Uma cena chamou a atenção de quem passou, na tarde desta quinta-feira (04/01), numa área de alimentação do Shopping Boulevard, localizado na Rodovia do Sol, em Vila Velha. É que, 17 dias depois de ter sido solto da cadeia, o suposto pastor Fabiano Oliveira, que responde a procedimentos instaurados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela acusação de milícia digital e atos antidemocráticos, estava reunido com figuras políticas ligadas ao senador Magno Malta (PL).
De camisa verde, com inscrição “Deus Pátria” – alguns dos bordões dos bolsonaristas – e de boné, Fabiano conversava com o presidente Regional do Partido Liberal (PL) de Vila Velha, Carlos Salvador, e com o candidato derrotado a prefeito de Cariacica em 2020, o também suposto pastor Ivan Pereira Bastos (camisa azul). O teor da conversa girava em torno das eleições municipais de Vila Velha e Cariacica. Em dado momento, Carlos Salvador disse que a ordem de Magno Malta “é atacar” e “derrotar” os atuais prefeitos Arnaldinho Borgo (Podemos) e Euclério Sampaio (MDB). Ivan e Fabiano concordaram, indicando, em parte da conversa, que têm ideias sobre como agir.
Arnaldinho e Euclério são prefeitos, respectivamente, de Vila Velha e Cariacica. Os dois têm grandes chances de serem reeleitos no pleito de outubro deste ano. Nos bastidores políticos, os comentários dão conta de que Fabiano, Ivan Bastos e Salvador estariam se articulando para lançar nomes para disputar as eleições em Cariacica e Vila Velha.
Nas eleições de 2020, Ivan Bastos se aventurou como candidato a prefeito de Cariacica, quando estava filiado ao MDB. Obteve apenas 1.658 votos, no pleito vencido por Euclério Sampaio. Em 2022, já no PTB, Ivan se candidatou a deputado estadual. Perdeu de novo.
O suposto pastor Fabiano estava preso pela acusação de integrar um grupo criminoso responsável por milícias digitais e atos antidemocráticos no Espírito Santo. Foi preso junto com o vereador afastado Armando Fontoura Borges Filho, o Armandinho Fontoura (Vitória), o jornalista e advogado Jackson Rangel Vieira, e o radialista e microempresário Maxcione Pitangui de Abreu. No dia 18 de dezembro de 2023, eles foram soltos por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão deles foi decretada em 15 de dezembro de 2022 por Alexandre de Moraes. Armandinho e Jackson foram presos na mesma data, enquanto Fabiano ‘se rendeu’ à Polícia Federal no dia 19 de dezembro, quando se encontrava entre os bolsonaristas acampados na porta do quartel do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, na Prainha de Vila Velha. Max Pitangui fugiu do Brasil e foi preso no Paraguai em14 de setembro de 2023.
O STF converteu a prisão dos quatro em liberdade provisória, mas com o uso de tornozeleira eletrônica. Eles também estão impedidos de sair do País, de ter contato com outros investigados, de ter posse de arma de fogo e de ativar as redes sociais.
Nos dois Inquéritos (atos contra a democracia e atuação de milícias digitais) também foram alvos o deputado estadual Capitão Assumção (PL), o ex-deputado estadual Carlos Von Schilgen Ferreira, vulgo Carlos Von, e o advogado e empresário Gabriel Quintão Coimbra. Os três foram alvos de mandado de busca e apreensão nas mesmas ações coordenadas pelo STF. Assumção e Carlos Von cumprem também medidas cautelares, dentre as quais o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de fazer postagens em redes sociais. Gabriel Coimbra não teve medida cautelar decretado em seu desfavor.