Os números não mentem. O governador Paulo Hartung (PMDB), o ex-secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, o pernambucano André Garcia, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, encheram a boca para anunciar a abertura de concurso para o preenchimento de 250 vagas para o Curso de Formação de Soldados (CFSD) e mais 30 vagas para o Curso de Formação de Oficiais, totalizando 280 novas contratações previstas para os próximos três anos.
O CFO tem duração de três anos, a partir do momento que os oficiais vão para a sala de aula. Já pela nova lei das praças, o Curso de Formação de Soldados vai durar dois anos: um ano de formação teórica e mais um ano de estágio.
Ocorre que, de acordo com o Boletim Geral da Polícia Militar n° 01, de 4 de janeiro de 2018, a previsão apenas para este ano é de 290 aposentadorias. Ou seja, o concurso previsto para começar em 2018 – se não houver atraso, os soldados irão para as ruas depois de 2020 – não será suficiente para recompor as aposentadorias deste mesmo ano.
Vale registrar que o último edital de concurso para soldados da PMES é de 18 de julho de 2013, ainda no governo de Renato Casagrande. Significa que a PM está no quinto ano sem concurso para o cargo de soldados. Foram abertas mil vagas na ocasião.
Continuando nessa toada, o resultado será o seguinte: como já demonstrado, as vagas para o concurso previsto para 2018 não serão suficientes para recompor o efetivo que se aposentará no mesmo ano.
E mais: de acordo com a Secretaria Estadual de Gestão e Recursos Humanos (Seger), até o final de 2022 serão mais 1.108 policiais militares aposentados. É como se deixassem de existir, por exemplo, os Batalhões de Vila Velha e Serra. Neste ano de 2018, são 185 aposentadores previstas, de acordo com a Seger.
O futuro governador – caso Paulo Hartung não dispute a reeleição ou, se disputar, ele perca as eleições de outubro – vai iniciar a gestão em 1º de janeiro de 2019 já sabendo que, no próximo ano, serão 283 policiais militares aptos a irem para a Reserva Remunerada. Em 2020, vão mais 279 para a reserva; em 2021, 282 PMs se aposentarão; e, em 2022, último ano da futura gestão, serão 264 policiais a se aposentarem. Os dados constam no Relatório de Tempo de Serviço para Reserva, elaborado pela Seger na terça-feira passada (08/05).
Em tempo: apesar de anunciado por Hartung, André Garcia e Nylton Rodrigues com todas as pompas e com direito a manchetes nos jornais, rádios e TVs, o concurso para a PM ainda não saiu do papel; sequer existe um edital publicado. E, mesmo quando o edital for publicado, vai levar o prazo de dois anos até que os policiais militares formados estejam efetivamente nas ruas.
A conta do governo, que se gaba de ser craque nos números, não fecha.