Chegou à Promotoria de Justiça Cível de Vila Velha uma denúncia que aponta o suposto uso de funcionários fantasmas no Gabinete do vereador Devacir Rabello da Silva (Vila Velha/PL). A Reclamação foi distribuída para aquela unidade ministerial depois que o caso chegou, de forma anônima, à Ouvidoria do Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Conforme consta, uma das funcionárias fantasmas se chama Camila Nunes e Nunes, que é esposa de um amigo de Devacir, o comerciante Márcio Cesário de Souza, o Marcinho, que responde a duas Ações Penais pela acusação de posse ilegal de armas de fogo.
O nome de Camila Nunes aparece no portal da transparência da Câmara Municipal de Vila Velha. Informa que ela foi admitida em 1º de junho de 2021, seis meses depois que Devacir Rabello tomou posse como vereador. Os vencimentos mensais dela são de R$ 4.653,75 de salário e mais gratificação de 100% sobre o salário, totalizando R$ 9.307,50.
A Reclamação levada ao MPES foi feita por uma outra servidora efetiva (concursada) da Câmara de Vereadores de Vila Velha e que, na noite de sexta-feira (18/11), manteve contato com o Blog do Elimar Côrtes também de forma anônima. Segundo ela, o salário pago à Camila Nunes é, na verdade, do marido, Marcinho, que não aparece como funcionário da Câmara de Vereadores por conta dos dois processos que responde na Comarca de Vila Velha e para evitar críticas a Devacir Rabello. Na verdade, nem a esposa e nem o comerciante aparecem no Gabinete do vereador Devacir Rabello, segundo a informante.
Devacir não nega que tenha no comerciante e réu Marcinho como seu amigo. Na campanha eleitoral deste ano, em que Devacir Rabello foi candidato a deputado federal derrotado, ao obter apenas 22.359 votos, o vereador teve que rebater provocações de adversários, que fizeram críticas ao fato dele pedir ajuda para a campanha eleitoral, mas “andar de caminhonete Hilux de R$ 200 mil”. Devacir gravou um vídeo para dar a sua versão sobre o caso. Disse que Marcinho é seu amigo pessoal e que o ajudou de maneira voluntária na campanha:
“A ajuda que eu peço é para que vocês compartilhem meus vídeos. O Marcinho me emprestou a Hilux para que eu pudesse andar em cima do carro”, disse o então candidato à Câmara Federal Devacir Rabello.
Aliás, o vereador Devacir e Marcinho têm algo em comum: as armas de fogo. No Natal de 2021, Devacir comprou uma pistola Taurus 9 mm como presente para si mesmo. Nas redes sociais, ele até comemorou: “Coisa linda!”. O vereador obteve autorização da Polícia Federal para ter posse de arma e, por isso, pode andar livremente com o “brinquedo”.
Mesma sorte, no entanto, não tem seu amigo e ‘assessor’ Márcio Césario. Dono da Distribuidora de Bebidas Real Plus, localizada na Rua Machado de Assis, no bairro Boa Vista II, em Vila Velha, o comerciante Marcinho responde a duas Ações Penais por posse ilegal de armas de fogo. Em duas ocasiões, ele foi preso pelas Polícias Militar e Federal com um revólver calibre 38 e uma pistola 380, respectivamente. Alegou que possuía as armas porque no bairro em que trabalha existe “intenso tráfico de drogas e muitas vezes indivíduos ostentam armas de fogo nas proximidades.”
Um dos processos que Márcio responde é o de número 0007859-36.2018.8.08.0035 e tramita na 3ª Vara Criminal de Vila Velha. Neste procedimento, o juiz Flávio Jabour Moulin marcou audiência para o dia 24 de abril de 2023, às 13h30, “a se realizar de forma, preferencialmente, virtual, via plataforma Zoom, em prestígio aos princípios da celeridade e eficiência, evitando o deslocamento físico das partes, não sendo, contudo, obstado o comparecimento pessoal, da parte que o reputar necessário.” Neste processo, Márcio havia sido preso em março de 2018.
A segundas Ação Penal é a de número 0005626-95.2020.8.08.0035 e está na 6ª Vara Criminal de Vila Velha. Nela, a denúncia ofertada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo narra que Marcinho foi preso pela Polícia Federal em março de 2020, também por posse ilegal de arma. Por conta desse processo, ele foi submetido a audiência no dia 10 de novembro de 2022 e o processo está em fase das Alegações Finais.


