O delegado de Polícia aposentado Custódio Serrati Castellan está lançando mais um livro. Desta vez, ele conta a história da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. O livro se chama ‘Polícia Civil-ES, História & Memórias’. No ano passado, o delegado já havia lançado o livro ‘Imigração Italiana – Resgate histórico da família Castellan, uma conversa informal’.
Editado pela Sodré Gráfica e Encadernadora, ‘Polícia Civil-ES, História & Memórias’ tem prefácio do desembargador Pedro Valls Feu Rosa e apresentação do delegado de Polícia aposentado, jornalista, advogado e escritor José Barreto Mendonça.
O primeiro evento de lançamento será na quinta-feira (19/08), no Auditório da Chefatura da Polícia Civil, localizada na Avenida Nossa Senhora da Penha, nº 2.290, no bairro Santa Luíza, em Vitória. O segundo vai ser dia 26 de agosto, às 18 horas, na Biblioteca Municipal “Adelpho Poli Monjardim”, situada no Casarão Cerqueira Lima – Rua Muniz Freire, 23 – Cidade Alta – Centro – Vitória.
O livro é fruto de pesquisa, predominantemente, documental em fontes primárias, compreendendo todo o período republicano, além de contar com quase 20 anos de experiências, do autor, na Polícia Civil. A obra é destinada a diversos tipos de públicos como: área jurídica, historiadores, pesquisadores, jornalistas e notadamente ao público das agências de segurança pública. Toda arrecadação com a venda do livro será destinada à Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (ACACCI) e à Casa de Atendimento e Orientação a Criança e Adolescente (CAOCA).
Custódio Castellan conta que a ideia de se escrever a história da Polícia Civil é de “todos os policiais”. No entanto, segundo ele, faltava um impulso, uma vez que a corporação não possui registro sobre a sua história:
“O que ocorria em que cada um contava sua versão da história da Polícia Civil, contava sobre sua experiência e vivência; não era nada em cima de pesquisa”, diz Castellan. “O livro traz todas as leis da PCES”.
O delegado-escritor relata que o Mestrado em Ciência da Educação, que fez na Universidade Lusófona de Lisboa (2014), o estimulou a fazer uma pesquisa científica:
“Fui buscar acervos e registros históricos em fontes confiáveis para descobrir qual é a Certidão de Nascimento da nossa PCES. Procurei trazer à luz a história da Polícia Civil de 1889 para cá, fazendo um recorte a partir do período republicano”, explica Custódio Castellan, acrescentando, porém, que no período da Monarquia já havia a Polícia Judiciária no Brasil: “A Polícia Judiciária surge com o Estado; surge com a instalação da Justiça”.
Custódio Castellan fez pesquisas no Acerbo Nacional, localizado no Rio de Janeiro; Arquivo Público do Estado do Espírito Santo; Diário Oficial do Estado; e na Polícia Civil. Segundo ele, foi a partir de 1945 que começam a surgir informações a respeito da Polícia Civil no Diário Oficial.
O autor deixa claro que não se trata de um livro policialesco. “É um resgate histórico da corporação”, afirma ele, lembrando que a primeira lei criada no âmbito da Polícia Civil data de 1892 e foi sancionada pelo então governador José de Melo Muniz Freire, com o surgimento da República.
O livro registra fatos históricos importantes e que demonstram como a Polícia Civil foi usada, ao longo de sua vida, pelas ditaduras – tanto de esquerda quanto de direita instaladas no Brasil.
“A primeira Delegacia Especializada foi o DOPS. Tratou-se do Departamento de Ordem Política e Social, criado em 1924, pelo então presidente Getúlio Vargas, com o objetivo de prevenir e combater crimes de ordem política e social que colocassem em risco a segurança do Estado brasileiro. O DOPS continuou também com o regime militar e acabou definitivamente com a redemocratização do País”, informa Castellan.
O livro, que começou a ser produzido em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid/19), apresenta também uma visão crítica da Polícia Civil. A obra aborda os tempos sombrios do Esquadrão da Morte, período em que a Polícia Civil do Espírito Santo, de acordo com o autor Custódio Castellan, “foi lançada na lama por políticos e chefias”.
Ele mostra, por outro lado, a importância das entidades de classe, criadas por policiais civis, para o crescimento da corporação. Diz que foi a partir do governo de Eurico Rezende que a Polícia Civil começou a se profissionalizar:
“Foi com o governador Eurico que a Polícia passou a adotar concurso público. As entidades de classe, apoiadas pelos bons profissionais, ajudaram a resgatar o bom nome da Polícia. Desta forma a corporação foi colocada à altura do povo capixaba, trabalhando com seriedade e com eficiência”.
Poderia se dizer que a história da Polícia Civil se confunde com a própria história do Espírito Santo. A narrativa traçada pelo autor Custódio Castellan deixa essa mensagem, a de quanto foi difícil a construção dessa que é uma das mais importantes instituições do povo capixaba.
Como bem define o desembargador Pedro Valls Feu Rosa no prefácio, “dir-se-ia que o Delegado Especial Custódio Serrati Castellan escreveu um livro sobre a Polícia Civil. Discordo. Prefiro dizer que o Cidadão Custódio Serrati Castellan está a nos passar – a todos nós – uma tocha. A nos confiar um dever. A nos ensinar, ainda com Disraeli, que a vida é curta demais para ser pequena!”