A Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) vai começar a usar robôs no combate a vazamentos de água e de esgoto e a furtos – os chamados ‘gatos’ – de água na Grande Vitória. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (11/01) pelo governador Renato Casagrande (PSB) e pelo presidente da empresa, Munir Abud de Oliveira, durante demonstração das novas tecnologias adquiridas pela Companhia. A demonstração ocorreu na área da Estação de tratamento de Esgoto (ETE) Camburi, em Jardim Camburi, Vitória. O Estado passa a ser o quarto do País a utilizar a atuação dos robôs e da Inteligência Artificial nesse tipo de combate. O contrato com a Cesan, entretanto, é o de maior valor – R$ 145 milhões – justamente por contar com tecnologia mais avançada e por atingir maior área de ação.
O contrato firmado entre a Cesan e as empresas responsáveis pelo trabalho estabelece a utilização de uma tecnologia 100% não destrutiva. Um dos benefícios desse modelo é que os problemas de vazamento nas tubulações de água e nas redes de esgoto não vão causar transtorno à população, ao trânsito e ao comércio, conforme frisou o governador:
“Esse novo sistema de ação tem também o objetivo de melhorar o abastecimento hídrico, por se tratar de uma inovação. Temos uma inovação, um método novo para dar segurança à população, porque cumpre um papel de segurança hídrica. E este sistema que estaremos usando a partir deste momento poder fazer através de um método não destrutivo a substituição de tubulação ou revestimento de tubulação que está com vazamento, sem o transtorno, sem incômodo de ter que fazer buracos numa avenida; sem transtorno que tenha que causar desvio de trânsito; sem incômodo à população e aos motoristas. Esse novo método reduz ainda as perdas da água tratada, que é 40%, uma perda muito grande e que é, infelizmente, a média nacional. Portanto, trata se um investimento para reduzir os prejuízos da Cesan e ofertar maior quantidade de água para os capixabas”, pontuou Casagrande.
De acordo com o governador, serão realizados, inicialmente, ações de vistoria em 150 quilômetros de redes da Cesan. Os trabalhos começam na próxima semana pelas Avenida Leitão da Silva e Vitória, ambas na Capital capixaba, para depois chegar a outros municípios da Região Metropolitana: Vila Velha, Cariacica, Serra, Fundão, Viana e Guarapari.
“As redes de abastecimento de água são antigas, que precisam de substituição ou de revestimento. Começando por essas redes, vamos evitar transtorno como temos tido nos últimos meses”, disse Renato Casagrande, acrescentando que os serviços poderão ser estendidos aos demais municípios onde a Cesan atua no Estado.
O serviço tem ainda o objetivo de atuar na recuperação, substituição e implantação de novas redes de água, adotando tecnologia de ponta. Essa modernização inclui métodos não destrutivos e o emprego de inteligência artificial na detecção e resolução de vazamentos: “São as tecnologias mais avançadas do mundo, destinadas à redução de perdas e ao aumento da vida útil do sistema. Cada metodologia é designada para casos específicos, mas todas com o objetivo de ter uma execução mais rápida, menos poluidora, com menor transtorno à população e melhor custo-benefício”, pontuou Renato Casagrande.
Além de minimizar os impactos nas obras de implantação ou substituição de redes, a Cesan tem como meta reduzir o tempo de execução e o custo operacional desses serviços. Os gastos com manutenção de redes representam o terceiro maior custo operacional da empresa, alcançando aproximadamente R$ 40 milhões por ano.
O presidente da Cesan, Munir Abud, destacou que o Espírito Santo sai à frente nesse avanço. “Atualmente, apenas São Paulo, Fortaleza, Bahia, João Pessoa e o Distrito Federal utilizam essa tecnologia. É um passo importante que estamos dando em direção à modernização e eficiência das operações da Cesan, promovendo benefícios diretos para a população ao minimizar transtornos, reduzir custos e agilizar as intervenções nos sistemas de água e esgoto da região”, afirmou.
O dirigente da estatal explicou que os trabalhos com robôs e Inteligência Artificial no combate aos vazamentos de água começarão pelas Avenidas Leitão da Silva e Vitória, que cortam dezenas de bairros na Capital, por se tratar de duas vias onde estão instalados a maioria das tubulações mais antigas e que necessitam de manutenção permanente: “Em breve, porém, as ações serão estendidas a outros bairros de Vitória e da Região Metropolitana”, garantiu o dirigente da empresa estatal.
Munir Abud informou que a empresa gerencia mais de 9 milhões de metros de redes de água e mais de 4 milhões de metros de redes de esgoto em 53 municípios no Espírito Santo, tornando-se um ambiente propício para a implementação da tecnologia não destrutiva na substituição e instalação de novas redes. Segundo o presidente da Cesan, os novos métodos serão aplicados em áreas de grande movimentação veicular, onde bloquear o trânsito é complexo, como na Rodovia Serafim Derenzi, e Avenidas Vitória, Leitão da Silva, Reta da Penha, entre outras. A implantação será estendida por toda a Grande Vitória, região que concentra o maior número de pessoas atendidas e a maior extensão de redes de grande porte da companhia.
O presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutivas (Abratt), Hélio Rosas – ao qual à Cesan, empreiteiras e fornecedoras ligadas ao trabalho de combate a vazamento de água e esgoto e de ‘gato’ de água estão filiadas –, mostrou outras vantagens do trabalho com robôs e Inteligência Artificial nesse tipo de trabalho: “Vai proporcionar uma obra mais rápida, limpa, sem poluição, melhor custo-benefício e maior segurança hídrica. O trabalho vai combater também ligações clandestinas às redes de esgoto e de água. Há pessoas que furtam a água diretamente às redes das concessionárias”, frisou Hélio Rosas.
Segundo ele, o Ceará foi o primeiro Estado a contratar esse tipo de tecnologia no combate a vazamentos de água, por um contrato de R$ 100 milhões. “O Espírito Santo está avançando pela quantidade de tecnologia atingida, que vai beneficiar um maior número de regiões”, disse Hélio Rosas.