Na tarde de quarta-feira (20/03), a dona de casa Riquiane de Farias Rocha, 21 anos, foi presa depois de agredir uma médica pediatra e a supervisora do Pronto Atendimento de Flexal II, em Cariacica. Ela ainda xingou funcionários da unidade. Alegou que a sua filha, de 6 anos, precisava ser atendida e a consulta estaria demorando. Acionada, a Polícia Militar chegou rapidamente ao local. Os policiais da RP 5310 informaram para Riquiane que ela seria conduzida a uma Delegacia de Polícia Civil e que sua filha deveria ficar sob a responsabilidade de um adulto.
A mãe ligou de seu celular para o marido, Gleison de Souza, que se dirigiu ao PA e promoveu mais confusão. Se deu mal: recebeu voz de prisão depois que os militares entraram no Portal do Judiciário e descobriram que contra Gleison havia um mandado de prisão em aberto. Ele e a esposa foram parar na cadeia e a menina entregue ao Conselho Tutelar de Cariacica. Gleisson responde na Justiça pela acusação de assalto a mão armada e posse de drogas.
A confusão armada por Riquiane no PA de Flexal II não é um fato isolado. Unidades de saúde de outras cidades capixabas também têm sido alvo de protesto. Na Serra, até deputados estaduais “invadem” postos de saúde para gravar vídeos (para depois postar nas redes sociais) e atrapalhar o trabalho dos funcionários. Os protestos são, em sua maioria, planejados e convocados por grupos políticos que tentam retomar ou tomar o poder em municípios como Cariacica e Serra. Os grupos são formados por cabos eleitorais e costumam unir xiitas da esquerda e extremistas da direita. A intenção é gerar um caos em setores públicos. O plano é, provavelmente, orquestrado por políticos para desestabilizar as administrações públicas nesse ano de eleições para prefeitos e vereadores nas cidades brasileiras.
Em Cariacica, todavia, o prefeito Euclério Sampaio (MDB) já está tomando providências junto à Procuradoria-Geral do Município e levando aos órgãos de fiscalização o que vem ocorrendo. No dia 7 deste mês, ele encaminhou Representação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/ES) e à Polícia Civil. Ao TRE, o prefeito solicita investigação cível em desfavor do servidor público Bruno Francisco Pessoa Pereira, que publicou em suas redes sociais notícias de conteúdo falso, cometendo, inclusive, crime de injúria a respeito da Administração Municipal.
Na Representação, Euclério Sampaio informa ter mantido contato com o servidor público sobre o conteúdo de sua postagem, a fim de mandar apurar o que Bruno estava informando nas redes sociais. No entanto, Bruno alegou para o prefeito que suas redes sociais teriam sido “invadidas”, fato que o levou a registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. No entanto, observa o prefeito na Representação, que “a mesma postagem no Instragram, supostamente hackeada, foi compartilhada pela Senhora Fabíola Barcelos de Oliveira Machado no grupo de WhatsApp denominado ‘Cariacica em Ação’. A referida cidadã (que é ligada a um partido de esquerda), ao ser indagada por outros participantes do grupo sobre o teor e veracidade da postagem, apagou a mesmo do grupo”.
À Polícia Civil, o prefeito Euclério solicita investigação para apurar a prática dos ilícitos penais tipificados nos artigos 139 e 140 (praticados por Bruno e Fabíola) e 340 (praticado exclusivamente por Bruno), todos do Código Penal Brasileiro. O artigo 139 trata de “ Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação” e prevê, em caso de condenação, pena detenção, de três meses a um ano, e multa. Já o artigo 140 fala em “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Pena de um a seis meses, ou multa.
Foi descoberta ainda a existência de outro grupo no WhatsApp, administrado por um homem identificado como ‘Ailson’, que passa boa parte do dia incentivando quebra-quebra em Cariacica. Morador de Itapoã, em Vila Velha, o celular de ‘Ailson’ é cadastrado com o DDD 21, da cidade do Rio de Janeiro. Na aberta do WhatsApp administrado por ‘Ailson’, vem o nome ‘Divulgação e Cia’. No decorrer da confusão provocada por Riquiane no Pronto Atendimento de Flexal II, na quarta-feira, o grupo trocou dezenas de mensagens, com ‘Ailson’ pedindo vídeos do “barraco” na unidade de saúde.
Nesta quinta-feira (21/03), o prefeito de Cariacica se manifestou sobre o assunto: “O que leva um morador de Vila Velha a habilitar o telefone no Rio para administrar um grupo que incentiva a realização de protestos em unidades de saúde em outras cidades?”, indagou Euclério Sampaio.
O prefeito falou também sobre “a demora” no atendimento em unidades de saúde, que levou Riquiane a agredir uma médica e uma coordenadora. Segundo ele, nas últimas semanas houve um aumento significativo de atendimentos em toda a rede de saúde de Cariacica, sobretudo, de pessoas com sintomas de dengue e de doenças respiratórias. Afirmou ainda que aumentaram os casos de bronquiolite e gripe em crianças. “Todos os nossos PAs estão com o quadro completo e o atendimento segue em andamento”, disse o prefeito.