Dados do 3º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) revelam que 11% das brasileiras estavam desempregadas no período. Já entre os homens o percentual era menor: 6,9%. No setor público elas eram 40% dos ocupados e ganhavam 15% menos. No Parlamento capixaba os números são mais favoráveis ao público feminino que a média nacional. Praticamente metade dos servidores (49,87%) são mulheres. Elas também têm relevante espaço em postos de comando. Conforme levantamento da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP), dos 122 cargos de chefia da estrutura da Casa, 50 são ocupados por mulheres. Elas estão em 40% dos cargos de direção, 37,8% dos cargos de coordenação e 43,5% dos cargos de supervisão.
Exemplo é a SGP, comandada por Amanda Gabriel de Oliveira Kiffer. Servidora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) desde 2012, ingressou no serviço público em 2006, quando foi aprovada no concurso público da Prefeitura de Vitória. Lá, dentre outras atividades, teve seu primeiro cargo gerencial, ocupando a Chefia Administrativa e Financeira de 2008 até 2012.
Na Ales, teve a oportunidade de exercer por diversas vezes, de forma interina, o cargo de Diretora de Recursos Humanos e de secretária de Gestão de Pessoas, até ser nomeada como titular da Pasta. Amanda Kiffer avalia que as mulheres conferem um diferencial ao trabalho.
“Além da sensibilidade que lhes é característica, elas possuem a capacidade de fazer diversas tarefas ao mesmo tempo e de se reinventar com mais facilidade, unindo delicadeza e força”.
Já Patrícia Cândida Porto coordena o setor de Taquigrafia da Casa, composto majoritariamente por mulheres: 32. O time também é composto por 11 homens. A mineira, formada em design gráfico e em representação comercial, entrou na Ales em 2012. “Sempre fui muito presente e solícita nas demandas do setor; procurei me aperfeiçoar com pós-graduações nas áreas de gestão de pessoas e administração pública. Em setembro de 2020, durante a pandemia, quando a antiga coordenadora precisou sair, assumi o cargo de coordenadora do setor de Registros Taquigráficos”, conta.
Engana-se quem pensa que em um setor cheio de mulheres há muitos conflitos e competição. Patrícia conta que a equipe é muito unida e empenhada:
“O fato de o setor ser predominantemente feminino é um ponto positivo, pois sabemos que mulheres são muito responsáveis e zelosas em tudo que fazem. Sem contar com as grandes amizades que nasceram em nosso setor. O dia a dia é leve e sempre muito agradável. A Taquigrafia é 10! Um setor rosa choque!”.
Recém-empossada para a Diretoria de Finanças, Amanda Aleixo Batista Cruz tem 23 anos e é formada em Ciências Contábeis e pós-graduanda em Contabilidade Pública e Administração Pública. Apesar de jovem, Amanda conta com larga experiência no setor público.
“Já pude mostrar o meu trabalho na Prefeitura de Viana, no Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Cariacica – IPC, aqui mesmo nesta Casa legislativa, e ocupei posições de gestão ao trabalhar na Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Sesport), como subgerente de obras, e, por último, na Prefeitura Municipal de Vila Velha, na qual pude estar como contadora pública, conselheira do município e assessora”, relata.
Para Amanda, é de suma importância que mulheres ocupem cargos no serviço público, em especial os do alto escalão.
“No setor público e no privado, predominantemente, a ocupação de cargos de chefia é feita por homens, entretanto, a atuação direta das mulheres costuma tornar o ambiente menos autoritário e mais colaborativo, favorecendo, sobretudo, o combate aos papéis impostos pela sociedade sobre a presença do público feminino em cargos de liderança”.
Evolução
Ana Cláudia Fernandes Pim entrou na Ales em 1995. Sempre trabalhou na área de finanças. Começou na Comissão de Finanças, foi para a subdireção-geral, foi para a diretoria de Finanças, ficou dois anos cedida para o Tribunal de Contas e retornou à Diretoria de Finanças.
Ao longo desses quase 20 anos na Casa, ela diz ter observado muita diferença no modo como as mulheres são tratadas: “Os homens passaram a ter mais respeito. Antigamente, desentendimentos entre homens e mulheres eram mais comuns. Os homens faziam mais grosserias. Antes isso era deixado por menos. Agora, é dada uma resposta. As mulheres têm mais coragem de se posicionar porque passaram a ocupar lugares de poder e passaram a vigiar isso para outras mulheres. É a sororidade.”
Apesar dos avanços, Ana Cláudia pontua que há muito a ser feito, em especial no que tange à mulher ser ouvida com a mesma atenção que um homem no ambiente profissional:
“Sinto muito esse tratamento diferente no que diz respeito à oportunidade de se manifestar. Em uma reunião, se você está falando, mas outro homem interrompe, a atenção se volta para ele. Temos que ter uma estratégia para tomar a atenção de volta, uma preparação maior, mais argumentos. É mais desgastante para a mulher. Estudo muito antes de reuniões, especialmente com homens”, pontua Ana.
Quem também sentiu os ventos da mudança foi a auxiliar de serviços gerais Declemilda Rodrigues dos Santos, que presta serviço há 34 anos na Assembleia. Apesar de atuar em um setor predominantemente feminino e de afirmar sempre ter sido tratada com respeito na Casa, ela considera que a evolução acerca do espaço da mulher na sociedade a faz sentir mais tranquila.
“Quando entrei o mundo era diferente. Hoje me sinto mais confortável, inclusive no ambiente de trabalho.”
Igualdade de gênero
Para o presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (Podemos), “as mulheres muitas vezes trazem habilidades e qualidades que são únicas, como a capacidade de trabalhar em equipe, de ouvir e considerar perspectivas diversas, e de buscar soluções criativas para problemas complexos. Essas características podem ser particularmente importantes em cargos de liderança, onde é necessário lidar com questões complexas e tomar decisões difíceis”, afirma.
Marcelo Santos afirma que o objetivo da Presidência é trabalhar para garantir que as políticas de recursos humanos estejam alinhadas com a igualdade de gênero, promovendo a contratação e promoção de mulheres em todos os níveis da instituição.
“Também estamos empenhados em promover a participação das mulheres na política e na administração da Casa, por isso estamos colocando mulheres em cargos estratégicos da administração do Poder Legislativo como as diretorias de Finanças e de Gestão de Pessoas”, afirmou o presidente.
Marcelo Santos também entende que é preciso avançar mais na luta pelo espaço feminino. Ele ressalta que as mulheres ainda enfrentam muitas barreiras para acessar posições de liderança na gestão pública e que é importante trabalhar para garantir a igualdade de oportunidades e de representação de gênero em todos os níveis da política e da administração pública:
“Isso pode ser feito através de políticas públicas que incentivem a participação das mulheres na política e em cargos de liderança, bem como através da conscientização e do engajamento da sociedade civil na promoção da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres”, finaliza o presidente da Ales.
(Fonte: Portal da Ales)