Mais de 400 obras bibliográficas escritas por autores capixabas foram doadas ao sistema prisional capixaba pela Secretaria da Cultura (Secult) e a Biblioteca Pública do Estado do Espírito Santo (BPES). A assinatura do termo de doação foi realizada no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), na quarta-feira (24/11). O evento foi realizado em conjunto com o Tribunal de Justiça, por meio da Vara de Execuções Penais de Vila Velha. As obras irão compor o acervo da biblioteca da unidade prisional que conta com projetos de estímulo à leitura.
“Esse encontro marca o início de uma importante parceria com o sistema prisional e nossa Biblioteca Pública. A literatura auxiliando na ressocialização, na expansão de repertório e na remição de pena. São mais de 400 livros de autores capixabas, o que fortalece ainda mais a importância dessa parceria”, afirmou o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha.
A gerente de Bibliotecas Públicas da Secult e diretora da Biblioteca Pública do Espírito Santo (BPES), Marcelle Coelho Queiroz, explicou a ação. “O objetivo é estabelecer parcerias com a Secretaria da Justiça, levando assim conhecimento a todos, ou seja, nossos municípios e do nosso Estado. É um evento que simboliza a contribuição da obra literária em prol ao fomento da Cultura”, destacou.
A resolução Nº 391/21 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) prevê o direito à remição de pena por meio da leitura de obras literárias, fazendo com que o livro seja um objeto de ressocialização. O subsecretário para Assuntos do Sistema Penal da Secretaria da Justiça (Sejus), Alessandro Ferreira de Souza, ressaltou a importância da leitura para a reinserção social.
“Quando falamos de cultura, falamos de transformação. Exemplos, como o de hoje, com a doação de livros para incentivo à leitura no sistema prisional, mostram a relevância de projetos que promovem a ressocialização e criam oportunidades. A parceria com o Poder Judiciário nessas iniciativas contribui, e muito, para o sucesso das ações. É, sem dúvida, uma grande contribuição que o Estado imprime como fator transformador, fazendo com que a população privada de liberdade tenha acesso à cultura e ao conhecimento”, pontuou Alessandro Ferreira.
A juíza da Vara de Execuções Penais de Vila Velha, Patrícia Faroni, agradeceu a entrega realizada pela Secult e destacou a relevância do estímulo à leitura para a ressocialização. “O estímulo à leitura nos ajuda refletir sobre os processos de mudança em nossa vida, em novas perspectivas e sonhos e, é claro, na ressocialização. Cada ação realizada para os reeducandos, seja com a leitura, a música, o trabalho, estudo ou esporte, reflete como benefício para a sociedade. Não basta apenas o encarceramento. Procuramos desenvolver ações para que o indivíduo saia do sistema prisional em busca de uma nova vida, transformado para o exercício da cidadania e que minimize os riscos do que mais tememos que aconteça, que é a reincidência ao crime”, disse a juíza.
A interna Thyciana Eler de Souza Batista participa do projeto Remição pela Leitura, desenvolvido na unidade prisional. Para ela, os livros são uma verdadeira fonte de conhecimento. “Com a leitura pude aprender muita coisa. Aprendi a falar melhor e a me comunicar de forma diferente com as pessoas. Minha escrita está mais desenvolvida. A leitura nos ensina muita coisa”, frisou.
O evento contou com a apresentação de internos que fazem parte do projeto de música “Tocando em Frente”, desenvolvido pela Vara de Execuções Penais de Vila Velha. O evento aconteceu no Centro Prisional Feminino de Cariacica, com a entrega de livros que também vai atender a Penitenciária Semiaberta de Cariacica, a Penitenciária Semiaberta de Vila Velha e a Casa de Custódia de Vila Velha. A cerimônia contou com a presença de participantes do projeto “A Galeria Tem Voz” e do Projeto “Tocando em Frente”.