O jornal A Gazeta traz reportagem na edição desta quarta-feira (23/02) que mostra que, quando os aparelhos de segurança do Estado trabalham com a sua Inteligência acaba gerando resultados positivos.
Foi o que aconteceu em 2007, que resultou agora na condenação de uma advogada e de um sargento da reserva da Polícia Militar, que na época era diretor de um presídio.
Naquele ano, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) já planejava desativar algumas unidades prisionais, que estavam em péssimas condições, e transferir presidiários para outras cadeias.
A Casa de Passagem da Glória, em Vila Velha, era uma das unidades que posteriormente foi desativada. A Sejus já tinha a lista dos presos que seriam transferidos e os locais.
Pois bem: o então diretor da Casa de Passagem, o sargento da reserva Amilton Martins, e a advogada criminalista Ana Karla Conceição dos Santos Reis se aliaram, segundo consta nos autos do processo que acaba de ser julgado pela 1ª Vara Criminal de Vila Velha.
De posse de informações privilegiadas, Amilton Martins – que já sabia para onde cada preso seria mandado – e a advogada Ana Karla procuravam familiares dos presos dizendo que poderiam facilitar a transferência do detento.
A Casa de Passagem era considerada uma espécie de inferninho para os presidiários e, por isso, ninguém queria ficar. Para isso, a advogada e o ex-diretor cobravam algo em torno de R$ 1,5 mil por cada transferência.
Alguns familiares chegaram a pagar, mas outros protestaram e procuraram ajuda na Sejus. As denúncias chegaram até a Polícia Federal. E, assim, o aparelho de Inteligência do Estado entrou em ação.
Por intermédio do então subsecretário para Assuntos Prisionais da Sejus, Anderson Perciano Faneli, e do chefe de Inteligência da Pasta, major Douglas Caus, a polícia agiu com firmeza.
A Sejus, o Ministério Público, a Diretoria de Inteligência (Dint) da PM e a Polícia Federal passaram a monitorar o então diretor da cadeia e a advogada. Através de escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, os agentes descobriram todo o esquema da dupla, evitou que os familiares dos presos continuassem sendo extorquidos e denunciaram os criminosos à Justiça.
Com o resultado, a advogada Ana Karla Conceição foi condenada pela Justiça a 14 anos de prisão em regime fechado. Já o ex-diretor da extinta Casa de Passagem de Vila Velha, o sargento da reserva da Amilton Martins, recebeu uma pena de seis anos e oito meses de reclusão.
Ana Karla e o sargento Martins respondiam a processo por envolvimento em um esquema de corrupção, falsificação de documentos – entre eles alvarás de soltura – além de tráfico de influência.
Ana Karla e o sargento Martins permanecem em liberdade. Eles recorreram da decisão. A sentença foi dada pelo juiz José Augusto Farias de Souza, da 1ª Vara Criminal de Vila Velha.
Segundo A Gazeta, os fatos apurados no processo dizem respeito ao ano de 2007. Ana Karla teria facilidade no acesso aos detentos e, por isso, teria presenteado o ex-diretor do presídio, sargento Martins, com um relógio valioso.
Eles também são acusados da falsificação de documentos para que uma jovem – que seria menor de 18 anos – visitasse o detento Gil Mairon. A garota teria vindo do Mato Grosso. Foi recebida no aeroporto, levada para passear em um shopping e, depois, visitou o preso. Para isso, teria desembolsado R$ 1 mil para a advogada.
A advogada Ana Karla Conceição dos Santos Reis já foi detida duas vezes, também graças à união dos serviços de Inleigência dos órgãos públicos capixabas. Em 13 de dezembro de 2006, ela foi detida com outros dois colegas e uma policial civil. O grupo foi acusado de fazer parte de uma organização que falsificava alvarás de soltura e adulterava dados cadastrais de presos capixabas.
Ela teria forjado um alvará de soltura para libertar o detento Jeisson Wagner Cândido, o Waguinho Pantanal. Em 7 de maio de 2008, Ana Karla teve a prisão preventiva decretada novamente. Dessa vez, em função da acusação de ter montado um esquema, junto do sargento Amilton Martins, para facilitar acesso a detentos.