Pela primeira vez na história da capoeira no Espírito Santo, três mulheres vão receber a graduação de contramestras. A advogada Carolina Zanchetta, a médica Juana Zanchetta – elas são irmãs – e a engenheira civil Lorena Loureiro, todas com quase 30 anos de prática, serão graduadas contramestras pela Mestra Sabrina Abade, que é do Grupo de Capoeira Beribazu e professora de Educação Física e de Capoeira na Universidade Federal do Espírito Santo. A solenidade de formatura será na próxima sexta-feira (06/10), na Casa da Música Sônia Cabral – antiga sede da Assembleia Legislativa –, na Cidade Alta, em Vitória.
Formado em 1972, o Grupo Beribazu, com atuações no Brasil e no exterior, tem, na atualidade, apenas duas mestras e duas contramestras formadas. Além da formatura na sexta-feira, o dia seguinte vai marcar a cerimônia de graduações de monitores, estagiários e alunos do mesmo grupo, a ser realizada na Sala da Capoeira, na Ufes, no Campus de Goiabeiras. A formatura principal, na Casa da Música Sônia Cabral no dia 6 de outubro, será a partir das 19 horas e contará com apresentações culturais, ritual de formatura e roda de capoeira. Todas as atividades são gratuitas e aberta ao público interessado, em especial a comunidade da capoeira.
O evento contará com a presença de diversos capoeiristas do Brasil e do exterior, dando destaque ao protagonismo feminino com convidadas de renome como Mestra Tida, de Minas Gerais; Mestra Magali, do Rio; Mestra Zanga, do Distrito Federal; Mestra Nagô, de São Paulo; e a Contramestra Tartaruga, da Bahia; além de demais pessoas convidadas.
A contramestra Carolina Zanchetta explica que a capoeira no Brasil nasceu como instrumento de luta dos descendentes africanos, que usavam a arte para disfarçar a luta contra a escravidão e discriminação. Com o tempo, porém, a capoeira, segundo ela, ganhou viés da prática da cultura: “Dentro de cada grupo existe a sua própria filosofia. No Grupo Beribazu, por exemplo, se adotou o binômio arte-luta. No passado, os descendentes africanos aqui no Brasil usavam a luta disfarçada de dança para que que não sofressem repressão”, ensina Carolina.
Ainda segundo a contramestra Carolina, existem grupos de capoeiristas que praticam a arte como esporte. E cita como exemplo o maior evento do Planeta voltado ao gênero afro-brasileiro que une dança e luta, que foi o Festival Internacional Arte Capoeira, criado pelo seu Grupo Abadá, realizado recentemente no Rio. “Há grupos que contam, inclusive, com patrocínio de grandes empresas. A capoeira, diferentemente do judô, não é algo unificado. A capoeira funciona como tribos: cada grupo tem sua própria filosofia”.
As irmãs Carolina e Juana Zanchetta são casadas. A primeira é mãe de Sofia, de 1 ano e 4 meses; a outra, mãe de Elisa, 1 ano e 7 meses. Carolina começou a praticar capoeira em 1994, enquanto Juana iniciou um ano depois. As duas ainda eram crianças quando foram atraídas pela capoeira. Já a amiga Lorena começou a praticar em 1992. As tês capixabas, que já entraram para a história da capoeira, também se apresentam no exterior, levando a ‘luta-arte’ para países europeus.
(Fotos: Amanda Guimarães)