Ao participar na tarde de quarta-feira (24/07) da solenidade que marcou os 20 anos de fundação do Centro Integrado de Operações de Defesa Social do Espírito Santo (Ciodes), o governador Renato Casagrande (PSB) fez um desabafo emocionante contra “pessoas doentes, psicopatas, sem Deus no coração” que cometem crimes “bárbaros e cruéis”. Ele se referiu a dois tristes episódios que marcaram as páginas policiais nos últimos dias no Espírito Santo: o duplo assassinato, que teve como vítimas mãe e filho de 4 anos, na Serra; e um feminicídio em Aracruz, em que um homem descarregou a arma na ex-companheira. Entretanto, Casagrande afirmou que a polícia capixaba vai continuar reagindo, ao elogiar o trabalho desenvolvido pelo delegado federal Eugênio Ricas, no comando da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, que tem dado respostas rápidas à população:
“O secretário Eugênio é firme em seu trabalho diário. Ele está presente em todos os momentos para dar explicações à sociedade e mostrando a reação da polícia, que é de prender os criminosos. Não podemos deixar de reagir. Um sujeito descarrega a arma na ex-companheira por nada. Um casal mata uma criança de 4 anos a marteladas. Há muita violência e crueldade dentro das pessoas. São pessoas doentes, psicopatas, sem Deus no coração. É com esse tipo de gente que nossos policiais convivem diariamente. São pessoas que perderam o sentido da vida. E é justamente na preservação do sentido da vida que a nossa polícia trabalha. Mas eu pergunto: que polícia vai controlar quem não tem valores? O governante tem que ser cobrado, mas tem que reagir. E nossa reação tem que produzir resultados, como aquele em que saímos de 2.034 homicídios em 2009 para menos de mil – 978 – em 2023”, ressaltou o governador.
No dia 15 de julho de 2024, Priscila dos Santos Deambrósio, de 36 anos, e seu filho Higor Gabriel Deambrósio, 4 anos, foram torturados e assassinados dentro de casa, no bairro Carapina I, na Serra. Quatro dias depois, a Polícia capixaba prendeu os assassinos: Ricardo Elias Santana, 45 anos, e sua amante, Iavelina Noemia de Oliveira, 35, que usaram uma marreta para assassinar mãe e filho. O falso pastor Ricardo cometeu o crime para não pagar uma dívida de R$ 10 mil que tinha com Priscila.
Já no dia 21 de julho, Felipe Silva de Almeida, de 28 anos, matou a tiros sua ex-companheira Aline Ribeiro da Rosa, 35 anos, na frente de um bar, em Aracruz. Uma câmera de segurança do local registrou o momento em que Felipe atirou diversas vezes contra a vítima mesmo após ela cair no chão, e depois ele saiu correndo. No dia 23, o assassino se entregou à Polícia Civil, comparecendo à Delegacia de Linhares acompanhado de duas advogadas.
Ao analisar a crueldade com que agem os assassinos, o governador Renato Casagrande comentou: “Nossos policiais são muito comprometidos com seu trabalho. A resposta que a polícia dar à sociedade é sempre célere. Porém, é de se lamentar a crueldade [dos criminosos], que mostra a complexidade do trabalho da polícia, pois muitas vezes a violência está no íntimo das pessoas. Não tem policial nenhum e nenhuma política de segurança que consiga resolver. Olha como é violento e inacreditável um casal matar uma criança de 4 anos a marteladas, depois de ter matado a mãe dessa criança. É inconcebível, inacreditável, inaceitável uma situação como essa. Mas é um crime em que o policial não está ali para preveni-lo, não tem como prevenir. O que a nossa polícia faz é investigar e prender essas pessoas e fazer com que elas paguem, torcer para que a Justiça determine que paguem por muito tempo no presídio, sem a sua liberdade. Para poder pagar por um crime tão bárbaro como esse”.
Casagrande fez outro desabafo: “Tem ainda os crimes contra as mulheres. O sentimento de posse que alguns homens têm de companheiras, de ex-companheiras, de namoradas, isso também é inaceitável. E o que a gente tem que fazer sempre é reagir. Reagir, punir quem cometeu esses crimes, e nossos policiais têm feito isso”.
O governador comentou ainda sobre o alto nível de investimentos que o Governo capixaba faz na segurança pública: “Temos no Estado Presente um nível de investimento alto, para que possamos continuar a cada ano reduzindo a violência e, ao mesmo tempo, lamentar, denunciar e trabalhar para que os criminosos impiedosos sejam presos e punidos pela Justiça. Tem muita coisa para melhorar, temos muito investimento para fazer na tecnologia, temos que ainda continuar contratando novos policiais. A gente melhorou muito, mas ainda temos trabalho a fazer”, conclui Renato Casagrande.