O subtenente da Reserva Remunerada Arilton Rapozo Rodrigues Júnior, conhecido como Rapozão, vai ser investigado pela Corregedoria Geral da Polícia Militar pela acusação de dar carteirada para entrar nas dependências da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Doutor Afonso Schwab, localizada na Rua Santo Amaro, em Jardim América, Cariacica. Inicialmente barrado na portaria, porque a escola está em reforma, Rapozão tirou a Identidade Funcional de policial do bolso e mostrou ao engenheiro responsável pelas obras. Ele disse que era policial militar da ativa e que teria que entrar na escola porque estaria investigando uso de drogas dentro do estabelecimento escolar. Na verdade, Rapozão alegou falsa notícia de crime para entrar na escola.
Diante da informação, o engenheiro permitiu a entrada do subtenente. No entanto, ao chegar dentro da escola, Rapozão ligou a câmara de seu celular e gravou um vídeo, fazendo promoção pessoal. Ele, depois, postou o vídeo em suas redes sociais. A Escola Afonso Schwab pertencia ao Governo do Estado e estava fechada. O espaço foi cedido pelo Governo ao Município e começou a ser reformado em setembro de 2021, para se tornar a segunda Escola Cívico Militar de Cariacica.
Rapozão aderiu ao programa Serviço Ativo Voluntário da PM e está cedido à Companhia Especializada de Polícia Escolar (Cepe), onde recebe, por mês, salário de R$ 4.508,38 – com descontos, cai para R$ 3.433,58 –, além de subsídios de aposentado. Ele está no Serviço Ativo Voluntário desde junho do ano passado. Ao se apresentar ao engenheiro da escola como policial da Ativa, Rapozão mentiu, pois militares que atuam no Serviço Voluntário da Ativa são proibidos de fazer policiamento ostensivo, preventivo e investigação. Eles atuam na proteção de patrimônio público e em serviços administrativos da corporação e de órgãos que fazem convênio com a PM.
De acordo com a Procuradoria-Geral do Município de Cariacica, Rapozão chegou à Escola Afonso Schwab às 15h20 da última sexta-feira (11/02). Ele foi informado que não poderia entrar por conta das obras. A Prefeitura havia proibido a entrada de pessoas estranhas em obras por motivo de segurança, para evitar acidentes. Rapozão insistiu, dizendo ser subtenente da PM e que havia recebido inúmeras reclamações referentes a obra que estaria sendo realizada e que, dentre “as reclamações, estaria o uso de drogas pelos funcionários prestadores de serviço na escola”.
O engenheiro teve que sair da escola e Rapozão ficou lá e gravou o vídeo promocional. Ele, que estava à paisano – sem farda –, alega no vídeo que a Escola Cívico Militar é uma conquista da comunidade e encerra dizendo que “Jardim América tem voz”. Ao saber que a Prefeitura de Cariacica o denunciou na Corregedoria, Rapozão retirou o vídeo de suas redes sociais.
No ofício encaminhado ao corregedor-geral da PM, coronel Sérgio Pereira Ferreira, a Procuradoria-Geral do Município de Cariacica informa que Rapozão permaneceu dentro da escola mesmo sem a presença do engenheiro responsável e lá fez as filmagens para postagens em redes sociais. Ocorre, frisa a Procuradoria-Geral, que “o acesso ao interior da escola é vedado às pessoas, salvo os trabalhadores que ali labutam. O acesso somente foi permitido ao senhor Rapozão pelo fato de ele ter se apresentado como Policial”.
O ofício encerra dizendo que, “ao forçar sua entrada em prédio cujo acesso estava vedado utilizando-se para tanta da falsa condição de militar da ativa, além de alegar falsa notícia de crime, incorreu em falta que, a nosso juízo, merece providências desta respeitável Corregedoria”.