Mal resolveu, depois de 18 anos, o imbrólgio que enfrentava com um concurso para investigadores da Polícia Civil, o governo do Estado corre agora ter que ver 150 pessoas entrarem pela janela na Polícia Militar. Tudo por conta de falhas cometidas em um edital de um concurso público para soldados da PMES em 1996.
A história é cheia de armadilhas jurídicas. Em 1996, o governo petista de Vitor Buaiz abriu um concurso público para preencher, inicialmente, 141 vagas.
Advogados observaram falhas no edital. Procuraram alguns candidatos do concurso e travaram uma batalha na Justiça. Ganharam e o governo teve que convocar mais 450 pessoas para fazer o Curso de Formação de Soldados, já em 1997. As 450 se juntaram às 141 pessoas e hoje fazem parte do efetivo da PMES.
O governo do Estado tentou fazer um acordo, para evitar que mais pessoas entrassem na Justiça, mas as manobras de alguns advogados foram mais eficientes do que os procuradores do Estado. Eles conseguiram ganhar no Tribunal de Justiça o direito de colocar mais 150 pessoas na PM, mas o governo recorreu e conseguiu barrar, a princípio, a matrícula. A batalha, porém, permanece nos tribunais.
Os 150 candidatos, que não haviam sido aprovados no concurso de 1996, continuaram sua luta. Recentemente, voltaram à carga, desta vez, junto aos deputados estaduais que compõem a Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa. Os parlamentares já colocaram os concursados a negociar uma saída favorável a eles (concursados, é claro) junto ao governo estadual.
Esses concursados podem até ter razão, já que não têm culpa pelas falhas cometidas por servidores do governo do Estado na elaboração do edital em 1996. Entretanto, se entrarem agora na PM, vão provocar uma confusão enorme.
Simples de entender: o concurso de 96 dizia que poderiam se inscrever pessoas de ambos os sexos, com idade mínima de 18 anos e máxima de 25 anos. Quem tinha a idade mínima, em 1996, agora está com 33 anos. E quem já estava com seus 25 anos na data do edital, hoje, 15 anos depois, já está com 40 anos de idade.
Já imaginaram um aluno-soldado com 40 anos de idade? Com certeza ele terá dificuldade de fazer alguns testes básicos para entrar no CFS, que é o Teste de Aptidão Física (TAF).
Mais confusão à vista, justamente depois que o governador Renato Casagrande resolveu, depois de 18 anos, nomear 384 investigadores do concurso feito em 1993. Esses investigadores serão lotados, preferencialmente, nas Delegacias de Polícia do interior, aumentando a capacidade operacional da Polícia Civil.