Um grupo formado por políticos, advogados e empresários se uniu, nos últimos anos, para atacar instituições e reputação de profissionais com a finalidade de tomar o poder no Espírito Santo. O grupo criminoso sobrevive de extorsão e chantagens a empresas privadas e ao cometimento de irregularidades na contratação de serviços prestados a órgãos públicos. Um de seus integrantes já construiu um patrimônio milionário no Estado fruto de dinheiro obtido por meio de extorsão e de lobby.
O grupo possui quatro núcleos: político, jurídico, financeiro e milícia digital. O político é formado por pessoas que hoje têm mandato parlamentar em diversas instâncias, ex-parlamentares e prefeitos. O braço jurídico tem um influente escritório de advocacia, que conta com Assessoria de Imprensa para deixar um de seus sócios com visibilidade nas mídias tradicionais, servindo como fontes para jornais, rádios, TVs e sítios eletrônicos.
Já o braço financeiro tem empresários, sobretudo, da construção civil, que costumam pagar propina para obter com mais celeridade liberação de obras até em locais de proteção ambiental. A milícia digital é formada por sítios e blogues que produzem fakes news – notícias falsas – e reportagens de cunho calunioso, com objetivo de injuriar, difamar e caluniar adversários do grupo político, atingindo membros do Governo do Estado, promotores e procuradores de Justiça, magistrados – juízes e desembargadores –, advogados e outros profissionais.
Os integrantes da milícia digital são financiados por políticos com e sem mandato. Em alguns casos, até com verbas federais. São pagos para atacar a imagem de membros do Judiciário, do Ministério Público, do Governo do Estado e de profissionais da advocacia que advogam contra integrantes do grupo político.
O escritório de advocacia, localizado em Vitória, tem três sócios – um deles é filho de um dos políticos. Um detalhe que chama a atenção no grupo jurídico é que duas de suas profissionais, que atuam para o escritório, são patronas de diversas ações que têm réus ou investigados integrantes dos braços político e milícia digital.
São advogadas, inclusive, de políticos do grupo que respondem a processos na Justiça Eleitoral. São as mesmas profissionais que assinam todas Iniciais, propostas pelo grupo político e da milícia digital; Inquéritos Policiais; e nas ações que tramitam nas esferas Criminal e Cível. Elas assinam as ações e as defesas como forma de proteger os chefes.
Integrantes dos grupos políticos e jurídico são responsáveis por facilitar a vida de empreiteiros junto a algumas prefeituras capixabas, cujos prefeitos também foram aliciados pelos criminosos. Eles retiram dinheiro de construtoras de empreendimentos imobiliários e ajudam Municípios a contratar serviços com a dispensa de licitações. Nos governos dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro o grupo tinha influência na Superintendência de Patrimônio da União (SPU) e conseguiu liberar construção de prédios residenciais em áreas de preservação ambiental, como a Praia da Bacutia, em Guarapari, e em terrenos de marinha.
Com uma estrutura organizacional forte e ampla, o grupo planeja eleger, em 2022, um número grande de representantes na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Alguns de seus integrantes sonham até mesmo disputa a vaga ao Senado e ao Governo do Estado.