Um dia antes de entrar em vigor o decreto de Garantia da Lei e da Ordem nos portos e aeroportos dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a Polícia Federal e a Receita Federal realizaram uma ação de varredura no navio Grande Amburgo, atracado no Porto de Vitória, e apreenderam mais de uma tonelada e meia de cocaína que seria levada para a Europa. Inicialmente, seria apenas uma inspeção, feita na tarde de domingo (05/11), para confirmar informações de que a embarcação seria usada para transportar drogas que partiriam do Brasil para países europeus. E a suspeita se confirmou.
Participaram da operação mais de 50 agentes das PF e da Receita Federal, que contaram com o apoio de 14 cães farejadores dos grupamentos K9 das duas instituições, além de duas embarcações dos dois órgãos que patrulham o complexo portuário capixaba.
A ação foi fruto de um monitoramento da embarcação realizado pela Polícia Federal em cooperação policial com outros países, que culminou com apreensões anteriores nos portos de Santos, Tenerife (Espanha) e Hamburgo (Alemanha). Durante a inspeção as autoridades localizaram dentro do navio 52 fardos de cocaína que estavam prontos para serem arremessados ao mar no porto de destino, que ainda não foi identificado pelos investigadores. Ao todo 1.594 quilos de cocaína foram encontrados e apreendidos.
Dentre as diligências realizadas foram colhidas amostras de material genético nos locais onde os fardos estavam acondicionados para futura comparação com material dos suspeitos. Também foram recolhidas amostras das impressões digitais dos tripulantes para confronto com impressões digitais reveladas nas embalagens dos fardos apreendidos.
Equipes de cães farejadores fizeram uma varredura dos 13 andares da embarcação, e drones subaquáticos examinaram as caixas-mar localizadas no casco do navio. Os tripulantes prestaram depoimento e a droga apreendida foi encaminhada sob forte esquema de segurança para pesagem e apreensão na Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo, em Vila Velha. Ninguém foi preso.
O decreto da GLO, assinado no dia 1º de novembro de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começa a valer a partir desta segunda-feira (06/11) e coloca 3.700 militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha para atuar em ações de combate ao crime em três portos e dois aeroportos do Rio e São Paulo, bem como no Lago de Itaipu. O objetivo é prevenir e reprimir o tráfico de drogas e de armas e outros tipos de crimes.ImageImage A instituição da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e atuação das Forças Armadas nos portos e aeroportos foram autorizadas por meio do Decreto nº 11.765, assinado pelo presidente Lula e pelos ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública).
Nas últimas semanas, foi registrada uma escalada de violência. No Rio de Janeiro, por exemplo, criminosos queimaram 35 ônibus e até uma cabine de trem, provocando o caos em sete bairros da zona oeste da capital fluminense, depois de um líder miliciano ter sido morto em uma operação da Polícia Civil.
A atuação de militares em ações preventivas e repressivas ocorrerá nos portos de Santos (SP), do Rio e de Itaguaí (RJ); bem como nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Tom Jobim (RJ). O decreto estabelece que Exército e Aeronáutica devem incrementar as operações que já realizam ao longo das fronteiras brasileiras. A Marinha deve fortalecer as ações preventivas e repressivas nas baías de Guanabara e de Sepetiba, ambas no Rio de Janeiro; nos acessos marítimos ao Porto de Santos e na porção brasileira do Lago de Itaipu. Os militares não farão policiamento de ruas e bairros. A operação deve durar até 3 de maio de 2024.