Quatro deputados estaduais se revezaram, no último dia de sessão do ano antes do recesso, na Tribuna da Assembleia Legislativa do Espírito Santo em críticas ao governo do Estado e, mais especificamente, ao secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff. Foram injustos e demonstraram algo que é inerente à maioria dos políticos: a ingratidão.
Esperar gratidão de políticos é querer demais, não é mesmo? Porém, Gilsinho Lopes (PR), Rodney Miranda (DEM) e os sempre moderados e fidalgos Josias Da Vitória (PDT) e Luciano Rezende (PPS) foram injustos em suas críticas ao secretário Henrique Herkenhoff.
Os quatro parlamentares foram ingratos com Herhenhoff durante críticas disparadas contra o secretário da Segurança, no momento em que estava sendo votado um projeto de Lei Complementar do governo do Estado que permite também a volta aos quadros da ativa da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de oficiais da reserva. Uma outra lei, de 2008, de autoria do governo Paulo Hartung, já permitia a volta de praças.
Diziam os deputados que Herkenhoff evitou discutir com eles mudanças na proposta original do governo. Ora, o governador Renato Casagrande escalou o seu secretário chefe da Casa Civil, Luiz Ciciliotti, para discutir o assunto. Henrique Herkenhoff deixou de comparecer somente a duas reuniões com os deputados.
Este ano, desde que tomaram posse, Renato Casagrande e Henrique Herkenhoff têm atendido reivindicações corporativistas dos deputados da bancada da segurança púbica: Da Vitória – que é cabo da reserva remunerada da PM –, Gilsinho Lopes – delegado licenciado da Polícia Civil – e Rodney Miranda – delegado licenciado da Polícia Federal e que já foi secretário da Segurança Pública do Estado.
Graças a Henrique Herkehoff, Gilsinho Lopes conseguiu, enfim, emplacar a nomeação de mais de 300 investigadores da Polícia Civil, num processo que já durava quase 20 anos. Graças ao secretário da Segurança Pública, o mesmo deputado conseguiu fazer com que o governador Casagrande enviasse à Assembleia Legislativa projeto de lei que permitiu a promoção de mais de 50 delegados aos quadros de categoria especial da Polícia Civil. Graças a Herkenhoff, Gilsinho conseguiu fazer com que o governo passasse a pagar gratificação por função a policiais civis. Querem mais?
Graças a Henrique Herkenhoff, Josias Da Vitória também pôde apresentar projetos indicativos em favor de policiais militares e bombeiros militares, como a nova escala de trabalho que permite os militares terem mais folga dentro de um mês. Graças a Herkenhoff, o mesmo Da Vitória fez – e o governo deverá aprovar a qualquer momento – um projeto indicativo que permite a inserção de uma nova escala especial, que passa a ser chamada de escala suplementar, que permitirá um soldado em início de carreira em aumentar seu salário em mais de R$ 600,00 – sem falar o que eles já ganham com a escala especial. Quem mais?
Rodney Miranda tem apresentado também propostas para a área de segurança, como a adoção de um novo estatuto da Polícia Militar. Gilsinho Lopes e Da Vitória, todavia, obtiveram mais resultados positivos.
A alegação dos deputados de que o secretário da Segurança Pública é de pouco diálogo cai por terra facilmente. Henrique Herkenhoff abre seu gabinete para entidades de classe dos policiais civis e militares, que constantemente se reúnem com ele. Herkenhoff participa constantemente de reuniões externas com oficiais e delegados, sempre regadas a longos bate papos.
Faz o que seus antecessores não tinham como hábito: se confraternizar com seus colaboradores, sejam da Polícia Civil, PM ou Corpo de Bombeiros, em reuniões sociais. Desses encontros, é claro, sempre surgem ideias. Como, então, afirmar que o secretário é avesso ao diálogo?
Na verdade, o que se aprende do “chororó” dos deputados é que eles não gostam de ser contrariados, sobretudo quando apresentam projetos de interesse de uma determinada categoria. Gostam, mesmo, é de serem bajulados, algo que não combina com o perfil do secretário Henrique Herkenhoff.