O vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço (MDB), disse nesta segunda-feira (10/02) que vê com preocupação a afirmação dada pelo presidente americano Donald Trump sobre taxar em 25% todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Para Ricardo, o Espírito Santo será prejudicado, pois, além do aço, também exporta outros produtos para os EUA, como café, rochas ornamentais e celulose.
“Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, afirmou Trump a repórteres no avião presidencial Air Force One, no domingo (09/02). O líder norte-americano não mencionou nenhum país em sua declaração, mas, se de fato, ele anunciar oficialmente essa tarifa, o Brasil poderá ser um dos mais afetados. Depois do petróleo, o ferro e o aço são os principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos, representando 14% das exportações brasileiras para aquele país em 2024. Os EUA são, hoje, o segundo maior parceiro comercial com o Brasil, atrás somente da China.
“Essa decisão anunciada ontem do presidente Trump, de sobretaxar o aço brasileiro, é ruim para o Brasil. Nós somos o segundo produtor de aço para os Estados Unidos, só perdemos para o Canadá. E para nós, do Espírito Santo especificamente, é ruim porque nós somos um grande produtor de aço. Temos aqui a nossa ArcelorMittal, temos aqui a Vale. Precisamos aguardar a decisão final do presidente Trump”, ponderou Ricardo Ferraço, depois de participar do anúncio do Governo do Estado de investir R$ 635 milhões na área da Saúde em todo o Espírito Santo.
O vice-governador capixaba criticou o momento que o mundo atravessa, sem obedecer ao que chamou de falta de ‘diplomacia comercial’. “Eu vejo com muita preocupação esse novo ciclo do ambiente global em que os países, ao invés de se unirem e identificar os problemas, fazendo aquilo que é comum, que é a chamada diplomacia comercial, acabam indo para outro viés. Essas decisões unilaterais são decisões que trazem consequências. E a retomada desses instintos nacionalistas, de proteção dos mercados locais, isso em princípio não é bom nem para o próprio Estados Unidos, porque significa dizer que, no caso dos Estados Unidos, o cidadão norte-americano é que vai pagar essa conta. Porque, se ele [Trump] está sobretaxando o aço brasileiro, significa dizer que os Estados Unidos vão ter que comprar aço mais caro. Então, isso aí vai gerar inflação naquela país. Mas essa é uma decisão para os americanos tomarem”, disse Ricardo Ferraço.
Ele continuou com a análise, em que insere o Espírito Santo no contexto global: “Eu vejo com muita preocupação, porque, de fato, a gente está vendo o impulso nessas decisões, e são decisões que trazem consequências. No caso do Espírito Santo, nos preocupa o fato de exportarmos o aço, o café, a rocha ornamental, a celulose. Somos um Estado com forte presença no comércio exterior. E os Estados Unidos são um mercado muito importante para o nosso Estado.”
Ricardo Ferraço, no entanto, faz uma ponderação: “Vamos aguardar para ver se isso que está anunciado realmente vai se confirmar, porque algumas coisas também já foram anunciadas e não se confirmaram em relação ao Canadá e ao México. Então, por enquanto, a palavra é a prudência.”