Eram cerca de 15 horas desta segunda-feira (29/12) quando o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, André de Albuquerque Garcia, saiu do gabinete do secretário de Estado Extraordinário de Ações Estratégicas, Álvaro Rogério Duboc Fajardo, no nono andar do Palácio da Fonte Grande, e foi até a garagem. Ele estava no gabinete desde as 14 horas, para participar de mais uma reunião do Programa Estado Presente – a última do ano e da gestão do governador Renato Casagrande (PSB).
André Garcia saiu do gabinete, onde estavam também o procurador geral de Justiça, Eder Pontes, e o promotor de Justiça Paulo Panaro, e foi se encontrar com Renato Casagrande, que acabara de chegar em um carro oficial. Garcia foi dar pessoalmente ao governador a informação de que seu nome fora confirmado, pelo governador eleito, Paulo Hartung (PMDB), para permanecer à frente da Sesp. André Garcia subiu no elevador com Renato Casagrande. Antes de chegarem à sala de reuniões do Estado Presente, os dois tiveram mais uma rápida conversa a sós.
Em seguida, Garcia participou da reunião, mas não fez pronunciamento. Ouviu atentamente todas as explicações sobre estatísticas e investimentos dadas pelo secretário Álvaro Duboc dentro das ações do Estado Presente. Ouviu, inclusive, Álvaro Duboc se despedir dos demais integrantes do governo do Estado, informando que, a partir de sexta-feira (02/01), estará de volta à Superintendência Regional da Polícia Federal, onde é delegado. A esta altura, Álvaro Duboc já tinha conhecimento também do nome de seu sucessor.
Ao final da reunião, André Garcia foi elogiado pelo governador Renato Casagrande, que ressaltou suas qualidades como gestor: “O André (Garcia) começou no governo nesta Secretaria, a de Ações Estratégicas. Passou pela Secretaria de Justiça e está na Segurança Pública”, lembrou Casagrande, que também agradeceu e elogiou Álvaro Duboc.
Fim da reunião e André Garcia teve de sair rapidamente. Estava se dirigindo para o escritório particular de Paulo Hartung, em Vila Velha, onde, no final da tarde, concederia entrevista coletiva sobre a sua permanência na Secretaria de Segurança Pública.
Antes da coletiva, Paulo Hartung anunciou também o nome do promotor de Justiça Evaldo Martinelli como futuro titular da Secretaria de Estado Extraordinária de Ações Estratégicas, criada no governo de Renato Casagrande. Entra exatamente no lugar de Álvaro Duboc. Martinelli, que foi secretário de Segurança do próprio Paulo Hartung entre o final de 2005 e 2006, passa a ser o novo coordenador do Programa Estado Presente.
Hartung toma posse na quinta-feira (01/01) e já declarou que não deve assumir com todas as pastas com seus respectivos titulares. Nesse sentido, Hartung anunciou também a permanência do delegado federal Eugênio Ricas como titular da Secretaria de Estado da Justiça.
Os nomes anunciados até agora são: Andreia Lopes (Secretária de Estado de Comunicação), coronel Nivaldo Vieira (chefe da Casa Militar); Ângela Silvares (Secretaria de Governo; o promotor de Justiça Marcelo Zenkner (Secretaria de Controle e Transparência); Haroldo Rocha (Secretaria de Estado da Educação); Ricardo de Oliveira (Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos); Rodrigo Rabello (procurador geral do Estado); José Eduardo Faria de Azevedo (Secretaria de Estado de Desenvolvimento); Octaciano Neto (Secretaria de Estado da Agricultura); Paulo Pelissari (diretor-presidente da Faculdade de Música do Espírito Santo); Renzo Colnago (diretor-presidente da Prodest); Orlando Caliman Júnior (subsecretário de Desenvolvimento); Andrezza Rosalém (Instituto Jones Santos Neves); e Ângela Pitanga (Chefe do cerimonial do Palácio Anchieta).
Demora no anúncio do nome já preocupava gestores da segurança pública
A demora do governador eleito Paulo Hartung em definir o nome de seu futuro secretário de Segurança Pública já estava causando uma certa preocupação entre os gestores da área. Até o final da reunião do Estado Presente desta segunda-feira, poucas pessoas sabiam que André Garcia iria continuar no cargo até escolha definitiva do novo titular – Hartung insiste em um nome de fora do Estado, que pode ser do delegado federal Roberto de Sá.
“A segurança pública precisa de um norte; precisa de um gestor para cobrar e instruir seus colaboradores nas Polícias Civil e Militar sobre como deverá ser a gestão da Pasta no futuro governo”, disse um assessor próximo de André Garcia.
Muitos nomes foram cogitados para o cargo de secretário de Segurança Pública. O sonho de Paulo Hartung era o delegado federal Roberto Cesário de Sá, atual subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Convite já foi feito, mas Roberto de Sá recusou. No entanto, novas conversas poderão ser mantidas com ele no futuro.
Ao optar pela permanência de André Garcia, todavia, Paulo Hartung acerta em cheio. Garcia deu nova cara à Secretaria de Segurança Pública e seu trabalho é muito respeitado pelos profissionais de segurança pública e pela sociedade. É um profissional de diálogo.
Não haverá problema algum se Hartung não conseguir um nome de fora para o cargo. Aliás, André Garcia é de fora, mas não se trata de forasteiro. Ele é procurador do Estado de Pernambuco, já se sente um capixaba e profundo conhecedor da segurança no Espírito Santo. Chegou aqui em 2008, quando foi subsecretário de Segurança na segunda gestão de Rodney Miranda à frente da Sesp. Em 2010, assumiu a titularidade da Pasta. Pode continuar no cargo por muito mais tempo. Pode ir além de uma possível a interinidade.
Paulo Hartung acerta também com a permanência de Eugênio Ricas na Secretaria de Justiça, onde vem desenvolvendo um excelente trabalho de humização e moralização dentro dos presídios e na administração da Pasta.