A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha já concluiu o Inquérito Policial que apurou o assassinato do ex-policial militar, advogado e assessor parlamentar Mário André do Carmo Morandi, ocorrido na tarde do dia 7 de julho de 2020, numa padaria localizado em Itapoã, Vila Velha. O Inquérito está em segredo de Justiça, mas, segundo advogados de alguns dos seis indiciados que tiveram acesso aos autos, Morandi foi executado com tiros de pistolas por vingança praticada por uma quadrilha de traficantes: ele teria “subtraído” uma certa quantidade de drogas do grupo criminoso e vendido para outra gangue.
Mário Morandi era casado com uma irmã da deputada federal Soraya Manato (PTB) e do procurador de Justiça Sócrates de Souza. Soraya é esposa do candidato a governador do Espírito Santo pelo PL, o ex-deputado federal Carlos Manato. Morandi, quando foi morto, trabalhava como assessor parlamentar no gabinete do deputado estadual Capitão Assumção.
O inquérito do assassinato de Morandi foi presidido pelo titular da DHPP de Vila Velha, delegado Tarik Souki. Procurado pelo Blog do Elimar Côrtes nesta sexta-feira (07/10), por meio da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, o delegado não quis se manifestar sobre o caso, alegando que o IP está em segredo de Justiça.
A partir de outubro de 2020, a DHPP de Vila Velha começou a prender as pessoas envolvidas no assassinatos. São bandidos de alta periculosidade, com condenações por homicídios, tráfico de drogas e assaltos. São eles: Gabriel Alexandre Costa Farias, vulgo Gringo ou Primo, 34 anos; Phillip Monteiro Tobias, vulgo Neguin Felipim, 31; Davi Firmino Silva, o Tininha, 42; Vinícios Gonçalves Fonseca da Silva, 19; Victor Gonçalves Fonseca de Oliveira, 22; e Beatriz Scarlet Geraldo Santana, 27.
O Inquérito Policial, que se encontra agora para análise do Ministério Público do Estadual para oferecimento de denúncia, está em segredo de Justiça porque a Polícia Civil, por ordem judicial, conseguiu quebrar o sigilo telefônico dos indiciados. No mesmo dia do crime, o Blog do Elimar Côrtes informou com exclusividade que Morandi havia sido vítima de vingança ou queima de arquivo.
Um dos trechos do procedimento informa que “o crime – do qual Mário Morandi foi executado a tiros – foi praticado por motivo torpe. Segundo dois advogados ouvidos pelo Blog do Elimar Côrtes, que representam dois dos indiciados, Morandi foi morto por vingança por ter, supostamente, desviado um carregamento de cocaína de um grupo de traficantes de Vila Velha. Depois de “subtrair” a droga dos bandidos, ele teria vendido para outro criminosos.
Dois dias depois da morte de Mário Morandi, Carlos Manato revelou, em entrevista ao Tribuna Online, que seu cunhado, além de advogar, também fazia cobranças de dívidas para terceiros: “O que eu sei é que ele (Morandi) tinha causas de cobrar. Por exemplo, você tinha uma dívida e colocava na mão dele pra ele cobrar a pessoa. Ele ia lá, conversava, trocava uma ideia, tentava negociar para cobrar. Ele fazia isso também, além de advogar”, afirmou Manato, ao ser questionado por A Tribuna sobre o que poderia ter motivado o crime.
Carlos Manato disse também na época que Morandi se envolveu num homicídio, em legítima defesa, em 2018: “Ele matou um bandido. Estava em Parati, Anchieta, com a família e outro casal numa casa de praia, quando chegou o assaltante. Ele botou a mão pra cima, mas a arma estava nas costas, quando o cara já ia saindo ele sacou a arma e matou o cara”, disse Manato.
Tribuna Online recorda que o caso revelado por Manato ocorreu no dia 5 de janeiro de 2018. O homem morto por Morandi foi identificado como Jhon Weiny Pimentel de Oliveira. O processo foi arquivado pela Justiça de Anchieta, uma vez que Morandi agiu em legítima defesa.
Ainda de acordo com o jornal A Tribuna, em 2009, quando ainda era soldado da PM, Mário Morandi foi alvo de um atentado na Região da Grande Terra Vermelha, em Vila Velha. Na ocasião, teve uma troca de tiros e quatro pessoas foram atingidas. Na época, Morandi informou ao jornal que estava passando de carro quando bandidos, num outro veículo, o reconheceram como policial e começaram a atirar. Ele teria fechado o veículo, o que provocou um acidente.
Na ocasião, Morandi disse que estava de licença médica e desarmado. E que foi reconhecido “por ser muito atuante na região” e ter participado da prisão da Gangue da Cabeça – um grupo de assassinos que atuava com requintes de crueldade (arrancando a cabeça das vítimas) na Grande Terra Vermelha.