolescente no depoimento, enviando uma mensagem pedindo para que visualizasse a sua localização, “ao entrar no Status Motel”.
Após entrar no estabelecimento, a jovem informou que sua mãe entrou em contato, com o deputado Luiz Durão dizendo que estava em Jacaraípe e em meio ao trânsito lento. Após essa ligação, o parlamentar teria pedido para a adolescente desligar o celular e desligou o seu também.
De acordo com a jovem, ao entrar na suíte 146, as 11h09, ela disse que o deputado “se despiu e, despindo ela, iniciou o ato sexual”. A jovem disse que Luiz Durão “estava sem ereção”, enquanto ela “não demonstrou consentimento” e estava “com medo de sofrer represálias”.
Após o ato, continuou a jovem no depoimento, o deputado Luiz Durão falou para que a jovem tomasse banho para seguir destino. Foi aí que a moça entrou em contato com a amiga L., dizendo que fez “o que tinha que fazer para acabar logo com aquele momento, e para que não chamasse a polícia, pois estava com medo de acontecer um mal maior com ela, e pedindo para que a buscasse”.
Ao sair do quarto, juntamente com o deputado, deparou-se com o casal de amigos e o policial civil Edivandro Brito da Silveira, “todos na recepção do motel”.
No depoimento no Boletim Unificado, o policial civil relata que, em contato com o amigo da adolescente, e este o informou que aguardava a jovem no Shopping Vitória quando recebeu a localização em tempo real da mesma, “e tendo conhecimento de que a mesma estava de carona com o deputado estadual Luiz Durão, entrou em contato com uma viatura caracterizada da perícia, que estava próximo de onde se encontrava, a PC-1651, abordo o policial civil Edivandro, e relatou o que estava ocorrendo”.
De pronto, o policial Edivandro prosseguiu ao Status Motel, juntamente com os amigos da adolescente, flagrando a saída do deputado e da jovem do estabelecimento.
Já o deputado Luiz Durão relatou aos policiais que a mãe da adolescente, na quinta-feira (03/01), pediu para que levasse sua filha a Vitória. Disse que na sexta-feira buscou a jovem e seguiu destino a capital capixaba, por dentro de Aracruz, para evitar trânsito.
Na Rodovia ES-010, próximo ao Status Motel, o deputado disse que, “sentindo um desconforto intestinal”, perguntou à adolescente se teria “algum inconveniente se fizesse suas necessidades no Status, e retornasse para a estrada”.
Segundo o parlamentar, a moça concordou. Ele, então, adentrou no motel, alugou uma suíte e fez suas “necessidades fisiológicas”. Depois, ao sair do recinto, deparou-se com dois amigos da jovem e um policial civil na recepção do motel, acusando-o por abuso.
Luiz Durão ainda informou que, após ser acusado, entrou em contato com a mãe Da moça e sugeriu que fosse ao local para acompanhar sua filha, para que fizesse todos os exames necessários para comprovar sua inocência.
Diante dos fatos, após ouvir os relatos de todas a partes envolvidas, o deputado estadual Luiz Durão foi encaminhado sem o uso de algemas, aceitando ir de forma tranquila, conduzindo seu veiculo, acompanhado de seu advogado, Walter Moura Andrade, e a viatura da PM até a DPCA, que fica no bairro Jucutuquara, em Vitória. A adolescente foi encaminhada pela PC-1651, juntamente com o policial civil Edivandro e o casal de amigos, também à DPCA.
O deputado Luiz Durão foi interrogado e autuado em flagrante pela acusação de estupro pelo titular da DPCA, delegado Lorenzo Pazolini. Na noite de sexta-feira (04/01), Durão foi levado para uma sala especial no Quartel de Comando-Geral da Polícia Militar, em Maruípe. Neste sábado (05/01), ele será levado a Audiência de Custódia, mediante um Juízo, que poderá mantê-lo na cadeia ou determinar a soltura, mediante pagamento de fiança e a adoção de medidas cautelares.
Em 14 de agosto de 2018, como primeiro suplente da coligação PT/PDT na eleição de 2014, Luiz Durão foi empossado como deputado estadual, em substituição a Rodrigo Coelho, que assumiu a vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Durão disputou o pleito de outubro deste ano e, de novo, ficou numa suplência. Iria manter-se na Assembleia porque o deputado estadual reeleito Marcelo Santos foi nomeado secretário de Esportes no governo de Renato Casagrande.