Lideranças comunitárias da Serra não viram com bons olhos a chegada do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, na campanha do candidato a prefeito pelo Republicanos, o deputado estadual Pablo Muribeca – ambos são do mesmo partido. Um dos motivos é que as lideranças responsabilizam o prefeito da Capital pela superlotação das Unidades de Pronto Atendimento da (UPAs) da Serra em determinadas ocasiões, já que em virtude dele não ter construído uma UPA sequer em Vitória, os pacientes da Capital se deslocam para a Serra em busca de tratamento médico de qualidade. Os dois municípios fazem divisa pelo setor continental da Capital do Espírito Santo – como os bairros Goiabeiras e Jardim Camburi. Na manhã desta sexta-feira (18/10), Pazolini esteve no Viaduto de Carapina para participar da campanha do candidato Pablo Muribeca.
A Serra, que não tem a maior receita capixaba, já tem quatro UPAs e está caminhando para a quinta UPA, que será construída no bairro Civit. Só a UPA de Castelândia atendeu, de agosto de 2023 a agosto deste ano, 6.360 pacientes de Vitória. Só na pediatria foram 772 atendimentos. Até quem precisa de dentista em Vitória vai para as UPAs da Serra. No mesmo período foram 263 atendimentos dentários, isso sem falar da emergência, enfermagem, curativos e medicamentos.
Segundo algumas lideranças, a situação do prefeito Pazolini se complica quando ele não se manifesta sobre a destinação das emendas parlamentares do seu companheiro de partido, Pablo Muribeca, do Republicanos. Cada deputado estadual tem direito a uma verba de R$ 2 milhões, que ele mandar para os municípios que desejar. Para a saúde da Serra, Muribeca destinou apenas R$ 200 mil, enquanto para Vitória e Vila Velha a verba ultrapassou R$ 1 milhão, dinheiro para ser gasto em eventos e festas.
Nos bastidores da política, comenta-se que o prefeito da Capital está pensando é na eleição para governador em 2026. Inimigo até certo tempo declarado do governador Renato Casagrande (PSB) – que apoia Weverson Meireles (PDT), junto com o prefeito Sérgio Vidigal –, Pazolini está na campanha de Muribeca de olho no maior colégio eleitoral, quer usar a Serra como escadinha para a sua ambição política. Nem bem foi reeleito em Vitória e já está pensando na próxima eleição.
Mas as lideranças comunitárias garantem que o prefeito de Vitória precisa demonstrar que tem algum apreço pelo povo serrano, e o único jeito vai ser começar a trabalhar e construir pelo menos uma UPA na Capital, contribuindo assim para uma maior fluidez nos atendimentos médicos da Serra.
A Prefeitura da maior economia do Estado vive hoje um dilema: pode contratar mais médicos, mas muitos profissionais não querem mais trabalhar na Serra, em virtude do clima de violência que Muribeca instalou nas unidades de saúde para turbinar a sua campanha, usando o sofrimento das pessoas como bandeira política. As lideranças comunitárias estão preparando uma manifestação pública para denunciar as ações eleitoreiras de Pazolini e seu colega Muribeca. Eles alegam que a Serra não é trampolim político para ninguém e merece mais respeito.