Morreu na manhã desta quinta-feira (24/01) o procurador de Justiça aposentado Ulysses Gusman, que tinha 80 anos de idade. Ele já estava enfermo, depois de ter sido diagnosticado com câncer. Ulysses Gusman morreu em casa, no apartamento que residia com a família, em Jardim da Penha, em Vitória. O corpo será velado a partir das 15h30 desta quinta-feira, no Cemitério Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra, onde será enterrado às 10 horas de sexta-feira (25/01).
Natural de Guaçuí, o procurador de Justiça Ulisses Gusman nasceu no dia 6 de dezembro de 1938. Filho de Miguel Gusman Junior e Corina Tristão Gusman, casou-se com Olga Bardi Gusman, com quem teve três filhos: Ulisses, Rachel e Alex Antônio, já falecido. Rachel Gusman é promotora de Justiça da ativa.
Em 1968, Ulysses Gusman se formou pela antiga Faculdade de Direito do Espírito Santo (hoje Ufes). Fez especialização em Direito do Estado, pela Consultime, e em Direito Penal e Processo Penal, pela Universidade Gama Filho.
Ingressou no Ministério Público do Espírito Santo em 1970. Foi nomeado para exercer, em caráter efetivo, o cargo de promotor substituto no dia 6 de julho e designado para funcionar na 11ª Zona Judiciária, na comarca de Linhares.
Atuou também nas comarcas de Aracruz, Domingos Martins, Anchieta, Aracruz, São Mateus, Conceição da Barra, São Gabriel da Palha, Mantenópolis, Mucurici, Santa Teresa, Ecoporanga, Nova Venécia, Pinheiros, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim, Conceição do Castelo, Vitória e Vila Velha.
Durante a carreira ministerial, foi promovido diversas vezes por merecimento. No dia 14 de setembro de 2004, recebeu o título de Honra ao Mérito em comemoração ao Dia do Cidadão Vitoriense. De 7 a 24 de março de 2006, exerceu a função de subprocurador-geral de Justiça Judicial.
Além da carreira ministerial, Ulysses Gusman trabalhou na Companhia Vale do Rio Doce e foi professor universitário, a partir de 1981. Lecionou Direito Penal na Faculdade de Direito de Colatina (hoje Unesc); na UVV; na Fanorte, em Linhares; Univix e Faculdade Nacional, ambas em Vitória. Também deu aula de Direito Penal e Processo Penal na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Aposentou-se voluntariamente em 19 de novembro de 2008, após 38 anos dedicados ao Ministério Público estadual.
Ulysses Gusman deixou a marca de sua gratidão no livro “Trajetória de Uma Vida”
Em dezembro de 2016, Ulysses Gusman lançou seu primeiro livro, “Trajetória de Uma Vida”, no auditório da Sede Administrativa da Associação Espírito-Santense do Ministério Público (AESMP), em Bento Ferreira, Vitória. O livro retrata a trajetória desse cidadão que foi um dos baluartes do “Parquet” capixaba. Decidiu escrever o “Trajetória de Uma Vida” como forma de gratidão às pessoas que ajudaram, sobretudo a sua família, na sua formação como cidadão e jurista:
“Quando meu pai, o servidor público municipal de Linhares Miguel Gusman Júnior, morreu em julho de 1953, minha mãe (Corina Tristão Gusman) enfrentou dificuldades para cuidar dos filhos. Ela tinha apenas um pequeno salário de professora do interior. Foi aí que surgiu a figura do cidadão Gerles Gama em nosso caminho. Ele era presidente da Câmara de Vereadores de Linhares e propôs ao legislativo a criação de um projeto de lei para que os vencimentos de meu pai fossem transformados em pensão para minha mãe. A Câmara aprovou e o prefeito Joaquim Calmo transformou em lei. Sou grato a esses cidadãos e também a outros tantos, como os médicos que cuidaram de minha enfermidade quando fiquei internado”, relembrou o doutor Ulysses Gusman, na ocasião do lançamento do livro.
“Meu pai foi interventor do Município de Lingares por duas vezes durante a ditadura de Getúlio Vargas e, mesmo assim, foi nomeado interventor pelo Governador do Estado do Espírito Santo”, diz Ulysses Gusman.
No livro, o autor reproduz 22 discursos que proferiu por diversos momentos de sua história ministerial. Muitos dos discursos são homenagens que ele fazia a colegas no momento de posses deles como procuradores-gerais de Justiça.
Ulysses Gusman reescreveu também 14 homenagens que recebeu, principalmente, nas sessões das Câmaras e nas reuniões do Pleno do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo.
“Comecei a imaginar o livro quando ia a sessões do Tribunal Pleno substituir o Procurador-Geral de Justiça. Via que desembargadores como José Eduardo Grandi Ribeiro, Geraldo Corrêa da Silva, Antônio José Feu Rosa, dentre outros, tratavam os Membros do Ministério Público com muita cordialidade e respeito.”
Em dezembro de 2016, em entrevista ao Portal da AESMP, Ulysses Gusman não evitou falar de temas modernos, como a tentativa de alguns políticos em criar projetos de lei que visam reduzir a independência do Ministério Público e do Judiciário, ao mesmo tempo que objetivam punir promotores de Justiça e magistrados: “Todo órgão que visa garantir a moralidade é combatido. Não se pode punir membros do MP e da Magistratura por conta de suas atribuições constitucionais”.
Na época, ele deu nota 10 à Operação Lava Jato, conduzida por procuradores da República e pela Polícia Federal. “A Lava Jato trouxe de volta um sentimento de brasilidade ao nosso povo. A Operação Lava Jato é uma bênção de Deus e o juiz Sérgio Moro é um magistrado corajoso. Aliás, coragem é o que não pode faltar a um magistrado. Eu mesmo só trabalhei, ao longo de 38 anos de carreira ministerial, com juízes corajosos”, afirma Ulysses Gusman, que doou toda renda arrecadada com a venda do livro para o Asilo dos Idosos de Vitória.
(Com informações também dos Portais da AESMP e do MPES)