O clima e o desperdício estão causando falta de água por todo o Brasil. O Espírito Santo está enfrentando o verão mais seco dos últimos 40 anos. A falta de chuvas, a evaporação forte e os rios mais secos só reforçam o quadro desta crise. Por isso, a assessora da Diretoria Operacional da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), a engenheira civil Jouze Ferrari, explica que é preciso mudar hábitos, economizar água e evitar desperdícios neste verão 2023/2024, que prevê seca severa.
“Estamos aqui na Cesan trabalhando intensamente para manter o abastecimento no Estado. Porém, se todos adotarem medidas simples, vamos vencer este desafio”, pondera Jouze. Segundo a engenheira, em 2022 a média das temperaturas climáticas foram bem menores do que as que estão sendo registradas no ano de 2023: “Analisando pontualmente, chegamos a ter no mês de março de 2022 um consumo de 176 litros diários por habitante, contra 155 litros em julho de 22. Isso representa um aumento de quase 15% de consumo de um mês de verão para um mês de inverno”, pontua Jouze Ferrari.
No dia 22 de novembro deste ano, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) declarou Estado de Atenção sobre a situação hídrica no Espírito Santo. O Cenário de Atenção, de acordo com o Governo capixaba, foi declarado devido à estiagem, principalmente no mês de novembro, e o risco de aumento do déficit hídrico em rios e demais cursos d’água de domínio do Espírito Santo.
Jouze Ferrari explica que o calor excessivo, a falta de chuva – que reduz a capacidade dos rios – e o alto consumo prejudicam ainda mais a situação. Por isso, pede que a população mude hábitos, como reduzir o tempo de banho, fechar a torneira do chuveiro quando estiver usando o sabonete, fechar a torneira da pia enquanto estiver escovando os dentes: “Às vezes, o chuveiro demora um tempinho para esquentar a água. Neste momento, a pessoa deve colocar um balde para aproveitar a água que cai do chuveiro para usar em outros ambientes da casa, como, por exemplo, na substituição da descarga”, ensina a engenheira.
Outra orientação prática de Jouze Ferrari é quanto ao uso da máquina de lavar roupas: “O ideal é juntar todas as peças e lavar em grandes quantidades. Ao ligar a máquina com poucas roupas, o gasto de água é maior. Além de juntar as roupas, a pessoa pode reutilizar a água da lavagem em outras atividades caseiras. Basta guardar a água que sai da máquina de lavar em outros recipientes, para aproveitar na limpeza do quintal, da garagem”.
Um outro ensinamento é sobre o uso da pia de lavar vasilhas. O bom senso determina que, enquanto estiver ensaboando pratos, talheres, copos e panelas, a pessoa deve fechar a torneira, abrindo-a somente quando for enxaguar. As descargas representam 25% do consumo doméstico. A Cesan pondera que o seu uso deve ser moderado e o dono da casa deve regular periodicamente a válvula e o a caixa da descarga e nunca jogar lixo no o vaso.
Jouze Farrari explica de modo didático como se dar o processo da captação da água até o destino final, que é o consumidor. No Estado, há 126 mananciais para capacitação de água. A Cesan, que atua em 53 dos 78 municípios capixabas, possui 266 reservatórios de água tratada construídos: “Primeiro, a Cesan capta a água dos mananciais. Depois, a água vai para uma das estações de tratamento; segue para os reservatórios; é distribuída para as redes; e, finalmente, chega às residências, comércio, indústrias, empresas, escolas, etc”.
A assessora da Diretoria Operacional da Cesan informa ainda que a Companhia tem planejamento para enfrentar a forte seca e a escassez de água: “A Cesan está contratando mais carros-pipas para levar água às regiões mais altas das cidades, caso haja necessidade. Podemos também, caso seja necessário, fazer manobras operacionais. À medida que a situação for chegando, a Cesan adapta seus os planos operacionais. Em 2017, o Estado teve que decretar racionamento de água, quando enfrentamos uma grande seca. Espero que desta vez não haja necessidade”, disse Jouze Ferrari.