O prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), que é delegado de Polícia Civil licenciado, sofreu uma importante derrota política dentro da Câmara Municipal de Vitória, que até então ele acreditava dominar. É que o Legislativo aprovou pedido das Comissões de Obras e Serviços e Mobilidade Urbana, presididas pelo vereador Armandinho Fontoura (Podemos), para convocar proprietários de empresas investigadas pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo e que possuem contratos com o Município.
Os sócios-administradores da Sinales, Atman, Marca Ambiental e Vital Engenharia foram convocados pela Câmara de Vereadores. Também foram convidados, inicialmente, os secretários Municipais de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana e Central de Serviços, respectivamente, Alex Mariano e Leonardo Amorim Gonçalves.
O MPES trabalha em duas investigações: uma em Vitória e outra em Vila Velha, sobre licitações, contratos e supostos com as empresas Sinales e Atman. A Sinales ganhou uma licitação milionária de Ata de Registro de Preços de mais de R$ 41 milhões na Prefeitura de Vila Velha. As empresas pertencem a Luís Fernando Martinelli e ao seu filho Fernando Martinelli.
Agora, as comissões querem esclarecimentos detalhados sobre a atuação das empresas em Vitória para apurar a qualidade dos serviços prestados, danos ao erário, enriquecimento ilícito e outras irregularidades, se houver.
Na terça-feira (06/12), os membros das Comissões de Mobilidade Urbana e de Obras e Serviços da Câmara de Vitória já tinham aprovado os requerimentos de informações e convocações para esclarecimentos para instrumentar a investigação sobre contratos de sinalização e de coleta de lixo em Vitória. Na sessão de quarta-feira (07/12), o vereador Armandinho denunciou, do Plenário da Câmara Municipal, que secretários de Vitória teriam feito contato com vereadores como forma de pressão por conta das investigações:
“Após a Comissão de Obras e Serviços convocar as empresas citadas no caso SINALES e ATMAN para esclarecimentos quanto aos contratos com a Prefeitura de Vitória, um secretário passou a ligar para diversos vereadores ‘preocupado’ com a fiscalização iniciada na Câmara. Pergunto: o prefeito (Lorenzo Pazolini) não é delegado? Isso não é um indício para acender a luz vermelha? O que ele faria se estivesse em nosso lugar? Quem não deve, não teme. Seguirei fazendo o meu trabalho de fiscalização com independência, equilíbrio, cautela e espírito de justiça, protegendo o erário público e os interesses da sociedade acima de qualquer outro”, disse Armandinho.
Esta é a segunda grande derrota de Lorenzo Pazolini em menos de um mês no campo político, aumentando, assim, o desgaste que ele vem sofrendo desde que assumiu o Executivo Municipal em janeiro de 2021. No dia 28 de novembro último, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos refutou acusações sem provas feitas por Pazolini contra o governador Renato Casagrande e, ao analisar documentos, constatou falta de indícios de irregularidades e pontuou que “não há, no presente feito, qualquer elemento que evidencie, neste momento, a participação do Governador (do Espírito Santo), ou de outra pessoa que detém prerrogativa de foto no STJ, nos fatos narrados”. O fato se refere a um discurso que Pazolini fez, em maio deste ano, numa escola de Jardim Camburi em que acusou Casagrande e o Governo de fraude em licitação. O prefeito-delegado corre, agora, de responder por denunciação caluniosa.