A reação a buracos surgidos em alguns trechos da Avenida Leitão da Silva, que corta diversos bairros em Vitória, demonstra a mediocridade de pensamento e de ação do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). As obras da ‘nova’ via foram feitas pelo Governo do Estado, iniciadas no segundo mandato do então prefeito João Coser (PT), e concluídas em definitivo em dezembro de 2019, quando a capital era comandada por Luciano Rezende (Cidadania). Começaram e se encerraram nas gestões do governador reeleito Renato Casagrande (PSB).
Com três quilômetros de extensão, a avenida se estende da Rua Dona Maria Rosa à Avenida Beira-Mar. Conta com três faixas de rolamento em cada sentido, ciclovia em seu eixo central – onde antes havia um canal aberto –, calçada cidadã, nova sinalização (semafórica, horizontal e vertical) e sistema de drenagem.
A Leitão da Silva é uma via do Município. O Estado fez as obras porque a Prefeitura de Vitória, antes mesmo de Pazolini sonhar em ser prefeito, solicitou e autorizou. Foram realizadas com recursos do Governo Estadual. A ‘nova’ via custou R$ 93 milhões aos cofres públicos. Uma vez as obras concluídas e a nova avenida é entregue à população, cabe à Prefeitura de Vitória assumir, de novo, a responsabilidade da via.
No entanto, pelo que se observa, pelo menos na questão dos buracos, a Prefeitura está se omitindo e deixando de cumprir seu papel. Para demonstrar a mediocridade, o prefeito Pazolini mandou instalar na Leitão da Silva, por meio da Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran), dois painéis com letreiro luminoso alertando os motoristas para a existência de buracos e, de quebra, frisando que a obra é do “Governo do Estado”. Painéis estes produzidos pela empresa Sinales e que estão sendo pagos pelos contribuintes.
Os dois painéis foram instalados em locais de fluxo intenso de veículos como no cruzamento semaforizado da avenida com a alça de acesso à rua Elias Tomasi Sobrinho e o outro no cruzamento da avenida Rio Branco. O Governo do Estado, por meio do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), não está se furtando de executar serviços de manutenção, até porque os buracos que surgiram, devido às fortes chuvas que vêm caindo no Estado há mais de duas semanas, estão sendo tampados pela empreiteira responsável pelas obras, pois a manutenção está dentro das garantias dadas no contrato.
No entanto, conforme ressalva o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, caberia aos gestores do Município fazer a interlocução com a empreiteira para a realização dos serviços de tapa-buracos: “Quando o Estado entrega uma obra a qualquer Município, a Prefeitura em questão assume a sua manutenção. Tanto é assim que a Prefeitura de Vitória já vem realizando serviços na Leitão da Silva, como a jardinagem, limpeza da via, desobstrução do canal, iluminação e manutenção dos semáforos. Os gestores da Prefeitura poderiam nos procurar para saber se há garantias para a manutenção da via em caso de surgimento de buracos”, disse Damasceno. “E a resposta será sim”.
O secretário citou a Avenida Fernando Ferrari, também reformada e ampliada pelo Governo do Estado, como exemplo de que a Prefeitura de Vitória voltou a ter o controle da via depois da entrega das obras. No entanto, revelou um outro exemplo negativo dado pela administração de Lorenzo Pazolini: “Recentemente, um carro provocou acidente e derrubou um poste na avenida onde fica o Portal do Príncipe. Recebi um ofício da Prefeitura de Vitória solicitando ao Estado que providenciasse a troca do poste. Esse tipo de serviço é de responsabilidade do Município. O Governo construiu o Portal do Príncipe e o entregou à cidade”.
Sem citar o nome do prefeito Pazolini, o secretário Fábio Damasceno conclui com um pensamento e uma constatação que desmontam qualquer atitude medíocre: “Na nossa sociedade não cabe mais esse tipo de conflito” e “as placas instaladas na Leitão da Silva poderiam trazer informações que ajudem à população com prestação de serviço. Do jeito que estão, não agregam nenhum valor”.