Membros do Ministério Público do Estado do Espírito Santo e da Magistratura saíram às ruas de Vila Velha e Vitória, na tarde de domingo (05/12), para protestar contra a corrupção e a impunidade. Ao mesmo tempo, pediram e conquistaram o apoio da população ao MP e à Justiça. Quando adentraram na Praça do Papa, por volta das 16h30, promotores, procuradores de Justiça e magistrados foram recebidos com aplausos e um “viva o Ministério Público” por uma multidão de mais de 3 mil pessoas. O povo também gritou: “Ninguém vai calar o Ministério Público”.
Desde cedo, os Membros do MP se concentraram na portaria da sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no bairro Santa Helena. Um carro de som, contratado pela Associação Espírito-Santense do Ministério Público (AESMP), serviu para animar a manifestação e conduzir as pessoas até a Praça do Papa. Sob chuva, por volta das 15 horas os manifestantes deixaram a sede da PGJ, pela rua Procurador Antônio Benedicto Amancio Pereira, e saíram em direção à Praça do Papa, passando pela avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Por onde passavam, eram saudados por buzinaço.
Houve uma parada para fotos em frente à Assembleia Legislativa, onde os promotores, procuradores de Justiça e seus familiares ganharam apoio de pessoas que estavam no ponto de ônibus:
“Eu apoio a luta dos promotores de Justiça e dos juízes. É uma luta boa, contra a corrupção”, disse o comerciante Reinaldo Rodrigues, 40 anos, que há 15 anos trabalha como vendedor de churros.
Presidente do TRE destaca união entre Membros do MP e da Magistratura
Depois de passar por debaixo da Terceira Ponte, o grupo se dirigiu à escadaria do Tribunal de Justiça, onde dezenas de juízes estaduais, federais e do Trabalho já aguardavam os membros do Ministério Público. Todos se uniram, com suas faixas de protesto, para mais uma foto:
“Essa união (dos operadores do sistema de Justiça) é muito importante para mostrar ao Congresso Nacional nossa insatisfação com a aprovação de leis que visam impedir os trabalhos da Justiça e do Ministério Público. As investigações contra a corrupção não podem ser prejudicados. A meu ver, esta é a primeira vez que magistrados e promotores de Justiça se unem em uma manifestação de rua”, salientou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Sérgio Luiz Teixeira Gama.
Nem a chuva desanimou o grupo. Da porta do Palácio da Justiça, juízes e promotores de Justiça se dirigiram a pé para a Praça do Papa, entrando de novo na avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Mais uma vez, ganharam o apoio dos motoristas que transitavam pela região.
Os animadores da manifestação que estavam em cima de um carro de som dos Grupos “Vem pra Rua” e “Vitória da Ética” receberam os promotores de Justiça e magistrados na Praça do Papa com aplausos e gritos de “a Lava Jato é do povo”, numa referência à operação desencadeada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, responsável pela prisão de dezenas de acusados de corrupção, no esquema conhecido como Petrolão. Também gritaram “vivas” ao juiz federal Sérgio Moro, magistrado responsável pelos processos da Lava Jato.
Neste momento, a multidão aplaudiu os Membros do Ministério Público e da Magistratura, gritando palavras de ordem como: “Lugar de corrupto é na cadeia”; “a Lava Jato não vai parar”; “Ninguém vai calar o Ministério Público”; “a Justiça não vai se intimidar”; “Ministério Público forte, é a sociedade protegida!”
Doutora Catarina Cecin pede para Congresso ouvir a voz das ruas
Decano do Colégio de Procuradores do Ministério Público Estadual, a procuradora de Justiça Catarina Cecin Gazele demonstrou sua galhardia e disposição por toda a caminhada e durante o protesto na Praça do Papa.
“A emoção que estamos vivendo aqui nesta tarde de domingo é muito forte. O povo dá mais uma demonstração de que está ao lado do Ministério Público e da Justiça. O Congresso Nacional quis foi cortar as garantias e prerrogativas, como a independência, dos Membros do Ministério Público, com o objetivo de enfraquecer o MP e o Judiciário. É importante que os parlamentares ouçam a voz do povo brasileiro; ouçam a voz das ruas”, frisou Catarina Cecin, segurando uma das faixas de protesto.
Outro grupo de promotores e procuradores de Justiça saiu de Vila Velha ao mesmo tempo em que seus colegas deixavam a sede da Procuradoria-Geral de Justiça. De Vila Velha, eles chegaram à Praça do Papa pela Terceira Ponte, vindo a pé até Vitória.
“Jamais deixaremos de fazer nosso trabalho”, garante diretor da AESMP
O 1º Diretor Financeiro da AESMP, o promotor de Justiça Maxwell Miranda Araújo, subiu ao caminhão de som para falar ao público presente à Praça do Papa – mais de 3 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Ele garantiu que o Ministério Público não vai se calar, mesmo diante das ameaças dos políticos:
“O Ministério Público não pode ser punido por denunciar criminosos. Não vamos nos calar; jamais deixaremos de fazer nosso trabalho, mesmo com essas ameaças. A Câmara dos Deputados, lamentavelmente, aproveitou momentos de consternação, provocada pela tragédia da Chapecoense – acidente aéreo ocorrido no dia 28 de novembro, na Colômbia, que matou 71 pessoas, maioria delas jogadores, dirigentes e comissão técnica do time da Chapecoense, além de jornalistas, que iria a Medellín disputar o primeiro jogo pela Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional –, e na calada da madrugada aprovou projeto de lei que pune juízes e promotores de Justiça. Não podemos aceitar”, protestou Maxwell Miranda Araújo.
Diretor Administrativo da AESMP, Pedro Ivo de Sousa também levou sua mensagem aos manifestantes. Agradeceu o apoio popular dado à Magistratura e ao Ministério Público e garantiu que “nada vai parar as investigações contra organizações criminosas”. O promotor de Justiça Pedro Ivo parabenizou à Polícia Federal, o juiz Sérgio Morro e os procuradores da República que atuam na Lava Jato:
“Nada vai parar a Lava Jato. Não vamos aceitar interferência. O juiz Moro, o doutor Deltan Dallagnon e toda equipe da Polícia Federal contam com o apoio da sociedade brasileira”, disse Pedro Ivo.
(Fonte: Portal da AESMP)