O policial penal e presidente da Associação dos Servidores dos Inspetores Penitenciários do Espírito Santo (Assipes), Paulo Sérgio Souza Ogênio, foi preso na madrugada desta quinta-feira (14/04), na Rodovia das Paneleiras (antiga Reta do Aeroporto), em Goiabeiras, Vitória, pela acusação de desacato e por posse irregular de arma de fogo. Ogênio, que foi candidato a vereador pela Capital capixaba nas eleições de 2020 pelo Patriota, quando obteve apenas 430 votos – sendo derrotado, portanto –, estava bastante alterado, xingou policiais militares e ainda ameaçou uma cabo da PM, conforme Boletim Unificado.
Levado para a Delegacia Regional de Vitória, no bairro Horto, Ogênio assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência por desacato e foi liberado para responde processo, no Juizado Especial Criminal, em liberdade. Por volta da 1 hora, Ogênio passava com seu carro, o Kia Sportage, na Rodovia das Paneleiras quando foi abordado por policiais militares que faziam fiscalização. Pelo número da placa, os PMs constaram que o carro do policial penal estava com o último exercício licenciado de 2020. Foi constatado ainda que o veículo estava sem a placa dianteira e apresentava outras irregularidades, contrariando as normas do Código Brasileiro de Trânsito.
Ainda segundo o Boletim Unificado, Ogênio, ao ser abordado pelo soldado Paulino, se identificou como ‘agente penitenciário’ e solicitou que o militar deixasse de realizar o procedimento administrativo, alegando que “servidores públicos deveriam se ajudar mutuamente”. O PM não atendeu o pedido de Ogênio, que passou a tratar os demais policiais de “forma hostil”. O policial penal se recusou a assinar a Guia de Remoção do veículo, citando a frase: “O urubu está cagando pra cima”.
Enquanto o procedimento era adotada pelos militares, Ogênio permaneceu na pista, provocando transtorno e quase causando acidente. Ele foi, então, alertado pela cabo Bárbara sobre o perigo que corria. O policial penal respondeu com xingamentos, proferindo palavras de baixo calão. E, dirigindo-se à policial Bárbara, Ogênio disse: “Olho na bunda? Você deixa de ser abusada e para de rir igual a uma hiena”.
Insatisfeito, Ogênio disse que a cabo Bárbara estaria provocando conflitos entre as instituições. A policial respondeu que ela e seus colegas de farda estavam cumprindo o seu dever constitucional e que outros motoristas também estavam sendo abordados na blitz realizada na rodovia. Acrescentou para o policial penal que, caso ele quisesse, poderia procurar a Corregedoria Geral da Polícia Militar. Ogênio respondeu: “Corregedoria de cu é rola. Eu não vou perder meu tempo”. Depois acrescentou: “Eu não resolvo no papel”.
De acordo com o Boletim Unificado, a frase assustou a cabo Bárbara, que se sentiu amaçada. Por isso, temendo qualquer atitude imediata ou posterior do policial penal Ogênio, Bárbara chamou o sargento Pinheiro, responsável pela fiscalização dos PMs. O sargento, então, fez uma busca pessoal em Ogênio, e encontrou um revólver Taurus, calibe 38, municiado com oito balas intactas. Irritado, o policial penal voltou a xingar a cabo Bárbara. Ela, então, deu voz de prisão a Ogênio. Ele, no entanto, virou-se para a moça e disse: “Eu que te dou voz de prisão por abuso de autoridade”. Os demais policiais dominaram Ogênio e o prenderam. Não foi preciso algemar o policial penal. O carro dele foi recolhido para um pátio do Detran e a arma apreendida.
Recentemente, a Secretaria de Estrado da Justiça recolheu a pistola de uso funcional de Ogênio porque ele passou a responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), pela acusação de extorsão qualificada e ameaça.