O governador Renato Casagrande (PSB) disse que a situação no Equador, que levou o presidente Daniel Noboa a declarar guerra contra as gangues do crime organizado é grave, mas que não chegará ao Brasil. Para o líder capixaba, o Governo Federal está atento e tomando providências, sobretudo, nas áreas de fronteira com demais países da América do Sul. No Continente, o Brasil possui fronteiras com 10 dos 12 outros países, com extensão total de 16.885,7 km. Somente Chile e Equador não possuem fronteiras com o território brasileiro:
“Não creio na possibilidade dessa crise no Equador chegar ao nosso País, porque o governo do presidente Lula está atento e adotando providências necessárias”, frisou Casagrande, lembrando ainda que o Brasil colocou a Polícia Federal à disposição do governo equatoriano em meio à onda de violência que assola o país.
O governador capixaba tem razão. É que a crise no Equador e a situação dos brasileiros naquele país foi tema de reunião, na quarta-feira (10/01) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, também participou do encontro no Palácio da Alvorada. Após os ataques de terça-feira (09/01), o governo brasileiro condenou as ações de violência conduzidas por grupos criminosos organizados, em diversas cidades do Equador.
Na quinta-feira (11/01), a crise continuou a crescer pelo terceiro dia consecutivo, com a determinação do presidente Daniel Noboa de construir duas prisões “estilo Bukele” – em referência ao presidente salvadorenho – para os líderes das máfias que estão se rebelando em sete prisões desde terça-feira (09/01)1, com 175 funcionários reféns em suas mãos.
O presidente Noboa apresentou breves planos das duas prisões que seu governo planeja construir, semelhantes às que já estão em operação no México e em El Salvador para combater gangues e máfias do crime organizado. Essas duas novas prisões, que serão localizadas na província amazônica de Pastaza e na província costeira de Santa Elena, terão capacidade para 736 prisioneiros, longe dos 40 mil detentos que o governo do presidente Nayb Bukele afirma que sua prisão pode abrigar.
Ambas as prisões terão inibição de sinal de celular e satélite, sistemas eletrônicos de última geração, controle de acesso digital e analógico, segurança de perímetro triplo e autogeração de eletricidade, todos sem precedentes nas prisões do Equador. A resposta do governo supostamente provocou a reação violenta dessas gangues, culpadas pela série de massacres em prisões, nos quais mais de 450 prisioneiros foram mortos desde 2020, e também parece ter levado à fuga de José Adolfo Macías “Fito”, líder de “Los Choneros”, um dos maiores grupos.
O plano do governo era isolar “Fito”, que dominava a Prisão Regional de Guaiaquil, e outros líderes de gangues em instalações como a prisão de segurança máxima de La Roca até que essas duas prisões fossem concluídas.