O reajuste salarial de 5% para todos os servidores públicos federais a partir do mês de julho deste ano, anunciado na quarta-feira (13/04) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), desagradou o funcionalismo em geral e, em especial, os delegados de Polícia Federal. A decisão por um reajuste de 5% foi tomada numa reunião entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o próprio Bolsonaro no Palácio do Planalto. Presidente do maior Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do País (do afirma que “ o clima interno” na instituição policial “está insustentável.” Já a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) fala de “quebra desleal do compromisso” firmado entre o Governo Federal e a categoria.
“Estamos indignados com o tratamento desrespeitoso que o Governo está dando à Polícia Federal. Em termos claros: o clima interno está insustentável. Não se trata assim aqueles que são os sustentáculos da segurança pública do País. O discurso do Governo Federal, desta forma, é vazio, pois não valoriza as forças de segurança da União, nem a PF. Tudo demonstra que a PF não é prioridade para este Governo e que mentiras foram ditas”, disse Tania Prado, presidente do SINDPF/SP.
Em Nota Pública divulgada na manhã desta quinta-feira (14/04), a ADPF manifestou sua “total indignação e repúdio” à notícia de que “o Governo Federal não cumprirá com o compromisso firmado pelo Presidente da República de promover a reestruturação das forças policiais da União.”
“Se a informação se confirmar, haverá uma quebra desleal do compromisso que será sentida ainda mais depois das diversas perdas sofridas pelos policiais federais durante este governo, que sempre teve entre suas bandeiras a segurança pública”, diz a nota, que acrescenta: “Até o presente momento, não houve nenhuma ação concreta de respeito ao policial federal que arrisca sua vida no cumprimento do seu dever e não tem nem mesmo assegurada a pensão integral por morte aos seus familiares, além de ter tido uma redução salarial considerável com o aumento da sua contribuição à previdência.”
A ADPF, prossegue a nota, não se opõe a quaisquer reajustes aos demais servidores públicos. No entanto, “é preciso ressaltar que este Governo não está reconhecendo o sacrifício feito todos os dias pelos Policiais Federais que mesmo durante a pandemia continuaram atuando firmemente e batendo recordes de operações, ainda que com déficit de efetivo, trabalhando em constante sobreaviso, sem assistência psicológica ou sequer plano de saúde implantado.”
A Polícia Federal e os policiais federais precisam ser valorizados, diz a ADPF, “e a segurança pública tratada efetivamente como prioridade e não objeto de discursos vazios ou um slogan de campanha.” Os “Delegados Federais não aceitarão calados esse desrespeito!”, concluiu a nota da ADPF, que tem feito reuniões constantes com parlamentares, em Brasília, na luta pela valorização profissional.
A proposta do governo Bolsonaro de reajustar os salários dos servidores em 5%, a partir de julho, não foi bem recebida pelas demais diversas categorias da Esplanada dos Ministérios. Segundo sindicatos e associações, o porcentual não repõe as perdas inflacionárias do funcionalismo.