O miliciano ‘capixaba’ Gilbert Wagner Antunes Lopes, conhecido como Waguinho Batman, acusado de ser mandante do assassinato do vereador bolsonarista Marcos Augusto Costalonga, Marquinhos da Cooperativa (Presidente Kennedy/PL), tornou-se notícia na imprensa nacional por alguns motivos que vão além do homicídio. Ele, segundo a CNN – canal de TV e portal de notícias na internet –, estaria ameaçando autoridades capixabas, além de debochar e desafiar o Poder Judiciário e a Polícia Civil do Espírito Santo.
O vereador Marquinhos da Cooperativa foi morto a tiros no dia 27 de maio de 2021, na zona rural de Presidente Kennedy. De todos os envolvidos identificados no Inquérito Policial e que se tornaram réus na Justiça, depois do acolhimento da denúncia o Ministério Público Estadual, o suposto mandante Waguinho Batman segue foragido, segundo a Polícia Civil, que concluiu o caso e prendeu cinco pessoas em 10 de junho de 2024: os executores do assassinato Douglas da Silva Nunes, o Guigo; Pedro Romão Baptista e Rafael Miranda Louzada, o Gardenal; o intermediário entre o mandante e os executores, Elan Martins, vulgo Elan Tatuador (o ‘Laranja’); e Everaldo de Almeida Neto, o Bambu. Assim como o miliciano, todos os denunciados já viraram réus na Ação Penal 50005114820248080041e podem ir a Júri Popular em breve.
De acordo com reportagem da CNN, o nome de Waguinho Batman – ele é natural do Rio de Janeiro e encontra-se no Sul capixaba desde o início dos anos 2000 – consta no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) há um ano e trava uma disputa para as polícias o localizarem: “A Superintendência de Inteligência e Ações Estratégicas (SIAE) foi designada pelo delegado-geral da PCES para dar continuidade aos levantamentos e diligências, com o objetivo de localizar o foragido e realizar sua prisão, inclusive com autonomia para estabelecer uma Força Tarefa, caso necessário”, escrever a Polícia Civil capixaba em nota enviada à CNN.
Segundo a mesma reportagem, “com esse desafio de encontrar o foragido, a Polícia Civil do Estado destaca que enviou pedido à Polícia Federal solicitando apoio para o cumprimento do mandado.” Entretanto, procurada pela CNN, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo “não confirmou o pedido, tampouco que trabalha na localização do foragido.”
A CNN lembra, contudo, que com o nome no BNMP, “qualquer força de segurança em território nacional pode cumprir o mandado de prisão contra o Waguinho Batman.” Para a CNN, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, Leonardo Damasceno, assegurou que o foragido [Waguinho Batman] “é um dos alvos prioritários da PC, que pediu ajuda da PF”. Segundo o titular da Pasta, há notícia de que teria saído do Espírito Santo.
A Polícia Civil concluiu inquérito com a convicção de que a motivação do assassinato do vereador Marquinhos da Cooperativa estava relacionada a uma dívida que o mandante do crime tinha com o vereador:
“Quando ainda não era vereador, o Marcos vendeu um caminhão de mourões para o mandante do crime, no entanto, esse homem não pagou pelo produto. O mandante tinha uma empresa que era responsável na época por uma obra pública na cidade. O vereador começou a fazer cobranças incisivas. Quando assumiu o cargo de vereador disse, inclusive, que iria à Prefeitura solicitar o bloqueio de pagamento dele, caso não pagasse pelo valor dos mourões. Os dois discutiram, o mandante efetuou o pagamento e depois ordenou a execução do vereador”, explicou o delegado Thiago Viana, no indiciamento do miliciano. Na época, Viana era o titular da Delegacia de Polícia de Presidente Kennedy, de onde foi transferido posteriormente.
Ameaças
Segundo a CNN, enquanto está foragido, Waguinho Batman não se esconde. A TV informa que, no dia 13 de fevereiro de 2025, ele participou de uma audiência do processo da morte do vereador por videoconferência. Na audiência, o miliciando afirmou estar sempre à disposição da Justiça para participar de quaisquer outros procedimentos do processo.
Waguinho Batman, ainda de acordo com a CNN, também se comunica com outras pessoas no Espírito Santo e ameaça autoridades, como o chefe da Procuradoria Municipal de Presidente Kennedy, Rodrigo Lisboa. Desde que recebeu ameaças, Lisboa anda com segurança armada e buscou proteção do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília.
A CNN obteve um áudio que o procurador recebeu, em que Waguinho Batman diz: “Eu só ia avisar que eu sei aonde você foi, eu sei o que que você está fazendo, entendeu? Eu sei o que que você está falando. E por isso estou te mandando no áudio que eu não mando recado digitado para você, porque eu mando áudio mesmo para poder ficar registrado mesmo”.
O áudio, conforme informa a CNN, continua: “Então, eu estou só te avisando que eu sei. Eu sei onde que você andou, eu sei aonde que você, por onde você andou falando meu nome, eu sei o que que você anda especulando meu nome, entendeu? É só isso só que eu queria falar para você. Eu sei aonde você foi fazer pedido contra mim. Eu posso resolver as outras coisas das coisas que eu sei, da maneira que eu sei resolver. Entenda conforme você quiser. Leve para a NASA, se você quiser esse áudio. Agora saiba de uma coisa, eu não faço nada pelas costas. Nada tem a minha cara, tá? E você era para saber disso”.
Após as ameaças, o procurador Rodrigo Lisboa enviou ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, relatando o caso. O pedido de proteção foi enviado à Polícia Federal em novembro de 2024, mas sem atualização após nove meses.
O Ministério da Justiça informou à reportagem da CNN que o caso foi analisado pela Ouvidoria-Geral. Já a Polícia Federal disse que não vai comentar o caso. Outra autoridade do município de Presidente Kennedy também recebeu ameaças do miliciano, segundo a CNN, “mas pediu para a reportagem não citar seu nome com medo de represália.”
A reportagem da CNN se encerra assim: “Enquanto existe a divergência entre as polícias [Civil e Federal], as autoridades seguem com a preocupação diária enquanto o foragido [Waguinho Batman] não é encontrado. ‘Não vejo a hora desse miliciano ser preso e minha vida voltar ao normal!’, declarou o procurador Rodrigo Lisboa.




