A professora e doutora Elda Coelho de Azevedo Bussinguer, coordenadora do Doutorado em Direito da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), foi aplaudida de pé, na manhã desta sexta-feira (13/12), no Palácio Anchieta, ao discursar, de improviso, para os capitães formandos do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais – Pós Graduação e Gestão de Segurança Pública.
Paraninfa da turma, a professora Elda Bussinguer falou da “honra, alegria, emoção” de estar presente à solenidade de formatura. A turma teve 44 alunos – sendo dois delegados de Polícia Civil: Leandro Piquet e Rafaela Almeida de Aguiar. O início da pós-graduação foi em abril deste ano.
“Estamos aqui no Palácio Anchieta, um local carregado de simbolismo e de história. Confesso que saí rica desse curso, porque vocês compartilharam comigo os seus conhecimentos”, agradeceu a professora, que deu ainda outra mensagem:
“Este momento faz parte da nossa história. Eu tenho projetos de vida pessoal. Os meus projetos são projetos da paz. Que vocês sejam profissionais vocacionados e preparados não só para a manutenção da ordem, mas que tenham projetos para a pacificação social; que tenham projetos para a recuperação das fraturas sociais; que sejam homens e mulheres preocupados, sobretudo, com as desigualdades sociais”.
Elda Bussinguer disse reconhecer que a sociedade precisa da força policial, mas ponderou que, ao lutar para a pacificação social, “passaremos a ter menos necessidade da força”.
A força, prosseguiu a professora, é importante para a garantia da ordem. “No entanto, a sociedade necessita de igualdade, paz e respeito aos direitos humanos”. Elda Bussinguer afirmou ainda que “o maior projeto de vocês, capitães e capitãs, é a tranquilidade social”. A professora ensinou:
“Não existe ordem sem paz, comunhão e tranquilidade para se viver nas ruas. Portanto, cabe aos senhores e senhoras viverem esta nova concepção de polícia que nosso País precisa. Vocês são o instrumento para esta transformação, pois são homens e mulheres que sabem acolher”.
Para a madrinha da turma, não há dignidade humana se todos não forem iguais. Elda Bussinguer assegurou que quer continuar ligada a turma que acaba de se formar:
“Vocês são comprometidos com amor, família, crenças e fé. Vocês mantêm a dignidade, acolhimento, solidariedade e paz. Que os laços que nos unem sejam eternos para que eu possa continuar aprendendo com vocês a pacificação”.
Ela encerrou o discurso falando de uma conversa que teve, antes de sair de casa, com seu netinho: “Meu netinho perguntou: ‘Vovó, aonde você vai?’ Respondi que estava indo a uma formatura de Pós-Graduação de um grupo de capitães. Ele reagiu, com a emoção de uma criança: ‘Poxa vovó, eu gosto muito da polícia. Eu quero ser igual a eles”.
A fala da professora causou uma forte emoção entre os presentes no Salão São Tiago, que se levaram para aplaudi-la. Participaram da solenidade os 44 formandos e seus familiares – pais, esposas, esposos, filhos, filhas –, o Alto Comando da Polícia Militar, oficiais e praças convidados, além do governador Renato Casagrande.
A oradora da turma, capitã Elizabeth Pereira Bergamim, falou da alegria que marcou o dia da formatura. “É um marco em nossa carreira, que tanto almejamos”, disse a oficial. Para ela, os laços que unem as Polícias Civil e Militar capixabas – o curso contou com dois delegados – são exemplo de que “a integração é a chave da moderna administração”.
A capitã Elizabeth ressaltou que, durante a Pós-Graduação, os alunos puderam também contribuir com a Academia de Polícia Militara, com a produção de conhecimento científico. Todavia, frisou: “Os conhecimentos adquiridos serão importantíssimos para a nossa carreira”.
Também esteve presente, para prestigiar os antigos colegas, o hoje juiz de Direito Robledo Moraes Peres de Almeida, que, em 2017, deixou a PMES para ingressar na magistratura, depois de ser aprovado com concurso público. Peres é juiz do Tribunal de Justiça do Piauí. Ele era da turma dos capitães que acabam de concluir a Pós-Graduação.
Depois da manifestação da professora Elda, deixaram sua mensagem para os formandos o deputado estadual Alexandre Quintino e o comandante-geral da PM, coronel Márcio Eugênio Sartório. Também falaram o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Sá, e o governador Renato Casagrande.
Todos fizeram questão de parabenizar e cumprimentar a professora Elda Bussinguer, paraninfa da turma, pelo discurso emocionante. Casagrande ressaltou a importância dos oficiais, que agora, segundo ele, estão aptos a serem promovidos ao cargo de major:
“Precisamos de bons profissionais e vocês têm sido importantes no cenário que vivemos no Espírito Santo, que é a redução nos índices de violência. Só conseguimos alcançar essa performance com planejamento e vocês é que vão definir a estratégia da Polícia Militar daqui em diante”, disse o governador, que também enalteceu a integração das Polícias Militar e Civil, o que ficou comprovado na participação de dois delegados no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Renato Casagrande disse reconhecer a defasagem de pelo menos 2 mil policiais na PM, porém, lembrou ter autorizado a ampliação de nomeação de candidatos aprovados nos Cursos de Formação de Soldados e Oficiais, dos concursos iniciados em 2018.
“Estamos encaminhando na valorização dos policiais. O Estado precisa ser competitivo e justo; e um Estado justo é aquele que garante a sua população qualidade de vida, melhor segurança. Vamos colocar o Espírito Santo na vanguarda”.
Renato Casagrande encerrou sua fala pregando, de novo, a pacificação social, assim como fez a professora Elda:
“Precisamos cultivar a cultura da paz no Espírito Santo e no País. O policial tem que estar preparado para fazer o enfrentamento. Mas também temos que preparar esse mesmo policial para preparar a sociedade para a paz”.