A Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) está estabelecendo para o ano de 2025 investimentos bilionários com o objetivo de melhorar cada vez mais os serviços prestados à população capixaba. Um dos investimentos é a construção da maior usina de dessalinização do País, ao custo de R$ 1,3 bilhão. A usina será construída pela multinacional espanhola GS Inima, numa área ao lado do Parque Estadual Paulo Vinha, na Rodovia do Sol, entre Vila Velha e Guarapari.
Em outras frentes, a Cesan seguirá em ritmo acelerado na construção da Barragem dos Imigrantes/Jucu, a instalação de esgotamento sanitário visando a universalização do saneamento básico e a expansão da Estação de Tratamento de Água (ETA V/Carapina), em Jardim Limoeiro, na Serra. A Companhia, hoje, atua em 52 dos 78 municípios capixabas e prevê também mais investimentos para além de 2025. O anúncio do pacotão de obras e investimentos foi feito na manhã desta segunda-feira (25/11) pelo presidente da Cesan, Munir Abud, em entrevista ao ‘site’ Blog do Elimar Côrtes.
Até então, a maior planta de dessalinização para abastecimento humano era na Praia do Futuro, em Fortaleza, que terá, depois de pronta, em 2026, capacidade de captar 1 mil litros de água do mar por segundo. A usina da Cesan, no entanto, terá capacidade de 1.300 litros por segundo, conforme informou o presidente da Companhia.
A primeira fase do processo de dessalinização é a captação da água do mar. Essa fase ocorre a partir da construção de estações de bombeamento perto das praias. No caso do Espírito Santo, a água será captada do fundo mar, para depois entrar no processo de dessalinização. Dentro da etapa do tratamento, é possível utilizar vários processos, como filtração, flotação, ultrafiltração, evaporação/destilação, osmose reversa e remineralização, assim como combinar as técnicas para alcançar mais eficiência no resultado.
Uma usina de dessalinização é uma instalação industrial que remove o sal e outras impurezas da água do mar, tornando-a potável para consumo humano e uso em diversas atividades. Trata-se de uma solução para combater a escassez hídrica em regiões áridas. O funcionamento de uma usina de dessalinização envolve captação da água do mar, remoção de sólidos e impurezas, dessalinização propriamente dita e distribuição da água tratada.
Munir Abud e explicou que o valor de R$ 1,3 bilhão será investido pela empresa que vai construir e administrar a usina de dessalinização. Todavia, a Cesan deu a garantia de que vai comprar a água dessalinizada e repassar aos usuários. O projeto da usina de dessanilização foi conduzido em conjunto pela Secretaria de Desenvolvimento (Sedes) e a Cesan, dentro da Carteira de Parcerias Público Privadas (PPPs) do Estado. A proposta, validada pelo Conselho Gestor do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), teve como objetivo oferecer fonte alternativa de abastecimento de água à Região Metropolitana da Grande Vitória e aos municípios de Anchieta e Aracruz para atender à demanda de água potável pelos próximos 40 anos:
“A implementação dessa tecnologia representa um marco histórico no saneamento capixaba. A usina de dessalinização é uma medida que evidencia a antecipação do Governo do Estado aos desafios que enfrentamos em relação ao abastecimento de água, especialmente em tempos em que a segurança hídrica se tornou uma preocupação crescente. A iniciativa atende às necessidades imediatas de abastecimento e está alinhada com nossa visão de sustentabilidade ambiental. Por meio do funcionamento eficiente e ecologicamente responsável, estamos minimizando a pressão sobre os mananciais”, destacou o presidente da Cesan, Munir Abud.
Já em andamento, a construção da Barragem dos Imigrantes/Jucu deverá ser concluída até dezembro de 2026. A obra encontra-se na fase da supressão vegetal e elaboração de projeto e tem investimento de R$ 264,5 milhões. Localizada no braço norte do Rio Jucu, próximo ao km 30 da BR-262, fica entre Viana e Domingos Martins e terá 53,5 metros de altura, abrangendo uma área alagada de 109 hectares (1,09 km²)
“A barragem vai ter capacidade de armazenamento de 23 bilhões de litros de água. Vai beneficiar diretamente os municípios de Vila Velha, Cariacica, Vitória (Ilha) e parte de Viana, garantindo segurança hídrica para 1 milhão de habitantes mesmo que tenhamos quatro meses de estiagem”, explicou Munir Abud. Na área da barragem, segundo o presidente da Cesan, será construído um “gigante lago”, para transformar a região também num ponto turístico.
Munir Abud falou também falou a respeito da Parceria Público Privado para a implantação do esgotamento sanitário. Segundo ele, o escopo da parceria contempla a transferência para a iniciativa privada por 25 anos de serviços relacionados à implantação, ampliação, operação e manutenção do sistema de coleta e tratamento do esgoto nas zonas urbanas. Vai incluir também atividades de apoio à gestão comercial em 43 dos 52 municípios atendidos pela Cesan e que integram a área de concessão, incluindo Vitória, Guarapari e Viana. A ação vai gerar um contrato estimado em R$ 7,13 bilhões ao longo de 25 anos. Inicialmente, o investimento estimado é de R$ 1,77 bilhão para universalizar os serviços de coleta e tratamento do esgoto em 43 cidades. O estudo para a modelagem da PPP foi realizado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Outro investimento importante é a parceria firmada com a ArcelorMittal para a construção de uma Estação de Produção de Água de Reuso (EPAR), com o objetivo é garantir a utilização de água de reuso na unidade de Tubarão. A iniciativa representa um marco estratégico de preservação dos mananciais para consumo humano, impulsionando a sustentabilidade ambiental e econômica. A Estação, que será construída em Serra, será capaz de transformar 300 litros por segundo de esgoto em água de reuso. Representa um investimento de R$ 2,24 bilhões.