Ao prestar, na manhã desta terça-feira (09/07), no Salão São Tiago, no Palácio Anchieta, homenagem a membros do ‘Espírito Santo em Ação’, com entrega da Comenda Jerônimo Monteiro no Grau Grã-Cruz aos fundadores do grupo empresarial que ajudou o Estado a sair de momentos marcados pela desorganização institucional, corrupção nas diversas esferas dos Poderes e de uma grave crise econômica, o governador Renato Casagrande (PSB) reiterou o que já vem pregando em palestras e discursos: o Estado corre o risco de sofrer duas fortes ameaças. Uma das ameaças, segundo Casagrande, é entregar o Governo nas mãos de quem só pensa no próprio benefício; a outra é a briga “ideológica superficial e estéril”. No entanto, o governador afirmou que nenhum outro ente federado será melhor do que o Espírito Santo se o Estado continuar trabalhando unido em prol do desenvolvimento econômico e social:
“Precisamos assegurar que, de fato, o Espírito Santo seja um Estado inclusivo; que seja um Estado sustentável; inovador; que seja um Estado desenvolvido regionalmente. É isso que nós desejamos. Nossa orientação para a equipe de governo é que possamos atender a essas premissas em nossas ações do dia a dia. E são essas premissas também que vocês [empreendedores] querem apresentar para cada um de nós”, disse Casagrande para uma plateia formada por importantes empresários e até um ex-governador, Arthur Carlos Gerhardt Santos (1971/1975), que foi o primeiro presidente da Companhia Siderúrgica de Tubarão, atual ArcelorMittal. Aos 95 anos de idade, Arthur Gerhardt foi quem criou a Comenda Jerônimo Monteiro no Grau Grã-Cruz e foi também homenageado com um dos fundadores do ES em Ação.
Diante de uma grave crise institucional, marcada por desmandos administrativos e denúncias de corrupção na área pública, e que gerava desafios e dúvidas com relação ao presente e, principalmente, ao futuro, 16 empresários e executivos capixabas decidiram reunir suas experiências na gestão privada e, de forma voluntária, desenvolver projetos para apoiar iniciativas da gestão pública, com o objetivo de tornar as ações mais efetivas em benefício da sociedade capixaba. Nascia ali, em 2002, o ES em Ação, que se tornou um movimento oficial em 2003.
O governador Renato Casagrande alertou: “Temos ameaças do patrimonialismo. Eu enfatizo isso sempre nas minhas palestras, nos meus discursos, porque a gente tem que fugir das lideranças que querem usar da máquina pública para benefício próprio. Temos que sempre escolher liderança que tenha a capacidade de se alegrar com a realização da coletividade, com aquelas pessoas que querem, de fato, trazer benefício e isso realiza a gente no dia a dia. Eu tenho meu salário como governador, vivo do meu salário como governador, e a minha felicidade é a felicidade da gente poder enfrentar desafios e resolver desafios de um povo inteiro, que é o povo que é o capixaba”, pontuou o líder capixaba.
O governador está sempre alertando à sociedade sobre a ameaça de o Estado ter um governante que só pensa no enriquecimento ilícito. No dia 22 de março de 2024, em entrevista ao ‘site’ Blog do Elimar Côrtes, ele frisou que, para Espírito Santo continuar crescendo e sendo o Estado que mais investe no País, é preciso que a população saiba eleger políticos que pensam no bem estar do povo. A reportagem teve o título
Governador alerta para ‘ameaças que pairam sobre o Estado’ nas eleições municipais deste ano e nas de 2026
Já no dia 29 de maio deste ano, Casagrande e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Santos (União Brasil), fizeram alertas à população sobre o futuro do Espírito Santo. Os dois líderes políticos defenderam a manutenção do diálogo e equilíbrio para o Estado continuar no caminho do desenvolvimento econômico e social. Porém, observam que as eleições municipais de outubro de 2024 têm que ser analisadas com muita atenção. Casagrande disse que o Estado tem dois riscos a enfrentar, enquanto o deputado Marcelo Santos apontou para o risco da “assombração” e conclamou a sociedade a estar sempre na defesa do legado do atual governante capixaba. A reportagem teve o título A reação do governador e do presidente da Assembleia Legislativa diante das ‘assombrações’ que querem desestabilizar o Espírito Santo
A outra ameaça destacada na fala do governador Casagrande, nesta terça-feira, é a polarização ideológica que o Brasil vive desde 2018. “Temos que escapar de um debate ideológico superficial, escapar de um debate ideológico estéril, escapar de uma luta política permanente sem razão. Nós tivemos ameaças em 2022, vocês acompanharam de perto todo o debate [das eleições] de 2022. Tiveram algumas pessoas que esqueceram os resultados locais e se prenderam a esse debate nacional sem nenhuma consistência e sem nenhum conteúdo, porque a ideologia, quando debatida com conteúdo, tem um papel e tem uma importância muito grande.”
Para Renato Casagrande, o Espírito Santo não pode entrar nesse ambiente de um debate inócuo, estéril, sem conteúdo, sem consistência, sem nenhum objetivo. “É um debate de briga, o interesse de um xingar o outro. O Estado não pode entrar nisso. Se alguém quiser fazer isso, faça para lá. Agora, nós temos que nos diferenciar com relação ao equilíbrio, à responsabilidade, aos compromissos com a população capixaba. Nós temos muita desigualdade ainda, a gente tem que reduzir as desigualdades. E a gente tem muitas tarefas pela frente e nosso tempo tem que ser ocupado com ações produtivas e não com xingamentos e com brigas sem nenhum objetivo claro”, ensinou o governador.
Ele abordou também a importância do diálogo dos governantes com toda a sociedade: “Temos que ter nos governos, especialmente no Poder Executivo e nas demais instituições, gente com capacidade de dialogar com todas as forças políticas. Estamos hoje aqui fazendo uma homenagem e um reconhecimento justo ao movimento empresarial Espírito Santo em Ação por tudo aquilo que vocês [empresários] de fato fizeram nesse tempo e por tudo aquilo que vocês vão continuar fazendo no Estado do Espírito Santo. Um governante tem que ter capacidade de conversar com todo mundo”. Nesta parte do discurso, Casagrande lembrou do evento em que ele participou, na segunda-feira (08/07), no mesmo Salão São Tiago, quando a Secretaria da Cultura (Secult) realizou o lançamento do programa “Lugares de Ler”, uma ação para a difusão e o desenvolvimento da leitura no Espírito Santo, com a presença do filósofo indígena, escritor, ativista ambiental e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ailton Krenak.
“Ontem, eu estava neste local com o escritor Ailton Krenak, membro da Academia Brasileira de Letras, e reunido com uma multidão de movimentos sociais. Um governador tem que ter capacidade de discutir com os movimentos sociais as demandas dos movimentos sociais; tem que, no outro dia, reunir o movimento empresarial e discutir as demandas do movimento empresarial, porque há uma interseção de interesses coletivos mesmo que os métodos sejam diferentes, mas o governante tem que ter capacidade de acolher e fazer com que a gente consiga dar conta de uma agenda legítima do povo capixaba”, explicou Renato Casagrande.
Por isso, prosseguiu ele, o Estado precisa de governantes que compreendam as necessidades da população: “Tem gente que acorda de manhã cedo e já quer saber com quem vai brigar. Eu acordo de manhã cedo e quero saber com quem eu vou fazer uma aliança para ajudar o Espírito Santo. Eu não tenho outro interesse a não ser isso. Então, temos ameaça. Mas, vou dizer para vocês o seguinte, deixando a ameaça de lado: se nós continuarmos do jeito que nós estamos, ninguém nesse Brasil será melhor do que o Espírito Santo. Ninguém será. Podem ter certeza disso. Ninguém será melhor do que nós.”