Deputado federal, integrante da Executiva Nacional do PSL e delegado de Polícia Federal licenciado, Felício Laterça (RJ) apresentou em uma rede social o que chamou de “quem é Daniel Silveira”, o também deputado federal e ex-policial militar que está preso desde a última terça-feira (16/02) pela acusação de insultar e ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal e incitar violência.
Segundo Laterça, Daniel Silveira, que se autoproclama bolsonarista, teria gravado, sem permissão, conversas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Vamos falar hoje quem é Daniel Silveira e este momento que estamos vivenciando. Conheci o Daniel numa viagem a China, após eleição de 2018. Fizemos essa viagem, junto com outros parlamentares, em janeiro de 2019. Pude conhecer um pouco de seu caráter. Ele não é policial militar; foi expulso da PM do Rio por péssimo comportamento, mas ainda se apresenta como policial. Um homem que se orgulha de ter sido preso várias vezes não merece ser policial”, disse o deputado Felício Laterça, que prossegue:
“Ele me revelou ter gravado conversas de parlamentares dentro do ambiente da Câmara e se valendo disso para se auto promover. Ele disse pra mim que havia gravado o Presidente da República. Ele não mediu o tamanho das ofensas, das ameaças. Se ele xingasse e ameaçasse a sua família? Como você iria agir?”, ponderou o parlamentar Laterça, ao responder críticas por ter votado, em sessão da Câmara dos Deputados, pela manutenção da prisão de Silveira.
A votação na Câmara foi na última sexta-feira (19/02). Por 364 votos a favor, 130 contra e três abstenções, a prisão do deputado Daniel Silveira foi mantida. Ele havia divulgado um vídeo com discurso de ódio e ataques aos ministros do STF.
“Votei a favor da manutenção da prisão. Discussão da ilegalidade é em outro momento. A discussão na Câmara é política”, explicou Laterça.
“Em janeiro de 2019, pude conhecer um pouquinho do caráter do Daniel Silveira. Ele me revelou que já tinha feito gravações de algumas pessoas. Ele tinha esse mau hábito. Acabou gravando conversas de parlamentares dentro da Câmara para se autopromover. Ele disse para mim que também havia gravado o presidente da República. Eu falei: ‘Meu Deus! Que homem é esse?”.
Laterça, que é da ala do PSL próxima ao presidente da legenda, Luciano Bivar, disse que nem mesmo Bolsonaro saiu em defesa de Daniel Silveira, que integra o grupo bolsonarista do partido.
“O (que faria) próprio presidente da República, se souber que já foi gravado por ele (Silveira)? Quem sabe não será relevado com a apreensão dos celulares pela Polícia Federal? Vamos ver se descobrem gravação de conversas dele com o nosso presidente da República. O presidente da República lavou as mãos. Porque o que o Daniel Silveira fez prejudica o governo”, disse, em seu perfil no Instagram.
Daniel Silveira foi expulso da PM do Rio com apenas cinco anos e nove meses de farda
No âmbito do Inquérito nº 4.828/DF, que tramita no STF e é de relatoria do ministro Alexandre de Moraes – Inquérito das Fakes News –, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, denuncia o deputado federal Daniel Silveira por uma série de crimes e ainda traça um perfil do parlamentar enquanto vestia a farda da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
“0 denunciado é um ex-soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, instituição na qual se notabilizou pelo mau comportamento, faltas, atrasos e, sobretudo, a gravação e pastagem de vídeos ofensivos na rede social Facebook ‘com comentários (ofensivos e depreciativos), em alguns deles durante a execução do serviço, fardado e no interior da viatura, erodindo preceitos éticos em vigor’ e ‘repercutindo negativamente a imagem da corporação”, segundo consta da edição de nº 23 do Boletim Disciplinar Reservado (BDR) do órgão, datada de 2 de fevereiro de 2018”.
“Nesse mesmo documento, consta a informação de que durante os cinco anos, nove meses e dezessete dias em que esteve incorporado, o acusado praticou ‘numerosas transgressões funcionais”, que ‘Ihe renderam um total de vinte e seis dias de prisão, cinquenta e quatro dias de detenção, quatorze repreensões e duas advertências’, bem como a abertura de um processo administrativo disciplinar pela Corregedoria que o levou à sua exclusão da Polícia Militar no dia 4 de outubro subsequente, data em que quebrou, ao lado de outros políticos, placa em homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada em 14 de março de 2018 na capital Fluminense”.