É bom que o comandante geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Lima, abra os olhos. O mesmo grupo que o indicou precocemente para o cargo agora está se articulando para fazer seu sucessor, também de forma prematura.
Anselmo Lima foi mais uma das indicações ao atual governo feita pelo ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Assim que Renato Casagrande foi eleito, em outubro passado, Hartung pediu ao então comandante geral da PM, coronel Oberacy Emmerich Júnior, a indicação de três nomes para ocupar o maior cargo dentro da PMES. Um deles foi o de Anselmo Lima, que, naquela ocasião, ainda era tenente-coronel.
Começou, então, ainda no governo passado uma correria para se promover vários tenentes-coronéis a coronéis. Um deles foi Anselmo Lima, que foi promovido ainda no exercício de comandante do 3° Batalhão da PM (Alegre).
Promovido, Anselmo Lima teve seu nome aprovado pelo futuro governador Renato Casagrande. Antes, porém, de assumir o comando geral, o coronel Anselmo experimentou numa espécie de limbo dentro da PM: exerceu, sem praticar o comando do cargo, a chefia da Diretoria da Inteligência (Dint).
Normalmente, um governador promove a comandante geral da PM um coronel que já tenha exercido a chefia de diretorias, justamente para adquirir mais experiência administrativa. Não foi o que ocorreu com o coronel Anselmo Lima.
Quem detinha o poder dentro da PMES na ocasião em que o nome de Anselmo Lima foi sugerido a Renato Casagrande – em nome da tão falada continuidade de governo propagada durante as eleições de 2010 – queria manter o “status quo”: trata-se de ex-comandantes gerais e ex-subcomandantes da era Hartung; alguns coronéis da reserva; e um reduzido grupo de coronéis da ativa.
O coronel Anselmo Lima era apoiado pelo grupo do poder, mas não tinha unanimidade dentro do Alto Comando, tanto que a maioria dos tenentes-coronéis que foram promovidos a coronéis junto com ele (e por causa dele), sequer assistiu a sua posse na cerimônia realizada no QCG. Começou ali, lamentavelmente, um boicote silencioso ao novo comandante geral da PM.
Não bastasse o boicote do fogo amigo, Anselmo Lima vem acumulando tensões com o Palácio Anchieta. Aproveitando esse clima, os mesmos amigos que fizeram do coronel Anselmo comandante geral da PM querem tirá-lo do cargo.
Esses antigos aliados contam até com a influência de alguns membros da Maçonaria para fazer com que o governador Renato Casagrande nomeie o nome escolhido por eles.
Em conversa com o Blog do Elimar, um ex-subcomandante disse que Anselmo Lima estaria contrariando as expectativas do grupo que o colocou no poder e deixando chateado o ex-governador Paulo Hartung:
“Queremos colocar no comando geral um coronel que consiga pacificar a Polícia Militar”, diz esse mesmo ex-subcomandante geral.
O nome da vez que está sendo trabalhado por ex-comandantes gerais, de coronéis da reserva e alguns da ativa e antigos colaboradores do governo Hartung é o do recém promovido a coronel Leonardo Marchezi, ex-comandante do Batalhão da Polícia Ambiental.
Melhor seria se o governador Renato Casagrande, desta vez, ouvisse a voz da razão e não a de seus pseudos aliados, caso, é claro, seja de seu interesse substituir Anselmo Lima.