Morreu na madrugada desta segunda-feira (28/05) um dos mais renomados juristas do País, doutor Agesandro da Costa Pereira, que presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/ES) entre 1985 a 1989. Depois, retornou à Presidência da OAB/ES em 1991, sendo reeleito sucessivamente até 2006. Nos vários períodos em que presidiu a Ordem, Agesandro da Costa Pereira foi um dos símbolos da luta contra o crime organizado no Espírito Santo, defendendo, sobretudo, os interesses da sociedade e o respeito à dignidade da pessoa humana.
Agesandro Pereira, que tinha 88 anos, estava internado desde o dia 17 de maio de 2018, na UTI do Hospital da Unimed, em Vitória. Ele estava com quadro de infecção, pois há um ano e meio passou a sofrer de uma anemia crômica, segundo a família. O velório acontece na sede da OAB-ES, na rua Alberto Oliveira Santos, 59, Centro de Vitória. A qualquer momento, será informado o local do sepultamento.
Nas redes sociais, amigos, colegas advogados, magistrados e membros do Ministério Público publicaram mensagens de solidariedade a família e de agradecimentos pelos ensinamentos e legado deixados pelo doutor Agesandro da Costa Pereira.
“O doutor Agesandro da Costa Pereira, Advogado, Presidente da OAB/ES por vários mandatos, foi um dos poucos agraciados com Medalha Rui Barbosa, ex-professor da UFES, inspirador e Patrono de várias gerações de advogados capixabas. Um homem de bem. Vá em paz mestre!”, comentou advogado Luciano Ceotto.
Juíza da Vara da Infância e Juventude de Vila Velha, Patrícia Pereira Neves também se manifestou, lembrando que, em sua primeira audiência como magistrada, chegou a “tremer” ao se deparar com dois símbolos da advocacia capixaba: Agesandro da Costa Pereira e Paulo Silveira:
“Em minha primeira semana na magistratura fui adjunta dos juízes de Vila Velha (eram oito, então). Em minha primeira audiência, cível, deparei-me com os Drs Agesandro e Paulo Silveira. Tremi, suei e tive vontade de pedir exoneração porque nada nos prepara para iniciar carreira (no então rito sumaríssimo, com trocentas liminares a serem imediatamente decididas e sentença a ser prolatada) sob as vistas competentes, combativas, altivas e respeitosas de dois dos ‘monstros sagrados’ da advocacia.
E lhes disse isso, longe das partes. E Dr Agesandro me disse: V. Exa. foi aprovada em concurso, demonstrou para o TJES ter competência, agora demonstre para si mesma e para nós ser filha de seu pai. Eu fiz a audiência. Decidi preliminares. Prolatei sentença. E agradeço grandemente a Dr Agesandro por ter me feito entender a dimensão de minha missão, não apenas como magistrada, mas como filha de quem sou. Vai em paz, grande mestre! Boa viagem de volta para casa!”
Em nota, a OAB/ES comunicou o falecimento do doutor Agesandro, salientando que ele “marcou a história da OAB-ES e da advocacia brasileira e, por seus méritos e coragem cívica, recebeu a medalha Ruy Barbosa, a mais alta condecoração do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.”
Para a OAB/ES, “perdemos um homem extraordinário que, como poucos, viveu os princípios da Ordem e da Advocacia. Agesandro da Costa Pereira foi um defensor dos direitos humanos e liderou a sociedade civil capixaba em um dos momentos mais duros de nossa história, na luta contra o crime organizado. A advocacia capixaba e a advocacia brasileira amanheceram de luto hoje.”
“Agesandro entra para a história do nosso Estado como um importante defensor das instituições democráticas”, diz governador
Em nota divulgada no início da manhã desta segunda-feira, o governador Paulo Hartung destacou a trajetória de Agesandro da Costa Pereira. O governador decretou luto de três dias no Espírito Santo:
“Foi com tristeza que recebi nesta segunda-feira a notícia do falecimento do doutor Agesandro da Costa Pereira. Mais do que um ex-presidente da OAB com atuação notável, Agesandro foi um dos principais líderes da sociedade civil organizada num dos momentos mais difíceis do Estado, quando o crime organizado dominava as instituições. À frente da OAB e no Fórum Reage Espírito Santo, Agesandro atuou de forma essencial para o resgate das instituições públicas e contribuiu para a virada de página do Estado como um militante ativo da ética e legalidade. Agesandro, sem dúvida, entra para a história do nosso Estado como um importante defensor das instituições democráticas. Perdi um grande amigo. Sou admirador da sua trajetória e do trabalho que realizou a favor dos capixabas”.