A Polícia Civil está caçando o miliciano Gilbert Wagner Antunes Lopes, o Waguinho, que teve a prisão decretada pela Justiça pela acusação de ser um mandante do assassinato do vereador Marcos Augusto Costalonga, de 49 anos, conhecido como Marquinhos da Cooperativa (PL). O crime ocorreu no dia 27 de maio de 2021, na zona rural de Presidente Kennedy – onde Marquinhos era vereador –, no Sul do Espírito Santo. Waguinho não foi localizado pela polícia, que esteve em sua casa, na cidade de Marataízes. Existe a suspeita de que a Operação Gatepost, planejada para prender Waguinho e mais suspeitos, tenha sido vazada e chegado ao conhecimento do criminoso. Segundo a Polícia Civil, dos cinco mandados de prisão cumpridos nesta segunda-feira, dois já estavam presos pelo crime de roubo.
A prisão do grupo ocorre no âmbito da Operação Gatepost e foi planejada e executada pela equipe de investigadores, que agiu com rapidez e eficiência para identificar e capturar os suspeitos envolvidos no crime que chocou a comunidade local. A operação foi comandada pelo delegado Thiago Viana e determinada pela juíza Priscilla Bazzarella de Oliveira, da Vara Única de Presidente Kennedy. Segundo o delegado, Marquinhos da Cooperativa foi morto porque vinha cobrando uma dívida do miliciano. Em entrevista à TV Gazeta Sul, Thiago Viana informou que, em 2020, quando ainda não era vereador, Marquinhos da Cooperativa vendeu um caminhão de mourões – cercas usadas em construções – para Waguinho, que tinha uma empresa responsável por uma obra pública em Presidente Kennedy.
“Ele adquiriu esses mourões mas não pagou. O vereador então começou a fazer cobranças incisivas a ele e inclusive quando assumiu o cargo de vereador falou que ia na Prefeitura pedir o bloqueio do pagamento dele enquanto ele não pagasse pelo valor dos mourões. Houve uma discussão por telefone, o mandante pagou e depois executou”, explicou o delegado à TV Gazeta Sul.
“O mandante do crime, que é um famoso miliciano aqui da região, foi o único que nós não conseguimos prender hoje (10). São três anos de investigação, investigação dura, investigação complexa. Eles queimaram o carro, sumiram com a arma. Eles fizeram de tudo para tentar ludibriar. Prática de milícia mesmo”, completou Thiago Viana à TV Gazeta Sul.
Marquinhos Costalonga era uma figura querida na comunidade de Presidente Kennedy, onde exercia o mandato de vereador. Marquinhos da Cooperativa foi morto a tiros no dia 27 de maio de 2021 por volta de 23 horas, na localidade de Alegria, no município. Ele seguia da Comunidade de Leonel para a sua residência no centro de Presidente Kennedy por uma rodovia municipal, quando ocorreu a tentativa de roubo do seu veículo, uma Toytota SW4 Hilux. Contra o carro conduzido por Marquinhos foram disparados diversos tiros. No veículo estavam sua esposa e mais uma pessoa.
Segundo as testemunhas, um carro HB 20 de cor prata foi usado pelos bandidos na tentativa de roubo e para alvejar o automóvel do vereador. Pelo menos quatro homens teriam participado da ação. Um dos disparos antigiu o vereador que morreu na hora, fazendo com que o carro conduzido por ele caísse numa ribanceira de cerca de três metros. Os suspeitos fugiram sem levar nada.
A Polícia Militar foi chamada e acionou de imediato ambulâncias para prestaram socorro. As vítimas foram encontradas feridas dentro do veículo e de lá socorridas e levadas para a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro. A perícia foi acionada e esteve no local. Foi constatado inicialmente pelo menos 10 disparos de arma de fogo calibre 9mm na lateral da Hilux, tendo um único tiro atingido as costas do vereador. Marquinhos da Cooperativa estava em sua primeira legislatura e era vice-presidente da Câmara Municipal de Presidente Kennedy.
Miliciano já serviu na Aeronáutica
Conforme reportagem do portal de notícias Metrópole, em 7 de novembro de 2021, o Comando da Aeronáutica empregou por quase dois anos, entre maio de 2018 e março de 2020, o miliciano Batman, acusado de chefiar uma milícia na cidade de Marataízes, no litoral do Espírito Santo, e que carrega consigo uma série de denúncias de crimes hediondos. Waguinho é acusado de ter levado a Liga da Justiça, feroz e famoso grupo paramilitar do Rio de Janeiro, para o litoral capixaba, onde estaria extorquindo empresários e políticos. A facção tem como símbolo o escudo do Batman. Na Força Aérea Brasileira (FAB), ele começou como terceiro-sargento temporário, em 2018, por meio de um processo seletivo.