Mais de três mil vozes gritaram, na terça-feira (21/05), contra a Reforma da Previdência, em Brasília. Em ato organizado pela União dos Policiais do Brasil (UPB), operadores de segurança pública de todo o País se uniram em frente ao Congresso Nacional para pedir o fim da reforma que retira direitos já conquistados. O Espírito Santo foi representado pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis (Sindipol) e pelas Associações dos Agentes de Polícia Civil (Agenpol) e dos Escrivães de Polícia (Aepes).
Se a reforma passar hoje como está, além de fixar uma idade mínima de aposentadoria para os policiais, que hoje não existe e passaria a ser de 55 anos para ambos os sexos (sem qualquer regra de transição), a proposta retiraria também a atividade de risco policial do texto constitucional; a integralidade e paridade para todos os policiais, independentemente da data de ingresso nas forças, e ainda reduziria drasticamente a pensão nos casos de morte de policial em serviço ou em função dele. Além disso, retiraria a diferenciação do tempo de atividade policial entre homens e mulheres.
A manifestação em Brasília foi pacífica, sem bandeira partidária, e reuniu policiais civis, federais, rodoviários, inspetores penitenciários, agentes sócio educativos, guardas municipais e outros profissionais de Norte a Sul do País. O ato pela aposentadoria policial foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do Sindipol/ES.
O protesto foi organizado pela União dos Policiais do Brasil (UPB) e pela Confederação dos Trabalhadores Policiais Civis do Brasil (Cobrapol), entidades que o Sindipol/ES integra e tem participação ativa
“Bolsonaro (presidente Jair Bolsonaro) foi eleito com a bandeira da segurança pública e simplesmente está punindo os policiais brasileiros que acreditaram nele com essa proposta de Reforma da Previdência. Estamos aqui para garantir o direito de aposentadoria dos policiais”, explicou, durante o ato, o vice-presidente da Cobrapol, Giancarlo Miranda.
Os diretores do Sindipol/ES, da Agenpol e Aepes foram à Brasília representar os policiais civis capixabas:
“Não podemos permitir mais abusos, já sofremos com o sucateamento da Polícia Civil e agora querem tirar nossos direitos básicos. É uma questão de dignidade e clareza. Nós, policiais, corremos risco de morte, pois damos a vida em defesa da sociedade. Hoje, demos nosso recado aqui em Brasília”, disse o presidente do Sindipol/ES, Jorge Emílio Leal,
Para os profissionais de segurança, se o texto original do governo Bolsonaro for aprovado trará sérios prejuízos para os policiais brasileiros. Por isso, junto com o deputado federal Hugo Leal (PSD/RJ), a UPB propõe uma emenda, apelidada de Emenda da Segurança Pública, para garantir mudanças no projeto de Reforma da Previdência. A emenda já conta com o apoio de 266 deputados federais, alguns participaram do ato em Brasília.
A manifestação de terça-feira foi para mostrar a força dos profissionais de segurança na semana em que a reforma será discutida em audiência pública na Comissão Especial.
“Sem a polícia, escola, hospital e até Congresso, nada funciona nesse País. Nós temos força e precisamos conscientizar os colegas sobre a nossa importância”, ressaltou Jorge Emílio.
O vice-presidente do Sindipol/ES, Humberto Mileip, também falou sobre a reforma e da força dos profissionais da segurança.
“A gente sabe que muita coisa tem que ser feita, mas é preciso atacar privilégios, não atacar trabalhador que garante a segurança da sociedade. Apresentamos as mudanças na emenda, se não houver essa correção na proposta de reforma previdenciária faremos um movimento mais contundente. Não é isso que queremos e não é isso que a sociedade precisa. Mas estamos dispostos a lutar até o fim para garantir o direito de aposentadoria dos policiais e profissionais de segurança pública”, pontuou o vice-presidente do Sindipol/ES.
Presidente da Fenapef fala em “retrocesso”
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, também se manifestou durante o ato em Brasília:
“Não somos contra uma reforma, queremos deixar claro isso, mas esperávamos que o governo tivesse uma visão diferenciada do nosso trabalho e das nossas especificidades. Não podemos permitir retrocessos como esses”, afirma Boudens.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), André Gutierrez, o ato dessa terça não foi político, mas é importante que haja o apoio dos parlamentares e do governo federal.
“Nós sabemos o que estamos fazendo aqui. Estamos desacreditados do que nos foi prometido durante toda a campanha eleitoral e após a instalação do novo governo. Estão nos tirando tudo o que já conquistamos. Essa luta é exemplo de união, independentemente da entidade.”
Durante o ato, diversos deputados federais passaram pelo trio que abrigava as lideranças das entidades presentes. Entre eles, Ubiratan Sanderson, também policial federal. “Ninguém é mais forte do que todos nós juntos”, bradou o parlamentar, que prometeu fortalecer a luta da categoria dentro da Câmara. O senador capixaba Marcos Do Val também foi até os manifestantes levar seu apoio.
Emenda
Na última semana, foi protocolada na Câmara dos Deputados, pelo deputado Hugo Leal, a chamada Emenda da Segurança Pública. Essa foi a primeira emenda a ser registrada com esse conteúdo na Casa e teve 266 assinaturas válidas. O texto foi construído pela UPB e assegura regras justas de aposentadoria que estão sendo suprimidas na atual proposta do governo.
Agora, a emenda aguarda análise da Comissão Especial da Reforma e, posteriormente, do plenário da Câmara.