Criado em 2011, no primeiro mandato do governador Renato Casagrande (PSB), o Programa Estado Presente em Defesa da Vida deu mostras de sua importância para a segurança pública do Espírito Santo. Com políticas sociais ousadas nas regiões de maior incidência de crimes, com uma polícia reprimindo com mais eficiência os homicídios e tráfico de drogas e outros delitos, o Estado começou a experimentar a queda no número de homicídios dolosos. Naqueles primeiros quatro anos de ação (2011/2014), o Estado Presente reduziu em 1.089 o número de mortes em relação aos quatro anos do governo anterior, de Paulo Hartung (sem partido).
Todavia, o ano de 2015 foi o divisor de águas na segurança pública capixaba. De volta ao poder, depois de derrotar Casagrande nas eleições de 2014, Hartung acabou com o Estado Presente e as forças policiais capixabas foram desestruturadas, com ausência de investimentos na tecnologia, no armamento, viaturas, inteligência e sem a realização de concursos públicos para a recomposição dos efetivos das Polícias Militar e Civil. Ausente, o Estado se deparou com mais violência e com registro de 5.088 assassinatos nos quatro anos, assim distribuídos: 1.392 em 2015; 1.181 (2016); 1.407 (2017); e 1.108 (2018).
Frisa-se, porém, que Paulo Hartung enfrentou uma grave crise na Polícia Militar, que foi o aquartelamento de parte da tropa durante 22 dias de fevereiro de 2017, quando pelo menos 215 pessoas foram mortas. Motim provocado, todavia, pela falta de incentivo e devido à ausência de investimentos e a inexistência de diálogo com quem buscava reajuste salarial ou ao menos a correção da remuneração dos policiais militares pela inflação, algo negado pelo governo Hartung.
Renato Casagrande voltou à cena política em 2018 e, ao assumir a candidatura ao Governo do Estado, anunciou que retomaria o Programa Estado Presente, voltaria a conversar com as categorias policiais para conceder reajustes salariais e iria anistiar, no âmbito administrativo, os militares punidos por conta da greve na PM. Casagrande cumpriu o que prometeu na campanha.
Com a retomada do Estado Presente, voltaram as ações que sempre pavimentaram o programa e, com uma polícia valorizada, os números da criminalidade voltaram a cair. Se entre 2015 e 2018 o Espírito Santo, sem o Estado Presente, registrou 5.088 assassinatos, nos quatro anos seguintes foram verificados 4.140. Em números absolutos, o Espírito Santo poupou 948 vidas. Em 2019 foram 978 homicídios; em 2020, 1.103; em 2021, 1.061; e, em 2022, 998 mortes. Com a retomada do Estado Presente, o Espírito Santo passou a ser um dos entes federados menos violentos do País.
Histórico
Em 2000, 1.449 pessoas foram assassinadas no Estado. No ano seguinte, 1.472 homicídios; em 2002, esse número subiu para 1.639 assassinatos. Já no primeiro ano do primeiro governo Hartung (2003/2006), foram 1.640 homicídios. Em 2004, caiu para 1.630; no ano seguinte foram 1.600. Em 2006, no entanto, aumentou de novo: 1.774 pessoas assassinadas. Já em 2007, quando se iniciou o segundo mandato de Paulo Hartung, foram 1.885 mortes; em 2008, os índices subiram para 1.948 homicídios. Em 2009 pelo menos 1.996 pessoas foram executadas no Espírito Santo. E, em 2010, 1.761 foram mortas.
Os números passaram a cair com maior expressão em 2011, já no governo de Renato Casagrande, com 1.708 homicídios; em 2012 foram 1.660 mortes; em 2013 foram 1.564 assassinatos. Em 2014, foram registradas 1.529 mortes.