O presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini, afirmou na manhã desta terça-feira (24/01) em Vitória que a volta do petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República representa uma luz no fim do túnel para os aposentados brasileiros. Ele, que nesta quarta-feira (25/01) vai se reunir em Brasília com o ministro da Previdência Social, Carlos Luppi, para discutir novo reajuste do salário mínimo a partir de maio, denunciou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) destruiu os sindicatos brasileiros e tentou, inclusive, acabar com o Sindnapi:
“Bolsonaro destruiu todo o movimento sindical brasileiro; só não conseguiu com o nosso. Por quê? A gente tinha muitos amigos na Previdência. São amigos de 10, 15, 20 anos. E essas pessoas ajudam muito. Mas em dezembro de 2022 Bolsonaro fez um decreto para acabar com o nosso sindicato, mas conseguimos segurar junto à Procuradoria-Geral da República”, desabafou João Inocentini, que participou, na Capital capixaba, da inauguração da nova subsede do Sindnapi no Espírito Santo, localizada na Praça Presidente Getúlio Vargas, 35, edifício Jusmar, na Esplanada Capixaba.
Segundo ele, Lula foi considerado um dos melhores presidente da República, nos dois mandatos anteriores (2003/2006 e 2007/2010) e ajudou muito os aposentado nos oito anos de governo: “Conseguimos antecipar o 13º salário, que antigamente só recebia em dezembro; conseguimos recuperar o salário mínimo do aposentado em mais de 170%; só não conseguimos recuperar quem ganha acima do salário mínimo. Fizemos vários acordos de pagamento da URV que foi mais de R$ 12 bilhões, que foram pagos devido a um acordo que fizemos com o governo federal”, pontuou o líder classista.
A URV foi uma moeda de transição entre o Cruzeiro e o Real, que serviu de estabilizadora a fim de que não fossem realizados confiscos nem medidas de choque para conter a hiperinflação que assolava o Brasil. A URV não existia fisicamente, nunca houve a circulação de uma moeda de URV, era uma moeda escritural, ela só foi de fato substituída pelo Real no dia 1º de julho de 1994. No momento da conversão das moedas, CR$ 2.750, o último valor da URV, tornou-se o equivalente a R$ 1.
Continua João Inocentini: “Fizemos outro grande acordo que foi do acidente de trabalho que era de R$ 15 bilhões, também pagos, inclusive esse ano é o último ano que tá sendo pago. Então, todo mundo recebeu, parcelado, mas recebeu. Agora, com o retorno do Lula, para nós é uma nova esperança de começar a discussão. Sobre o reajuste do salário mínimo, já estamos tendo alguma conversa, inclusive, amanhã (quarta-feira) teremos uma conversa com o ministro da Previdência (Carlos Luppi) para começar a discutir uma forma de recuperar o poder de compra do salário mínimo. Então em janeiro ainda nós não conseguimos, porque o País está quebrado. O Brasil está no fundo do poço, mas estamos estudando para ver se maio viria uma antecipação, com o salário mínimo passando para R$ 1.320,00, tendo um aumento de R$ 17,00. Isso daria um custo para a Previdência em torno de R$ 7 bilhões.”
O aumento real do salário mínimo ocorre quando o reajuste oferece ganho acima da inflação. Durante os governos Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, o valor foi corrigido por um cálculo que considerava a inflação do ano anterior mais o crescimento médio do PIB nos últimos dois anos.
Em 2011, Dilma transformou a regra em lei e instituiu uma política de valorização do piso até 2014. Ela repetiu a iniciativa em 2015 e estendeu a medida até 2019. Desde 2019, quando da chegada de Jair Bolsonaro ao poder, não há mais lei atrelando o resultado do PIB à correção do salário. Na época, a avaliação do governo foi de que o reajuste real prejudicaria as contas públicas.
Hoje, o salário mínimo está em R$ 1.302, valor calculado em agosto de 2022 pela equipe do ex-presidente Bolsonaro e definido por ele em dezembro. O reajuste considerava apenas a inflação projetada naquela época, que ficou menor que o previsto. Aliados do presidente Lula defendem que o piso fique em R$ 1.320,00 neste ano. No entanto, os custos para subir o valor atual estão acima do previsto inicialmente, de acordo com o Governo Federal.
Segundo Inocentini, há esperança reside no fato de que, nos últimos quatro anos, os sindicatos ficaram sem poder discutir com o Governo Federal. “Bolsonaro nunca nos recebeu e nunca conversou com os sindicatos. Nunca conseguimos avançar em nada, porque ele foi destruindo os sindicatos.”
O presidente do Sindnapi, João Inocentini, acredita que com o presidente Lula haverá diálogo. “Os aposentados têm uma grande esperança de voltar a ver o salário mínimo crescer para poder recuperar o poder de compra e também poder comprar. Pelo menos um medicamento, comprar um quilo de carne aí por semana pelo menos voltar se decentemente e que os medicamentos ele não pode deixar de tomar. Também queremos discutir a volta da Farmácia Popular.”
De acordo com o presidente do Sindnapi, João Inocentini, Bolsonaro é radicalmente contra o movimento sindical. “Ele tem raiva de organização. Ele queria comandar sozinho. Ele queria comandar o Brasil sozinho e acabou do jeito dele, com o jeito que ele queria e acabou. A sociedade brasileira não aceita mais esse tipo de governante. Nem a ditadura militar, lá atrás nos anos 60 e 70, conseguiu destruir o movimento sindical brasileiro. Pelo contrário, o movimento sindical foi se fortalecendo nos anos 70 e 80, apesar da represália. E se fortaleceu ainda mais com a nova Constituição Federal, de 1988.”
Ele, no entanto, faz críticas a certos sindicatos, ao afirmar que “o movimento sindical também teve um choque, ao deixar de fazer aquele trabalho no dia a dia, que era o de fazer organização, preparar quadros, preparar o pessoal, dar curso para qualificar pessoas. Por isso foi fácil para Bolsonaro destruir o movimento sindical brasileiro. Acabou com a Carteira Profissional. Então vamos começar um novo trabalho com pelo menos 80% do zero. Bolsonaro deu um grande prejuízo ao País.”