Na próxima segunda-feira (11/07), representantes da Polícia Militar do Espírito Santo estarão reunidos para o 3º Seminário de Polícia Interativa e para o lançamento do Curso Nacional de Gestor de Policiamento Comunitário Sistema Koban.
O encontro para 200 pessoas acontecerá às 13h30min, no Espaço Vitória, localizado na Avenida Leitão da Silva, nº 2159, Bairro Itararé, em Vitória.
Durante o evento, serão oferecidas duas palestras. A primeira com o tema “Programas de Policiamento da Polícia Militar de São Paulo” será ministrada pelo coronel Luís Castro, diretor de Policiamento Comunitário e Direitos Humanos da PMSP.
A segunda palestra, com o tema “Plano Plurianual e seus Reflexos no Planejamento Estratégico da PMES”, será ministrada pelo tenente-coronel PMES Ruy Guedes.
Já o curso com base no Sistema Koban do Japão será oferecido a 50 alunos, entre sargentos e cabos, que já atuam com o Policiamento Comunitário nos batalhões da Região Metropolitana da Grande Vitória.
O objetivo é que, após o curso, eles gerenciem as bases comunitárias dentro da filosofia do Sistema Koban, bem como atuem na mobilização social das lideranças comunitárias. As aulas vão até o dia 18 de julho.
O curso será realizado em conformidade com o acordo de cooperação técnica celebrado entre o Ministério da Justiça e o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).
O sistema Koban no Japão segue a ideia de descentralização territorial e seu funcionamento é parecido com os Postos Comunitários de Segurança do Brasil.
O critério para sua instalação e localização é puramente técnico e é estabelecido pela polícia para que garanta o atendimento atencioso às pessoas que o procurem, para manter um nível satisfatório de ordem.
Estes postos policiais (Kobans e Chuzaishos) funcionam 24 horas por dia. Os japoneses também acreditam que os maiores e melhores recursos da polícia devem estar alocados na linha de frente.
Além disso, a filosofia tem como fundamento o estreitamento de relações entre polícia e comunidade, e a autonomia do policial em sua região, onde atua como um “mini-chefe” de polícia descentralizado em patrulhamento constante, trabalhando como solucionador dos problemas da comunidade, para garantir segurança e paz. (Texto da Assessoria de Imprensa da PMES).
Nota do Blogueiro: Ao proporcionar a realização do 3º Seminário de Polícia Interativa e o lançamento do Curso Nacional de Gestor de Policiamento Comunitário Sistema Koban, o comandante geral da PM, coronel Anselmo Lima, está cumprindo uma das metas de sua administração, que ele anunciou quando tomou posse, em janeiro deste ano: o de valorizar o trabalho interativo da PM capixaba.
Aos poucos, o coronel Anselmo Lima vai recuperando o que de bom a Polícia Militar do Espírito Santo criou no final dos anos 80 e que serviu de modelo para o Policiamento Comunitário em vários estados brasileiros, inclusive São Paulo.
Foram, aliás, oficiais da PMES que promoveram cursos para praças e oficiais da Polícia Militar paulista sobre o Policiamento Comunitário. Os paulistas aprenderam a lição e, no ano passado, receberam um prêmio na Inglaterra, como uma das Polícias Comunitárias mais eficiente do mundo.
O comandante da PMES, portanto, está de parabéns, pois recupera um estilo e filosofia de policiamento que ficou perdido e parado durante os quase oitos anos do gestão anterior de Paulo Hartung e Rodney Miranda na segurança pública do Espírito Santo. Somente com a saída de Rodney Miranda da Secretaria da Segurança, em abril de 2010, o seu sucessor, André Garcia, ressuscitou o modelo interativo da PM, que hoje é o carro-chefe do programa Territórios de Paz, espalhados por vários bairros da Grande Vitória.
Saiba mas sobre o modelo japonês de Policiamento Comunitário:
Em outubro do ano passado, a Polícia Militar, já com o seu Policiamento Comunitário reativado, promoveu seminário com um inspetor da polícia japonesa, Masato Sono, que explicou como funciona o modelo Koban. Abaixo, a reportagem completa, com entrevista com o policial Masato, publicada neste blog.
Policial japonês troca experiências com colegas capixabas
Inspetor de Polícia do Japão, Masato Sono esteve na Grande Vitória aprendendo como se faz o Policiamento Interativo no Espírito Santo. Aproveitou também para ensinar como é o trabalho da Polícia Comunitária mais antiga do mundo, que é a japonesa.
“Foi uma troca de experiência muito rica. Aprendi muito com os colegas do Espírito Santo”, disse Masato Sono.
Ele visitou a experiência da Polícia Interativa do bairro São Pedro (Vitória) e Feu Rosa (Serra), ao lado de praças e oficiais da PMES.
O modelo de policiamento comunitário japonês existe desde 1874. Lá, é chamado de Coban e está baseado em alicerces bem seguros dentro das comunidades. A Polícia Nacional do Japão é uma polícia única – ao contrário do que se faz no Brasil, onde existem a Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil – e a Guarda Municipal em alguns minicípios.
“A confiança é a base do êxito de qualquer modelo de policiamento. E no Japão esta é também a nossa realidade”, disse Masato Sono.
O policiamento comunitário é instalado dentro das delegacias de Polícia Japão. Existem também os chamados Koban e Chuzaisho, que funcionam como uma espécie de destacamento policial. No Koban, instalado nos bairros, trabalham sempre 12 policiais em cada plantão de 8 horas.
No Chuzaisho, instalada em áreas afastadas dos grandes centros, trabalha apenas um policial. No mesmo prédio onde fica o Chuzaisho, serve de residência do policial, onde ficam residem também seus familiares.
“No Chuzaisho, o policial mora e trabalha num mesmo ambiente junto com esposa e filhos. A família também é remunerada pelo Estado japonês e ajuda o policial no cotidiano”, diz Masato sono.
Há inúmeras diferenças entre o trabalho policial no Japão e no Brasil. Lá, o policial trabalha armado com revólver 32. Aqui, no mínimo, o policial precisa de uma pistola ponto 40 por causa dos grandes índices de violência e criminalidade nas ruas. No Brasil, são registrados 30 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes; no Japão, essa marca é de 0,5 homicídios para cada 100 mil habitantes.
Para o bom trabalho de um policial, ensina Masato Sono, não basta somente sua força. “Tem que ter a participação da comunidade e dos outros órgãos públicos que são colaboradores”.
Segundo ele, o importante para os policiais é sua us postura:
“Um policial tem que ser exemplar, principalmente para as crianças. Tem que ser um modelo. Precisamos fazer com que toda a criança, quando perguntada o que quer ser quando crescer, diga que quer ser policial. Esse é o desafio de todos os policiais do mundo: daqui do Brasil, do Japão e dos demais países”, pediu Masato Sono.
Em sua visita aos bairros São Pedro e Feu Rosa, ele detectou que os policiais militares capixabas estão exercendo sua tarefa dentro do espírito comunitário:
“Posso garantir que no Espírito Santo seus praças – soldados, cabos e sargentos – e oficiais praticam um dos melhores modelos de policiamento comunitário do mundo. Todos estão de parabéns”, encerrou Masato Sono.