As principais entidades representativas da Polícia Federal realizam, nesta quinta-feira (28/04), mobilização nacional pela valorização das forças de segurança pública e com o objetivo de reivindicar a assinatura de Medida Provisória da reestruturação das carreiras policiais da União, conforme havia prometido publicamente o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). No Espírito Santo, delegados, agentes, escrivães, peritos criminais e demais servidores realizaram o protesto na sede da Superintendência Regional da PF, em Vila Velha. Também houve manifestação em frente à sede do Departamento de Polícia Federal, em Brasília, que contou com a participação do presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), o capixaba Marcus Firme, e demais lideranças. Também ocorreram protestos em outros Estados.
Os policiais federais cobraram do presidente Bolsonaro que cumpra o reajuste prometido para a carreira, além da reestruturação da PF. Após negociações no ano passado, foram reservados R$ 1,7 bilhão no Orçamento da União, mas, após outras categorias protestarem por reajuste, o presidente Bolsonaro recuou e anunciou um reajuste linear (para todas as categorias da União) de 5%.
A Fenapef avaliou os ganhos que a Polícia Federal traz aos cofres da União ao recuperar recursos oriundos de crimes e disse que o R$ 1,7 bilhão que a categoria pede representam menos de 20% de valores retomados aos cofres públicos em um ano. Marcus Firme disse lamentar “a falta de diálogo com o governo” e afirmou que “o reajuste linear de 5% não agrada a outras categorias” e ainda descumpre o acordo com a Polícia Federal.
“Quando soubemos dessa notícia dos 5%, recebemos com muita ansiedade e decepção. Até mesmo as categorias que não esperavam, não ficaram satisfeitas com reajuste de 5%, que nem cobre a inflação. “Não fomos chamados para negociar, falamos com o governo por meio de nossos parlamentares, mas essa falta de conversa com as entidades e com o próprio policial federal é muito ruim”, pontuou o presidente da Fenapef.
A reestruturação, segundo o presidente do sindicato, Marcus Firme, também poderá amenizar os efeitos negativos da reforma da Previdência na categoria. Ele pontua que houve achatamento salarial, uma vez que a alíquota aumentou de 11% para 14% e, em alguns casos, como dos delegados, para 16%.
Sobre o futuro das mobilizações, Marcus Firme informa que vai avaliar o avanço das negociações com o governo e deliberar com a categoria antes de caminhar para uma intensificação dos protestos. Os atos desta quinta-feira têm o apoio do Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo, da Fenapef, da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol).
“A Polícia Federal é o principal termômetro do combate à corrupção e à criminalidade no Brasil. E quando todos os parâmetros indicam que esse combate corre sérios riscos, a sociedade tem que fazer uma correção urgente de rota. Ao desvalorizar a instituição e os policiais federais, o governo passa a ser o principal agente de enfraquecimento da PF. A Polícia Federal não pode ser instrumento de marketing eleitoreiro. Há pouco tempo para o atual governo mudar de rumo e passar a valorizar de verdade a principal estrutura de combate à corrupção e ao crime organizado que existe no Brasil”, disse a presidente da Fenadepol, Tania Prado.
O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo (SINPF-ES), Hélio de Carvalho Freitas, que participou dos protestos na sede da PF em Vila Velha, informou que a categoria está mobilizada em todo o País: “Diante da patente inércia e recuo do Governo Federal, se tornou imprescindível a realização dessa manifestação. A categoria seguirá em estado de mobilização permanente, avaliando novos posicionamentos da Fenapef e aguardando definições sobre novos atos”.