Um dia depois de ter sido oficializado candidato a prefeito de Vitória pela Federação PSDB/Cidadania, o ex-deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) defendeu a criação de um Corredor Metropolitano de Segurança Pública e afirmou que, se eleito para administrar a Capital capixaba por mais uma vez, a Guarda Municipal – criada por ele em 2003, quando exercia o terceiro ano do segundo mandato como prefeito – vai voltar a trabalhar de forma integrada com as forças estaduais de segurança. Neste domingo (21/07), Luiz Paulo criticou, em entrevista ao ‘site’ Blog do Elimar Côrtes, o isolamento a que Vitória se encontra por conta da “estratégia errada” adotada pelo atual prefeito, o delegado de Polícia Civil Lorenzo Pazolini (Republicanos). O agora candidato oficial elogiou também o Programa Estado Presente em Defesa da Vida, criado pelo governador Renato Casagrande (PSB) em 2011, em seu primeiro mandato:
“O modelo de gerenciamento do Estado Presente junto às forças de segurança é um exemplo positivo para o País. Há vários artigos publicados por acadêmicos atestando a eficiência do modelo de gestão liderado pelo governador Casagrande”, disse Luiz Paulo, que no sábado (20/07), em Convenção realizada pela Federação PSDB/Cidadania, recebeu o apoio do PSB, PMB e União Brasil. “Se eu for eleito, a Guarda Municipal vai trabalhar integrada com todas as forças de segurança pública e com o Estado Presente”, afirmou o tucano.
Luiz Paulo foi prefeito de Vitória por dois mandatos consecutivos, iniciado em janeiro de 1997 e encerrado em 31 de dezembro de 2004, quando foi sucedido por João Coser (PT). Foi deputado federal entre 2007 e 2010. Em 2003, ele criou a Guarda Municipal de Vitória. “Quando criei a Guarda Municipal, meu sonho era que ela fosse uma Guarda Metropolitana, com o Governo do Estado também participando de um consórcio formado pelos demais municípios da região [Serra, Cariacica, Vila Velha e Guarapari]. Defendo esse tipo de modelo, com uma Guarda Metropolitana atuando na prevenção e na repressão aos delitos mais comuns nas áreas urbanas”, disse Luiz Paulo.
Pelo modelo defendido pelo candidato a prefeito, a Guarda Metropolitana teria o papel ostensivo e preventivo, deixando a Polícia Militar para ações mais especiais. “A Guarda Municipal da Capital precisa ter um papel mais comunitário, conforme prega o Estatuto das Guardas Municipais. Os seus agentes não são formados para a guerra, usando armas pesadas como ocorre hoje em Vitória. Quando fui prefeito, a Guarda treinava artes marciais, para poder neutralizar possíveis delinquentes. Na época, trouxemos professores e especialistas em segurança pública para treinar os nossos agentes. Defendo ainda que os setores de Inteligência das Guardas Municipais trabalhem de forma integrada”, frisou Luiz Paulo.
Em seu discurso na convenção de sábado, o agora candidato pelo PSDB disse que o principal problema da cidade hoje é a violência, relembrando o discurso de Pazolini, em 2020, de que a “segurança pública seria tratada no gabinete do prefeito”.
“A violência e a criminalidade assustam a cidade. A Prefeitura fingiu que podia liderar essa questão sozinha. A segurança vai mal porque o prefeito [Lorenzo Pazolini] administra equivocadamente o trabalho da Guarda Municipal. Não é papel dela subir morros de colete e tirar fotos para o Instagram. A Guarda precisa trabalhar em parceria com a Polícia Militar. Fazer do medo da população uma arma política para se promover, com a espetacularização do medo, eu acho um crime”. Luiz Paulo completou: “Se existe algo errado na segurança pública é o isolamento e a espetacularização do medo. Esse foi o caminho escolhido pelo atual prefeito”.
Outro tema abordado neste domingo e no sábado pelo candidato Luiz Paulo é a mobilidade urbana. Ele defendeu mais uma vez a discussão com o Governo do Estado e os demais municípios da Grande Vitória como forma resolver os gargalos no trânsito. “O que vai resolver a questão da mobilidade urbana não são obras viárias, como mergulhão e um túnel ligando Vitória a Vila Velha anunciadas pelo atual prefeito. O problema tem que ser conversado entre os prefeitos e o Governo do Estado, que é responsável pelo transporte público, como o rodoviário e aquaviário. O atual prefeito toma iniciativas isoladas e fantasiosas. Ele usa imagens bonitas como se estivesse mudando a mobilidade. Não está”, afirmou Luiz Paulo. “O projeto falado por ele, que é o túnel na baía de Vitória, é um projeto messiânico”, completou.
No dia 17 deste mês, em entrevista ao Estúdio 360 da TV Capixaba/Band, o secretário Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana, Alex Mariano, disse que a Prefeitura de Vitória está estudando uma série de alternativas para melhorar o trânsito da cidade. Dentro do plano de mobilidade urbana, a gestão de Lorenzo Pazolini, segundo ele, analisa diversas possibilidades, incluindo a construção de uma nova ligação entre Vitória e Vila Velha, que pode ser uma quarta ponte ou um túnel. A ideia não é nova e já foi proposta pelo Governo do Estado em 2010, durante o último ano do segundo mandato do governador Paulo Hartung.
No discurso de sábado, Luiz Paulo afirmou que a atual administração não merece um segundo mandato, pois não dialoga com as comunidades e o Poder Legislativo. “É uma administração que acha que governar é gastar o dinheiro do Tesouro, nomear os amigos e demitir os inimigos”, declarou o candidato tucano. “O papel mais nobre de governar é liderar, desenvolvendo políticas públicas inteligentes e resolutivas junto com as forças de mercado, com os empreendedores, as organizações da sociedade, os indivíduos que constroem a cidade. Isso é uma construção política, isso é liderar. Eu sonhei com uma cidade desenvolvida, de sucesso, tendo como símbolo o marlim azul, no nosso planejamento Vitória do Futuro. Nós sonhamos e realizamos. Vitória parece que se acostumou a não sonhar. Temos que eliminar esse problema, precisamos voltar a sonhar e a realizar”, completou Luiz Paulo.
“Um prefeito tem dinheiro público e cargos. Pode usar isso para fazer transformação na cidade. O isolamento não resolve nenhum problem. O atual prefeito [Pazolini] não dialoga e não lidera. Ele despreza dois modelos importantes de governança”, criticou Luiz Paulo. Outra crítica feita pelo candidato é o fato da gestão de Lorenzo Pazolini deixar para o último ano de governo a realização e entrega de obras.
“Ele guardou, por três anos, R$ 2 bilhões. Deixou para fazer algumas obras neste último ano. Essa é uma estratégia equivocada e enganosa.” Ele lembra que recursos de obras que estão sendo entregues agora em 2024 vieram de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aprovados na administração do então prefeito Luciano Rezende (Cidadania). Luiz Paulo cita como exemplo a primeira etapa da revitalização da Orla de São Pedro, inaugurada no dia 5 de julho.
Na convenção do PSDB/Cidadania de sábado, Luiz Paulo recebeu apoio da atual vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Podemos), e do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Presente na mesa de aliados de Luiz Paulo, Capitã Estéfane foi citada pelo candidato em meio ao discurso crítico a Pazolini. “O atual prefeito te desrespeitou. Ele não pode nem viajar, ir à África do Sul, conhecer Waterfront, que ele fala que vai fazer em Vitória, mas ele não pode ir lá, porque ele teria que passar a prefeitura para você e parece que ele não quer”, declarou o candidato.
Durante o evento, foi exibido um vídeo de Eduardo Paes. Ele relembrou que Luiz Paulo, enquanto prefeito, era um modelo para outros políticos da época. “Eu sempre sonhei em ser prefeito do Rio e me inspirava no exemplo do Luiz Paulo Vellozo Lucas. E esse prefeito, que é um exemplo para todos nós, vai voltar a governar Vitória e fazer a cidade um lugar ainda melhor para a sua gente”, declarou Eduardo Paes: “Confesso que fiquei emocionado com o apoio do Eduardo Paes, a quem reputo o melhor prefeito do País”, agradeceu Luiz Paulo.