O governador Renato Casagrande (PSB) defendeu, na manhã desta sexta-feira (09/02), uma investigação rigorosa e a punição das pessoas apontadas em investigação da Polícia Federal de promover uma tentativa de golpe de Estado no Brasil durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A manifestação de Casagrande foi feita em entrevista coletiva concedida à imprensa em Itapemirim, município localizado no Sul do Espírito Santo, onde o líder capixaba esteve para inaugurar obras e entregar novas ações do Governo do Estado.
Na quinta-feira (08/02), a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis, que teve como alvos diversos militares que integraram o governo Bolsonaro. A operação investiga a existência de suposta organização criminosa que teria atuado numa tentativa de golpe de Estado. No Espírito Santo, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão nos endereços do major da Reserva Remunerada do Exército Ângelo Martins Denicoli, que reside em Colatina.
Para Renato Casagrande, a democracia é o único caminho que garante a estabilidade das nações: “É muito bom que tenhamos clareza que a democracia é o único caminho que temos. País que não segue a democracia vai em algum momento bater com a cara na parede.”
Sobre a descoberta do plano para implantar no Brasil uma nova ditadura, o governador do Espírito Santo defendeu uma investigação rigorosa e disse que a democracia precisa ser defendida: “E tem que ser de fato investigada qualquer tentativa de golpe; tem que ser punida qualquer tentativa de golpe, porque nós não podemos conviver com isso mais. Quem quer governos autoritários, quem quer enfraquecer as instituições, sabe que isso não é bom para a população. Então que a gente possa proteger e preservar a democracia brasileira”, salientou Renato Casagrande.
Nesta sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a íntegra da gravação de uma reunião realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual o ex-presidente Bolsonaro e ministros discutem o que a Polícia Federal chama de uma “dinâmica golpista”. Apreendido no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a reunião ministerial é considerada peça central para montar a operação deflagrada pela Polícia Federal, e foi marcada por reações de nervosismo, ofensas, palavrões e destempero do então presidente. No encontro com ministros e aliados, o ex-chefe do Executivo, segundo a PF, “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.
A reunião ocorreu dias antes do encontro que Jair Bolsonaro teve com embaixadores, marcada por ataques ao sistema eleitoral, que gerou a condenação do ex-presidente pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Entre os investigados na Operação Tempus Veritatis estão o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o ex-ministro da Casa Civil general Walter Souza Braga Netto e o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Diante da notícia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi na mesma direção do goverbador Casagrande, afirmando esperar que o rigor da lei seja aplicado contra aqueles que atacaram a democracia, ao financiar os acampamentos que culminaram na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023.
“É muito difícil um Presidente da República comentar sobre uma operação da Polícia Federal que ocorre em segredo de Justiça. Espero que não ocorra nenhum excesso e seja aplicado o rigor da lei. Sabemos dos ataques à democracia. Precisamos saber quem financiou os acampamentos. Vamos esperar as investigações”, afirmou Lula.
A declaração do Presidente foi um recorte de trecho da entrevista concedida por Lula à Rádio Itatiaia. O comentário se referia à operação que cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares que incluem a proibição de manter contato com outros investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas .
As medidas judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Entre elas está a que apreendeu o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro, que fica, assim, proibido de deixar o Brasil. A operação foi deflagrada após o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ter fechado acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. O acordo foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e já recebeu a homologação do STF.
Segundo a investigação, entre os alvos da operação estão:
– o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno Ribeiro Pereira;
– ex-ministro da Casa Civil e da Defesa general Walter Souza Braga Netto;
– ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira;
– major da reserva Ângelo Martins Denicoli;
– coronel reformado do Exército Aílton Gonçalves Moraes Barros;
– coronel Guilherme Marques Almeida;
– tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;
– tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
– ex-comandante-geral da Marinha almirante Almir Garnier Santos;
– general Mário Fernandes;
– ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
– general de Brigada reformado Laércio Vergílio;
– Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;
– ex-ministro da Justiça, Anderson Torres;
– presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
Mandados de prisão contra:
– o ex-assessor especial de Bolsonaro Felipe Martins
– coronel Bernardo Romão Correa Neto
– coronel da reserva Marcelo Costa Câmara
– major Rafael Martins de Oliveira.