Dentre todas as narrativas feitas no debate da TV Gazeta, na noite de quinta-feira (27/10), pelo candidato do PL ao governo do Estado, Carlos Manato, a que mais está provocando revolta entre os operadores da segurança pública foi a que ele acusa o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, de ter “batido na esposa”, a professora Renata Christina Pimentel Ramos Caus. Mal assessorado (ou mal-intencionado), Manato levou para o estúdio da Rede Gazeta uma folha, em que lia uma ocorrência envolvendo, segundo ele, agressão do coronel Caus à esposa.
Mal assessorado (ou mal-intencionado), o candidato Manato esqueceu, no entanto, de seguir até a página seguinte: é que, no dia 9 de dezembro de 2021, a Justiça acolheu parecer do Ministério Público do Estado do Espírito Santo e arquivou o procedimento instaurado para apurar as supostas agressões. A decisão pelo arquivamento foi proferida pelo juiz Evandro Alberto da Cunha, da 9ª Vara Criminal de Vila Velha, nos autos nº 0013918-69.2020.8.08.0035. “Decisão exarada em sede de audiência datada em fls. 27. Examinados. Com base no que restou apurado nos autos, acolho a promoção do Ministério Público e o requerimento expresso feito pelo Requerido, para ordenar o arquivamento do procedimento IP 0013918-69.2020.8.08.0035”, pontua o magistrado.
A própria esposa do comandante-geral da PM, no dia 3 de dezembro de 2020, em entrevista ao G1, citado por Carlos Manato para mentir sobre a conduta do coronel Douglas Caus, negou que tenha sido vítima de agressão por parte do marido. Renata Christhina afirmou que tudo não passou de um mal-entendido usado de forma arquitetada por pessoas que, na época, queriam ver o coronel fora do comando da PM. Esse grupo foi identificado com alguns oficiais que queriam retomar o poder na corporação a todo custo. Todos eles ligados a Manato, a quem declararam apoio nessas eleições.
Naquele dia 3 de dezembro de 2020, um coronel do Alto Comando, incomodado com a administração competente do comandante Caus, repassou para a imprensa, de forma anônima, cópias de Boletins de Ocorrências feitas no Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) onde havia, na descrição da ocorrência, de que Renata teria acusado o marido de agressão. Um boletim de atendimento é do dia 24 de dezembro de 2019 e o outro da noite do dia 2 de dezembro de 2020.
Ao G1, Renata disse que esteve na Delegacia da Mulher de Vila Velha para prestar esclarecimentos sobre o caso. A professora explicou que, nas duas situações, o que ocorreu foi uma discussão entre o casal sem nenhum tipo de violência física. Por conta da ausência de justa causa, o Inquérito Policial foi arquivado por decisão da Justiça.
No debate, Manato falou outra inverdade ao declarar que a Justiça havia expedido medida protetiva em favor de Renata e contra o comandante Caus. Foi imediatamente desmentido pelo governador Renato Casagrande. “Não é verdade. Tem uma Lei Estadual, que eu sancionei em 2019, que proíbe a contratação ou nomeação para cargo comissionado de agressores de mulheres. Meu adversário comanda uma indústria de fake news para destruir a honra das pessoas. Ele agiu dessa forma na pandemia da Covid/19, chamando a pandemia de farsa”, disse Casagrande.
O governador citou também a confissão do próprio Manato de que se omitira em relação às agressões sofridas por sua ex-assessora Izabella Renata Andrade Costa. No debate do dia 2 deste mês, na Rede Vitória, Manato disse que as agressões que um de seus coordenadores de campanha, o ex-soldado Walter Matias Lopes, praticava contra Izabella era “problema do casal”. Diferentemente do comandante Caus, que teve procedimento arquivado, Matias já foi condenado nas iras da Lei Maria da Penha e responde ainda a outras ações penais pela acusação de agredir Izabella, que foi sua esposa.
Diferentemente de alguns outros comandantes-gerais, o coronel Douglas Caus nunca escondeu sua família. A esposa, Renata, e os filhos estão sempre participando com ele das atividades profissionais e sociais ligadas à caserna. A presença da professora Renata, inclusive, motiva outros oficiais, comandantes de unidades, a levar a família de sangue para os seios da família militar.
O coronel Douglas Caus é apontado por oficiais e praças como um dos melhores comandantes-gerais da PMES. Mais do que isso: seu trabalho é reconhecido pela população capixaba. Para o público interno, Caus tem obtido conquistas importantes junto ao Governo do Estado, como as anunciadas nesta semana pelo governador Casagrande, que trata do Projeto de Lei que reduzirá de 50% para 17% do pedágio para os militares que aderiram ao sistema de subsídios, em 2007, para ingressarem na Reserva Remunerada. E mais: em janeiro, caso seja reeleito, Casagrande encaminhará à Assembleia Legislativa outra proposta legislativa que mexe no abate-teto salarial; e que manterá a política de valorização das forças policiais.
O PL conhecido como ‘3017’ vai garantir a promoção de pelo menos 1.241 até o final deste ano. Até final de 2026, o número de promoções, de praças e oficiais na PM, chegará a 4.703, segundo estimativa dentro do efeito da redução do pedágio. Este cálculo é feito em cima da previsão de militares que vão para a Reserva Remunerada graças à redução do pedágio.
A população capixaba reconhece que a gestão do coronel Caus tem trazido resultados positivos para a segurança pública, o que acaba ajudando o governo do Estado no combate à violência junto com outras instituições. O coronel Douglas Caus tem participado, pessoalmente, de dezenas de operações policiais em todo o Estado ao longo desses mais de dois anos à frente do Comando Geral. Caus é conhecido como oficial arrojado desde os tempos em que era aspirante, assim que deixou o Curso de Formação de Oficiais, nos anos 90.
Curiosamente, o comandante Caus vem agora sendo atacado pelo candidato Carlos Manato, que já revelou ter sido integrante da temida Scuderie Detetives Le Cocq, “entidade filantrópica” dissolvida pela Justiça Federal pela acusação de ser o braço armado do crime organizado capixaba, responsável por mais de 1.500 assassinatos, assaltos a banco, sequestros, extorsão, roubos de carros e até tráfico de drogas.
Existe suspeita de que Caus tem sido vítima de mentiras e difamação por parte de um pequeno grupo dentro da PM que está insatisfeito com seu trabalho profícuo em favor da corporação e da sociedade. São 34 anos de caserna em que o coronel Douglas Caus, por conta de sua liderança junto a tropa, respeito da sociedade e organização operacional, é apontado como um dos mais competentes comandantes-gerais da PM nesses 187 anos de existência.