O Clube Militar, o Clube Naval e o Clube de Aeronáutica, dirigidos por oficiais da reserva de alta patente, garantiram nesta quinta-feira (31/03) que “o grave momento” que o Brasil atravessa “será vencido”. Pontuaram ainda sua confiança “em nossas gloriosas Forças Armadas, guardiãs da democracia e da liberdade que se mantêm em permanente vigília contra eventuais rupturas da ordem constitucional”.
A nota, cujo conteúdo o Blog do Elimar Côrtes teve acesso em primeira mão, foi lida pelo general de divisão Gilberto Rodrigues Pimentel, presidente do Clube Militar, durante almoço alusivo aos 52 anos do dia 31 de março de 1964, quando aconteceu o golpe militar. A nota é assinada ainda pelos presidentes do Clube Naval e do Clube de Aeronáutica, respectivamente, o vice-almirante Paulo Frederico Soriano Dobbin e o major-brigadeiro do Ar Marcus Vinícius Pinto Costa.
Os três oficiais fazem uma comparação do momento atual com a crise instalada em 1964, quando o presidente João Goulart (Jango) foi deposto. Hoje, a presidente Dilma Roussef (PT) sofre um processo de impeachment, instalado pela Câmara dos Deputados. O governo está todo acuado – perdeu o apoio do PMDB – devido a diversas denúncias de corrupção.
O auge é a Operação Lava Jato, que investiga o roubo de bilhões de reais da Petrobras. As investigações já atingiram o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a ser nomeado ministro da Casa Civil para tentar escolher foro privilegiado para ser processado – a própria Justiça suspendeu a nomeação de Lula.
Enquanto o Congresso analisa o impeachment e a Polícia Federal e o Ministério Público Federal continuam investigando a roubalheira na Petrobras, a presidente Dilma fala que está sendo vítima de golpe, o que é contestado pelo Supremo, pelos militares das Forças Armadas e pela sociedade em geral.
“Presidente dotado de amplos poderes, conforme a tradição republicana brasileira, Jango (João Goulart) estimulou ou consentiu no aparelhamento dos órgãos do Governo e do Estado por sindicalistas e políticos corruptos e levou a economia nacional a uma de suas mais graves crises”, diz trecho na nota, algo semelhante ao que ocorre hoje.
A nota prossegue: “Nos 21 anos subsequentes, cinco governos militares se sucederam, enfrentando, de início, as guerrilhas urbanas e rurais que assolaram o Brasil, treinadas, armadas e financiadas por governos estrangeiros. Todas foram derrotadas. Seus seguidores foram anistiados e recebidos de volta pela mesma Pátria que tentaram destruir. Hoje, alguns ocupando cargos públicos de destaque, enganam a população, ao repetir com certo orgulho que ‘pegaram em armas contra a ditadura’, quando, na realidade, lutavam para implantar no Brasil a tão almejada por eles ‘ditadura do proletariado”.
Para os representantes dos três Clubes Militares, mesmo passados 52 anos da “Revolução Militar”, percebe-se nos dias atuais “alguma semelhança entre os dois momentos da vida nacional.” O general de divisão do Exército Gilberto Rodrigues Pimentel, o vice-almirante Paulo Frederico Soriano Dobbin (Marinha) e o major-brigadeiro do Ar Marcus Vinícius Pinto Costa destacam na nota que “a corrupção em elevada escala e cujo custo, hoje, vem sendo medido em bilhões de reais, a ponto de conduzir a uma situação embaraçosa a maior empresa (Petrobras) do País, fazendo-a cair vertiginosamente no ‘ranking’ das maiores companhias petrolíferas do mundo.”
Os três oficiais pontuam também que hoje o Brasil vive uma “situação de normalidade democrática, traduzida pelo livre funcionamento das instituições republicanas, notadamente o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal.” Porém, ressaltam que a “nação padece por conta de três perversas crises: a econômica que maltrata a população com crescente inflação e redução do emprego; a política, produzida por um governo fraco, inerte, sem respaldo popular, com uma base parlamentar desfigurada e envolvido com escândalos de toda a sorte; e a moral, causada pela corrupção sem precedentes a conspirar contra a democracia e os valores éticos nacionais.”
Leia aqui a íntegra da nota oficiais, intitulada de ‘Memória, o Movimento Democrático de 1964’
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